A Rússia sempre foi considerada uma potência do esporte (o país compete nos Jogos desde sua fase czarista). Principalmente quando entrou nos Jogos Olímpicos como União Soviética, o domínio do quadro de medalhas em conjunto com os Estados Unidos foi constante e durou décadas. No entanto, com o fim do regime socialista e a dissolução dos soviéticos em diversos países, o esporte russo sofreu com a falta de incentivo e a dispersão de seus técnicos.
Para Pequim, a missão russa era continuar seu suave crescimento desde Atlanta-1996 e não deixar que EUA e China se distanciem muito no quadro geral de medalhas, o que não aconteceu.
Os investimentos foram fortes no período pré-Olimpíadas. O presidente da Duma (o parlamento do país), Boris Gryzlov, anunciou que os recursos no esporte foram cerca de R$ 800 milhões e não poupou cobranças. "O Estado gastou, por isso temos de ter uma boa atuação. Necessitamos de vitórias e não apenas da participação", afirmou ele. Na estimativa do político, os russos teriam de conquistar de 30 a 40 medalhas de ouro, ficando bem acima das 27 conseguidas em Atenas, há quatro anos. O resultado final, porém, deixou a Rússia com apenas 23, seu pior desempenho desde Atlanta-96
A história de sucesso olímpico dos russos tem ligação direta com o passado soviético e a centralização do comando esportivo. Ausente dos Jogos nas décadas de 20, 30 e 40, e totalizando até então apenas oito medalhas, os soviéticos pularam diretamente para a segunda posição em Helsinque-1952, com 71 medalhas, contra 76 dos norte-americanos. Quatro anos depois, o país liderou pela primeira vez, encerrando a competição com 98 pódios, contra 74 dos Estados Unidos.
A partir daí, as duas maiores nações revezaram-se no topo. No entanto, a disputa fora do campo esportivo, com as brigas políticas e econômicas da Guerra Fria, causou dois boicotes. Em 1980, os norte-americanos se ausentaram em Moscou, momento de consagração dos soviéticos, que totalizaram 195 medalhas. Mas o troco veio em Los Angeles-1984, quando foram os soviéticos que não competiram. Depois disso, o fator mais marcante para os russos foi a dissolução da União Soviética, em 1991, gerando uma série de novos países.
Apesar de competir como integrante da C.E.I. (Comunidade dos Estados Independentes), em Barcelona-1992, contando com 12 países da antiga União Soviética, a queda já foi notável, indo de 132 medalhas em 1988 para 112. Só como Rússia, em 1996, o resultado foi ainda pior, caindo praticamente pela metade, com 63 pódios. Nos últimos dois Jogos, os russos voltaram a crescer, mas pouco. Ainda assim, conseguiram fazer frente aos Estados Unidos, mantendo-se próximos dos líderes.
Em Pequim, algumas modalidades se destacaram. As maiores forças do país ficaram concentradas na luta e no atletismo. Além disso, ciclismo, nado sincronizado e boxe também foram fontes de medalhas para a Rússia.
Multirecordista no salto com vara, Yelena melhorou ainda mais sua marca ao saltar 5,04 m, e conquistou o bicampeonato.
A força e a precisão do esporte russos são refletidos em outras atividades culturais, como a música e a dança, que projetam o país internacionalmente.
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007