Técnico de Zanetti admite "jogo escondido" nas eliminatórias e blindagem ao atleta
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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REUTERS/Brian Snyder
Arthur Zanetti comemorou a medalha de ouro exibindo a bandeira do Brasil
O primeiro medalhista da história da ginástica artística do Brasil escondeu deliberadamente o jogo nas eliminatórias dos Jogos Olímpicos de Londres. Nesta segunda-feira, logo após Arthur Zanetti ganhar o ouro nas argolas, o técnico do atleta, Marcos Goto, revelou a estratégia que levou o pupilo ao topo do pódio: uma série mais fraca na fase preliminar para surpreender na hora decisiva.
BRASIL CONQUISTA OURO INÉDITO NA GINÁSTICA:
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Arthur Zanetti, de 22 anos, finalmente colocou o Brasil no mapa da ginástica artística em Olimpíadas. Com uma apresentação quase perfeita, o atleta paulista somou 15.900 pontos na final das argolas desta segunda-feira em Londres, bateu o favorito chinês Yibing Chen e conquistou o ouro, a primeira medalha da história do país nesta modalidade em Jogos Olímpicos.
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A ideia de não mostrar suas armas logo de cara tinha como objetivo evitar o primeiro lugar nas eliminatórias. Se passasse à frente dos rivais, Arthur Zanetti seria o primeiro a se apresentar nesta segunda-feira, com uma pressão maior que a esperada. Por isso, Goto decidiu retirar um elemento da série do pupilo, que terminou em quarto e competiu por último na final.
“Nós descomplicamos. A prova dele é essa que ele apresentou hoje [segunda]. É uma série que ele treina desde março, e nós sabíamos que ele teria condições de fazer bem”, disse o treinador, referindo-se ao 15.900 que deu o ouro a Zanetti, apesar de uma saída falha. “Se ele tivesse cravado, acho que tiraríamos 16 e pouco”, completou.
"Me sinto bem satisfeito por todo mundo. A gente fez a série mais básica na eliminatória para não ser o primeiro a competir hoje. Eu já vinha trabalhando essa série há um tempo", observou Zanetti.
Além da série mais fraca nas eliminatórias, o treinador fez uma blindagem em Zanetti. Goto conta que o atleta manteve o ritmo de treinamentos durante a semana e que só pôde ver a família, que está em Londres, duas vezes. “Aqui a gente tem regras. Só saiu duas vezes e teve um dia de folga”, disse o técnico aos risos.
Com a medalha no peito, Zanetti quer extravasar, mas sem grandes exageros. “Acho que o que eu quero é chegar na Vila hoje e comer um hambúrguer”, disse o ginasta.
A vitória na prova fez com que o Brasil finalmente aparecesse no quadro de medalhas da ginástica na Olimpíada. Além disso, o ouro de Zanetti foi a primeira conquista de um atleta da América Latina na competição.
A participação brasileira em Londres ainda teve o bom resultado de Sergio Sasaki no individual geral. Ele terminou em 10º lugar na classificação geral, o melhor resultado de um brasileiro na história da prova.