Foi preciso usar a força bruta. Mas nesta segunda-feira, o décimo dia dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, o Brasil voltou a subir no quadro de medalhas. No braço, Arthur Zanetti se tornou o primeiro campeão olímpico da ginástica brasileira. Na porrada, Adriana Araújo e Esquiva Falcão garantiram os primeiros pódios do boxe nacional em 44 anos. E na pancada, também, Alison, apelidado de "Mamute", e seu parceiro Emanuel se classificaram para semifinal do vôlei de praia.

O primeiro a medalhar no dia da força bruta foi Arthur Zanetti. Tudo bem que ele foi descoberto em um inocente pega-pega, pinçado por sua agilidade. Mas ele só virou uma estrela olímpica porque é forte. Muito forte. A prova das argolas, que deu o primeiro ouro para a ginástica latino americana, não é para qualquer um. “Eu sempre fui forte. Quando fazíamos disputa de flexão na seleção, eu nunca perdia”, explica. Mesmo entre os ginastas, são poucos os que tem poder muscular suficiente para executar os movimentos exigidos.

Os outros dois brasileiros que garantiram pódio nesta segunda-feira ainda não sabem a cor de suas medalhas. Mas sabem que o que os levou à glória olímpica foram as porradas. No boxe, que não sabia o que era chegar a uma semifinal nos Jogos desde Servílio de Oliveira em 1968. O roteiro de Esquiva Falcão foi muito parecido com o do veterano. Venceu duas lutas, está na semifinal. Mesmo se perder o próximo combate, já vai ao pódio, será bronze nos 75 kg.

A medalha de Adriana Araújo é um capítulo a parte. Esta é a primeira edição dos Jogos em que o boxe, o mais masculino dos esportes, aceita mulheres em sua versão olímpica. A modalidade foi um feudo masculino desde 1904. Nessa jornada inédita, o Brasil mandou três pioneiras para o ringue londrino. Duas perderam. Uma resistiu. Baiana, Adriana aperfeiçoou seus sopapos com o campeão do UFC Junior Cigano. Nenhuma surpresa, então, chegar à semifinal dos 60 kg na porrada.

No caso de Alison e Emanuel, a medalha ainda não veio. Mas os dois só seguem vivos na Olimpíada de Londres porque, na pancada (ou você acha que um saque a 90 km/h, como os de Alison, são fracos?), foram melhores do que a dupla polonesa. Os dois tiveram um jogo dramático nas quartas de final. Quase perderam para Fijalek e Prudel, mas quando a decisão se aproximou, a experiência de Emanuel, 24 jogos em Olimpíadas, um recorde, fez diferença e colocou os brasileiros na semifinal.