UOL Olimpíadas 2008 Atletas Brasileiros
 

Atletismo

AP
Lenílson (e), veterano do 4 x 100m, ficou em quarto

Vicente Lenílson

"Tenho mais de 12 anos de revezamento nas costas, então eu já tenho a manha de entregar o bastão na frente"

Data de nascimento
04/06/1977
Local de nascimento
Currais Novos (RN)
Residência
Presidente Prudente(SP)
Peso e altura
58 kg / 1,69 m
Provas
100 m rasos e 4 x 100 m
Participação em Pequim
2ª fase dos 100 m - 27º; Final dos 4 x 100 m - 4º

Após a conquista da medalha de ouro que consagrou o revezamento brasileiro do 4 x 100 m, tricampeão dos Jogos Pan-Americanos, Vicente Lenílson resumiu sua expectativa para o ano olímpico que viria: "Vou para as Olimpíadas nem que seja como roupeiro da equipe." A classificação para a terceira edição dos Jogos de sua carreira, no entanto, veio sem que o corredor precisasse travar qualquer disputa com adversários. Já com os 10s14 obtidos em La Paz em junho de 2007 (o índice A é 10s21), antes mesmo do torneio continental, sua vaga para competir na China estaria guardada.

Chegando à China, Lenílson não conseguiu passar da segunda fase de sua prova individual. Passou pela primeira eliminatória com o 15º tempo, mas, na segunda oportunidade, foi apenas o sétimo de sua bateria (correu próximo a Asafa Powell). Com isso, pôde se dedicar à especialidade brasileira: o revezamento. Mais uma vez, o Brasil se deu bem. A princípio, o quarteto suou para passar à final. Foram apenas sétimos e contaram com a falha dos Estados Unidos, que derrubaram o bastão. Além disso, o velocista foi trocado de posição no time após lesão de Rafael Ribeiro.

Nem isso foi capaz de tirar a tradição brasileira. Na final, o quarteto viu a Jamaica bater o recorde mundial, mas fez outra bela apresentação. A equipe teve o quarto tempo, apenas 0s09 atrás dos japoneses e, assim, fora do pódio. "Estamos de parabéns pelo nosso tempo. Brasil, desculpem por não conseguirmos a medalha, mas nós entramos para vencer", disse ele, sem esconder uma pontada de tristeza. Mesmo assim, já garantiu antes mesmo de embarcar a Pequim: corre em Londres-2012 e vai tentar trazer mais uma medalha para o país.

Para o Pan do Rio, em 2007, Lenílson também nem precisou competir para ficar com a vaga nos 100 m rasos. Líder do ranking brasileiro e vice-líder nos 200 m, acompanhou da arquibancada do estádio do Ibirapuera o desempenho dos adversários na última seletiva. Todos foram mais lentos do que ele no Troféu Brasil e, com isso, o velocista não teve seu lugar na delegação ameaçado.

O ex-mecânico de motocicletas de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, começou a correr por acaso: depois de perder o emprego, foi tentar a vida no futebol, mas gostou mais da pista de atletismo que cercava o campo do Potiguar.

Em mais de dez anos de carreira, Vicente acumula, entre outras medalhas, a de prata, conquistada nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, resultado mais expressivo do revezamento brasileiro em Olimpíadas. Nem mesmo a conquista, contudo, o livrou do calote do Vasco, clube que tinha defendido. "Fiquei sem dinheiro para vitaminas, para treinar, até para transporte", lembra.

Pela equipe de Presidente Prudente, que formou a base do revezamento da atual década, Vicente integraria ainda o quarteto vice-campeão mundial em Paris-2003 e campeão Pan-Americano no mesmo ano, em Santo Domingo-2003. No ano seguinte, porém, com o mesmo quarteto, Lenílson fracassou em repetir uma boa colocação, e o Brasil amargou a oitava colocação na final do 4 x 100 m das Olimpíadas de Atenas. Individualmente, o corredor foi o 16º nos 100 m rasos.

Este ano, Lenílson disputou o Mundial indoor em Valência, na Espanha, e obteve o quinto lugar nos 60 m rasos. Nas eliminatórias, anotou 6s58, recorde sul-americano indoor da distância. A marca superou um feito que ele mesmo detinha, 6s60 do Mundial de Moscou-2006, que dividia com Robson Caetano.

>