Foi uma Olimpíada para os croatas esquecerem. Não só pela ausência de ouros, que deixou o país com a 57ª colocação no quadro geral, mas principalmente pela frustração de seus principais ídolos esportivos, que não brilharam conforme o previsto. Desde seleção masculina de handebol, campeã olímpica em Atenas-2004, até a festejada saltadora Blanka Vlasic, os croatas não tiveram o desempenho que esperavam.
Mesmo com a participação do craque Ivano Balic, eleito duas vezes o melhor jogador do ano pela Federação Internacional de Handebol (IHF), a equipe croata caiu na semifinal contra a França, que acabou levando o ouro. Na decisão do bronze, uma partida muito equilibrada contra a Espanha, os croatas não conseguiram conter o ataque espanhol e acabaram com o quarto lugar.
O pólo aquático teve um destino pouco louvável para quem já havia vencido a campeã Hungria no último Campeonato Mundial, em Melbourne-2007. Os croatas viram sua seleção masculina cair diante da pouco tradicional Montenegro nas quartas-de-final.
A grande esperança no atletismo também decepcionou. Blanka Vlasic chegou na Olimpíada com uma campanha impecável. Este ano, Blanka havia vencido todos os torneios que disputou, o que lhe conferia a primeira posição no ranking geral feminino, à frente inclusive da russa Yelena Isinbayeva, do salto com vara. No Meeting de Madri, em julho, a croata cravou sua melhor marca do ano, com 2,06 m, mas em Pequim, Blanka parou nos 2,05 m, que só alcançou no segundo salto. O que ela não contava era que a belga Tia Hellebaut também alcançaria a marca, e de primeira, o que lhe garantiu o ouro. Blanka ainda tentou quebrar o recorde mundial, saltando 2,07 m, mas errou suas três tentativas e terminou com a medalha de prata.
Mas nem tudo foi triste para os croatas. Algumas de prata e bronze parecem ganhar um brilho a mais quando o atleta em questão não estava entre os favoritos e mesmo assim, subiu ao pódio. O ginasta Filip Ude chegou discretamente na competição e só não ficou com o ouro no cavalo com alças porque havia um chinês - muito bem preparado - em seu caminho, Qin Xiao.
Uma croata foi responsável por uma baixa no taekwondo brasileiro. Martina Zubcic enfrentou Débora nunes nas quartas-de-final e acabou levando a melhor, numa virada rápida decidida no golden score. A croata perdeu a semifinal para a turca Azize Tanrikulu e ficou com o bronze ao vencer a taiwanesa Li Wen Su
Antes de 1991, quando Croácia, Sérvia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Eslovênia formavam a Iugoslávia, o país era uma verdadeira potência esportiva. Após a fragmentação, contudo, os pequenos Estados eslavos enfraqueceram esportivamente com a divisão de suas equipes. A Croácia, contudo, herdou parte da força iugoslava em esportes coletivos masculinos. Das quatro Olimpíadas disputadas como país independente, os croatas levaram a prata no basquete em Barcelona-92 (perdendo para o Dream Team norte-americano); ouro no handebol e prata no pólo-aquático em Atlanta-1996; e ouro outra vez no handebol em Sydney-2000.
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi formado o Estado Independente da Croácia, alinhado às forças do Eixo. O movimento de resistência liderado pelo Partido Comunista terminou por levar seu líder, general Tito ao governo da recém-criada Iugoslávia Democrática Federal, que unificava aqueles povos eslavos dos Bálcãs. A morte de Tito fragmentou o país e causou discórdia e guerras, principalmente entre sérvios e croatas. Atualmente, a região vive uma tranqüilidade baseada mais em tolerância que no respeito mútuo entre seus povos.
Blanka Vlasic, favorita no salto em altura, falhou na primeira tentativa dos 2,05 m e acabou ficando com o segundo lugar
Crescimento econômico recente se deve ao turismo. Com praias de pedras e águas cristalinas, o litoral tem uma das mais belas paisagens do Mediterrâneo.
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007