Zanetti dá show nas argolas, é ouro e fatura 1º pódio olímpico da ginástica brasileira
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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Phil Walter/Getty Images
Arthur Zanetti exibe bandeira do Brasil depois de ganhar o ouro nas argolas nos Jogos de Londres
Arthur Zanetti, de 22 anos, finalmente colocou o Brasil no mapa da ginástica artística em Olimpíadas. Com uma apresentação quase perfeita, o atleta paulista somou 15.900 pontos na final das argolas desta segunda-feira em Londres, bateu o favorito chinês Yibing Chen e conquistou o ouro, a primeira medalha da história do país nesta modalidade em Jogos Olímpicos.
"Quando saiu o ouro eu só abracei meu técnico e dei um sorriso enorme. Estamos bem satisfeitos com o trabalho de muitos anos. Para 2016, o objetivo é treinar toda a equipe e aí termos chances de novas medalhas", comemorou Zanetti.
O triunfo veio da forma mais emocionante possível. Arthur foi o último a competir na North Greenwich Arena, sede da ginástica que recebeu bom público, mas não esteve lotada. Desde o começo, tinha a pressão de superar os 15.800 do chinês, atual campeão olímpico do aparelho e grande favorito à conquista. A final ainda tinha outros grandes competidores, que faziam notas altas atrás de notas altas. Ainda assim, o brasileiro levou o ouro, deixando a prata para o chinês e o bronze para o italiano Matteo Morandi (15,733).
O que surpreendeu foi o aumento na dificuldade da série. Nas eliminatórias, ele marcou 15.616, ainda longe de sua melhor apresentação da carreira, os 15.925 que conseguiu no início de junho. "Os dois primeiros elementos que eu faço são os de grande dificuldade, por isto começo com eles e também faço duas maltezas (ficar com o corpo na horizontal com os braços esticados segurando as argolas) que tem o valor F, que é o grau de maior dificuldade nas argolas. O diferencial não está na dificuldade da série pois quase todos tem a mesma nota de partida, o diferencial é a execução dos movimentos", explicou.
Antes de Arthur, os brasileiros que haviam chegado mais perto do triunfo olímpico foram Daiane dos Santos e Diego Hypolito, que falharam quando eram favoritos no solo em 2004 e 2008, respectivamente. Agora, com o ouro nas argolas, o esporte chega a outro patamar no Brasil.
"A ginástica masculina vem ganhando seu espaço de maneira contínua e, o que é mais importante, sólida e consistente. Chegamos muito perto de classificar uma equipe completa para Londres. Conseguimos classificar, pela primeira vez na história, três atletas para os Jogos. Acredito que o reconhecimento do masculino tem crescido bastante, mas que ainda temos muito potencial para evoluir", falou.
A medalha é o mais importante, mas não o primeiro grande feito da carreira de Arthur Zanetti. Paulista de São Caetano do Sul, ele já havia conquistado a prata nas argolas no Mundial de ginástica do ano passado, quando perdeu justamente para Yibing Chen. Na época, ele já tinha o mérito de ter sido o primeiro brasileiro a conseguir um resultado desse nível nas argolas, considerado um dos aparelhos mais difíceis entre os homens e de pouca tradição no país.