No século 18, o domínio da tecnologia naval e a presença do porto mais importante do planeta impulsionaram a Holanda para a aventura nos mares. A fama do país, que formou colônias em diversos pontos do planeta, inclusive no nordeste brasileiro, suscitou lendas marítimas conhecidas em todo o mundo. Uma das mais famosas é a do Holandês Voador, temido barco-fantasma comandado por piratas e condenado a vagar pelos mares por toda a eternidade.
Ao longo de sua trajetória olímpica, essa citação tornou-se um constante clichê no esporte olímpico holandês. A primeira atleta a levar tal alcunha foi Fanny Blankers-Koen. Aos 30 anos de idade e mãe de dois filhos, ela conquistou quatro medalhas de ouro em Londres-1948. Batizada de a "Dona-de-Casa Voadora", Fanny poderia ter ido mais longe não fosse uma regra da época que proibia mulheres de participar de mais de três provas individuais no atletismo. Em sua carreira, Blankers-Koen estabeleceu 16 recordes mundiais em oito provas diferentes.
A melhor participação dos holandeses em Olimpíadas, em Sydney-2000, também foi liderada por outro Holandês Voador, que lançou-se às águas em busca de ouros, e foram 12 no total do país, um recorde. O apelido caberia ao nadador Pieter van den Hoogenband, vencedor dos 100 m e 200 m livres, principal destaque nas piscinas ao lado de Inge de Brujin, ouro nos 50 m e 100 m livres e nos 100 m borboleta.
Em Pequim, no entanto, as chances da natação foram depositadas na recordista mundial nos 50 m livre Marleen Veldhuis, que encabeçou a equipe do 4 x 100 m livre, mas não conseguiu medalhas. O destaque acabou ficando com Maarten van der Weijden, da maratona aquática, que mostrou superação para ficar com o ouro. Há sete anos, seu médicos lhe deram pouca expectativa de vida para o combate de uma leucemia, mas o holandês comprovou o contrário com o título.
Em águas salgadas, a Holanda apostou nas velejadoras Marcelien De Koning e Lobke Berkhout, campeãs mundiais da classe 470 em 2007 e fortes adversárias da dupla Fernanda Oliveira e Isabel Swan. No fim das regatas, elas ficaram com a prata, logo à frente das brasileiras. Já o hóquei na grama feminino, favorito após o vice em Atenas-2004, conseguiu outro ouro.
O resultado final em relação a Atenas foi pior no aspecto geral, mas melhorou quanto às medalhas de ouro. Desta vez foram sete, três a mais que em 2004, o que impulsionou o pequeno país ao 12º lugar no quadro de medalhas. Já o total caiu de 22 para 16.
Na história olímpica, a Holanda não fica atrás das grandes potências mundiais. Mesmo tendo a menor área entre os 25 primeiros colocados, o país ocupa a 17ª posição no ranking geral de medalhas, com 71 ouros olímpicos. De fato, o desenvolvimento do esporte no país é notável, principalmente nas últimas edições dos Jogos. De Barcelona-1992 até Atenas-2004, a Holanda ganhou 81 medalhas, uma quantidade maior que a soma das dez edições anteriores.
Em um país em que existem mais bicicletas que habitantes, o ciclista Theo Bos é pentacampeão mundial e vice-campeão olímpico em Atenas.
A Holanda anunciou um investimento de US$ 1 milhão para o desenvolvimento da Kimera, a bicicleta oficial do time holandês.
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007