A Coréia do Norte é um dos últimos bastiões do comunismo à antiga e é vizinha do país-sede olímpico de 2008, que faz tempo cedeu à economia capitalista e adotou o "socialismo de mercado". Por seu isolamento e seu programa nuclear, o país governado por Kim Jong-il (ditador que herdou o poder de seu pai, Kim Il-sung) entrou para a lista do "Eixo do Mal", criado pelo governo norte-americano de George W. Bush.
Com poucos aliados comerciais, a Coréia do Norte tem na China um parceiro estratégico. Estima-se que 80% da energia e 20% dos alimentos do país sejam procedentes do vizinho.
Havia uma possibilidade de a Coréia do Norte surpreender esportivamente em Pequim-2008. Tradicional competidor em esportes de força, o país apostava na sua seleção feminina de futebol como esperança de medalha nestas Olimpíadas, o que não se concretizou.
A surpresa no entanto veio na ginástica artística. A pequenina Un Jong Hong ganhou a medalha de ouro no salto, em sua primeira participação olímpica, batendo a veterana alemã Oksana Chusovitina, medalhista de prata, e a chinesa Fei Chang, que ficou com o bronze. Jade Barbosa participou da prova, mas foi mal nos dois saltos e terminou em sétimo lugar.
Outra mulher, Hyon Suk Pak, deu ao país a segunda medalha de ouro nestas Olimpíadas. A norte-coreana foi campeã olímpica na prova de levantamento de peso, na categoria até 63 kg. Pode-se afirmar que o sexo feminino salvou a Coréia do Norte de um desempenho pífio em 2008. De seis medalhas conquistadas em Pequim, apenas uma foi mérito masculino: o judoca Chol Min Pak, medalhista de bronze na categoria até 66 kg.
Entre as modalidades que aliam força e técnica, o país ainda conta com medalhas de outras edições dos Jogos no boxe, luta livre e levantamento de peso, além do judô. A judoca Sun Hui Kye buscava o ouro olímpico na categoria até 57 kg, mas ficou fora do pódio em Pequim, que contou com a brasileira Ketleyn Quadros como medalhista de bronze.
Sun Hui Kye havia sido medalhista de prata em Atenas-2004. Sua última conquista oficial foi o ouro no Mundial de judô, realizado no Rio em 2007.
Já o futebol feminino, que chegou com a credencial de ser a atual campeã da Ásia, não passou da primeira fase. O desafio realmente superou a capacidade do futebol norte-coreano, que de cara pegou Brasil e Alemanha, protagonistas da final olímpica, em seu grupo. Na Copa do Mundo disputada em 2007 na China, as norte-coreanas perderam nas quartas-de-final para a Alemanha, que faturou o título. O Grupo F ainda teve a seleção da Nigéria.
Ao contrário do sucesso de outros países comunistas nos Jogos Olímpicos (o maior exemplo é a URSS), a Coréia do Norte não tem muita expressão no quadro geral de medalhas, que até Pequim ocupava a 43ª posição (muito em razão da pobreza de recursos do país). Já a capitalista Coréia do Sul, que participou de seis Olimpíadas a mais, tem larga vantagem, - 215 medalhas no total, contra apenas 41 da vizinha comunista (já contabilizando os ganhos em Pequim-2008).
País formado após a Guerra da Coréia (1950-53), a Coréia do Norte conquistou uma medalha olímpica pela primeira vez em Munique-1972. Naquela competição foram três medalhas de bronze, uma de prata e uma de ouro com Li Ho-jun, no tiro de carabina deitado, que estabeleceu na época novo recorde mundial e olímpico.
A ginasta Un Jong Hong ganhou o ouro no salto em Pequim-2008, sua primeira participação em Olimpíadas
A tocha olímpica dos Jogos Olímpicos de Pequim foi a primeira na história a passar pela capital norte-coreana, Pyongyang
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007