Distante das potências esportivas mundiais, o Marrocos mantém a tradição africana de berço de excelentes corredores de média e longa distância. Sem exagero, das 19 medalhas conquistadas pelo país na sua trajetória nos Jogos Olímpicos, 16 delas vieram das pistas de atletismo. Entretanto, o maior vencedor da história do Marrocos, o campeão olímpico dos 1.500 m Hicham El Guerrouj, conhecido como o “Rei da Milha”, aposentou-se em 2006, e deixa órfã a delegação que encabeçou desde Atlanta-1996.
El Guerrouj dominou os Mundiais de 1997 a 2003, vencendo os 1.500 m quatro vezes seguidas. Sua carreira olímpica, entretanto, foi escrita em tons mais dramáticos. Em Atlanta-1996, El Guerrouj, então aos 22 anos, surpreendeu o mundo ao liderar sua principal prova até a última volta, quando tropeçou nas pernas do segundo colocado e caiu.
Quatro anos mais tarde, o marroquino chegou a Sydney como recordista mundial dos 1.500 m. Na grande final, contudo, ele foi superado pelo queniano Noah Ngeny e teve que se contentar com a prata. A redenção só viria em Atenas-2004, quando Guerrouj venceu não apenas os 1.500 m, mas também os 5.000 m, quatro dias depois. Foi a primeira vez que um atleta conseguiu vencer as duas provas na mesma edição dos Jogos desde Paavo Nurmi, o lendário fundista finlandês da década de 20.
Sem um substituto à altura para seu rei, o Marrocos teve na figura de uma mulher sua maior esperança. Hasna Benhassi, vice-campeã mundial em Helsinque-2005 e vice-olímpica nos 800 m em Atenas-2004, é a maior corredora do país e conquistou a medalha de bronze em sua prova. Benhassi tem a quem puxar. Em Los Angeles-1984, o mundo se rendeu à agilidade de Nawal El Moutawakel, que venceu os 400 m com barreiras e tornou-se a primeira mulher de um país islâmico a ganhar uma medalha olímpica.
Além disso, o melhor resultado marroquino em 2008 foi com a prata de Jaouad Gharib. Na maratona masculina, o fundista fez uma grande prova e suportou as dores dos mais de 42 km de percurso para chegar em segundo, atrás do queniano Samuel Wansiru. Mesmo assim, esta foi a pior campanha do país desde Atlanta-1996, quando foram conquistados dois bronzes, com o mesmo total de medalhas de Pequim.
Com uma localização geográfica privilegiada, em um dos lados do estreito de Gibraltar e a 15 km da Europa, o Marrocos está na porta de entrada para o mar Mediterrâneo. Com tamanha importância geopolítica, o país foi objeto de desavenças históricas entre potências européias. Primeiramente espanhóis e portugueses e, no século 19, firmou-se o domínio francês sobre esta colônia após acordo com os ingleses. A independência viria somente anos após a Segunda Guerra Mundial, em 1956, e quatro anos depois o país daria início à sua história olímpica.
Capitão da delegação nacional de taekwondo, Abdelkader Zrouri deu seus primeiros golpes ainda criança, aos nove anos de idade.
Em 2002, Hasna Benhassi, que significa "encantadora", deixou o esporte para ser mãe. Ela deu à luz a Farah, que significa "alegria" em árabe.
* Dados: The World Factbook - CIA
** Dados extraídos da avaliação do Pnud-2007