A Irlanda esperava fazer na China algo melhor do que ganhar uma medalha: apagar a imagem ruim que deixou na última edição das Olimpíadas. Em Atenas-2004, os irlandeses estiveram diretamente envolvidos com os brasileiros. No hipismo, Cian O'Connor conquistou o ouro, mas após seu cavalo ser flagrado no exame antidoping, teve de devolver a medalha, que acabou passando ao brasileiro Rodrigo Pessoa.
Como se não bastasse, no último dia de competições, o corredor brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima estava na liderança da prova de maratona e viu o padre irlandês Cornelius Horan, em um protesto, segurá-lo. O brasileiro acabou com o bronze na modalidade.
Terceira maior ilha da Europa, a República da Irlanda parece ser um país que vive de fases quando o assunto é Olimpíadas. Dona de 20 medalhas, a nação irlandesa teve sua fase dourada com o atletismo nos Jogos de Amsterdã-1928 e Los Angeles-1932 (três ouros), e sessenta e quatro anos depois, com a natação em Atlanta-1996 (três ouros).
Os atletas irlandeses competiam para o Reino Unido até os Jogos da Antuérpia-1920, uma vez que o país ainda se encontrava sob o domínio britânico. A independência veio em 1922, com a ilha da Irlanda sendo dividida em República da Irlanda (capital Dublin) e Irlanda do Norte (capital Belfast), que até hoje faz parte da Grã-Bretanha.
O atletismo era a modalidade destaque da Irlanda. Conquistou quatro das oito medalhas de ouro irlandesas em Olimpíadas. A fase áurea da modalidade, no entanto, acabou há tempos. A última conquista dourada da Irlanda no atletismo aconteceu em 1956, em Melbourne, Austrália. Desde então os irlandeses conseguiram mais duas medalhas neste esporte: prata com John Treacy, em Los Angeles-1984, e com Sonia O'Sullivan, em Sydney-2000.
Quando o atletismo já não fazia mais o nome da Irlanda nas Olimpíadas, outras duas modalidades conseguiram manter a nação no pódio: o boxe, bronze em 1956, 1964 e 1980 e 1992, e a natação, que mais recentemente conquistou três ouros nas Olimpíadas de Atlanta-1996.
As pretensões de medalha para Pequim foram modestas. A maior delas foi no tiro esportivo com Derek Burnett, que decepcionou. Sétimo colocado em Atenas, Burnett conquistou uma prata na Copa do Mundo da Eslovênia, em 2007 e um bronze no Campeonato Mundial do Chipre, no mesmo ano.
Sobrou para o boxe carregar o país nas costas e provar a tradição dos irlandeses país com as luvas. Depois de passar em branco em Atenas, a delegação saiu da China com três medalhas, uma prata e dois bronzes. Entre eles, Kenny Egan foi o melhor, tendo passado por um brasileiro pelo caminho. Nas quartas-de-final, Washington Silva foi derrotado pelo meio-pesado e perdeu a chance de quebrar um jejum de 40 anos do Brasil sem medalhas na modalidade.
Com o vizinho Reino Unido sediando a próxima edição das Olimpíadas, a Irlanda deve investir mais para fazer bonito nos Jogos, e da próxima vez não só em cima dos ringues.
Aos 38 anos, o atleta tentou incluir o tiro no quadro de medalhas do país, após prata e bronze no mundial. No entanto, o boxe é que trouxe medalhas.
Segundo um estudo publicado pelo jornal britânico "The Independent on Sunday", as irlandesas são as que mais consomem álcool no mundo.
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007