Ouro de Zanetti é celebrado com festa em academia e choro isolado de amigo ginasta

Paula Almeida

Do UOL, em São Paulo

  • Flávio Florido/UOL e Hugo Lopes de Oliveira/UOL

    Arthur Zanetti ganha o ouro em Londres, e seus colegas de academia comemoram em São Caetano

    Arthur Zanetti ganha o ouro em Londres, e seus colegas de academia comemoram em São Caetano

Onde você estava por volta das 10h20 da manhã desta segunda-feira, quando Arthur Zanetti conquistou o segundo ouro do Brasil em Londres e a primeira medalha olímpica do país na história da modalidade? Cerca de 50 pessoas estavam reunidas em uma academia em São Caetano do Sul vibrando com o sucesso de seu aluno mais prodigioso. Já o melhor amigo do paulista, também ginasta, estava sozinho em um alojamento, chorando sozinho com o sucesso do parceiro de anos.

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A sessão matutina de treinos da academia Agith, onde Zanetti treina diariamente, foi interrompida cerca de meia hora antes de a final de argolas começar bem longe dali, na North Greenwich Arena, em Londres. Crianças e adolescentes entre 8 e 15 anos, professores e outros profissionais da Associação de Ginástica di Thiene pararam pra ver o desempenho de Zanetti pela TV.

“Nós estávamos reunidos, assistindo bem atentos. Paramos meia hora mais ou menos antes para todo mundo assistir. Foi muito choro, sorriso, grito, vibração”, contou ao UOL Esporte Hugo Lopes de Oliveira, um dos técnicos da academia e assistente de Marcos Goto, treinador principal de Zanetti.

“O Marcos fez uma programação de treino que ele seguiu legal. O Arthur é muito esforçado, dedicado, estava com esse objetivo de chegar à final e estar na disputa pela medalha”, relatou Hugo. “Foi toda uma preparação. Eu e o Marcelo [Soares de Araújo, também técnico] ajudamos, a equipe toda multidisciplinar também, secretaria, todos. Foi um trabalho de equipe”.

Quem também acompanhou de perto a preparação de Arthur Zanetti foi Francisco Barretto Júnior. Chico, como é conhecido o ginasta de Ribeirão Preto, treina com o medalhista olímpico tanto na academia paulista quanto na seleção brasileira. Sem viajar para Londres, onde a equipe masculina do país contou com apenas três atletas, Chico assistiu ao ouro do amigo sozinho, no alojamento em que mora em São Caetano.

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“Eu preferi ficar aqui quietinho, torcendo com os dedos cruzados. Moro com outros ginastas, mas fiquei sozinho. Chorei muito aqui, ainda estou sem palavras pra explicar”, detalhou o ginasta de 22 anos. “Tudo que o Brasil queria era uma medalha, e como foi ouro, superou as expectativas”.

Chico treina com Arthur, faz faculdade de Educação Física com ele, estuda inglês com ele, é amigo dele, dos pais e da noiva de Zanetti. Com a intimidade adquirida em quase 10 anos de amizade, ele percebeu que, para o novo campeão, não bastaria apenas ganhar uma medalha. Ele queria, antes de tudo, superar o chinês Yibing Chen, de quem havia perdido no Mundial 2011.

“Ele sempre sonhou em ganhar uma medalha e em ganhar do chinês, porque ele sempre foi de se superar e não se acomodar com o segundo lugar”, revelou Chico, que só se preocupou uma vez durante a prova com a possibilidade de o ouro não ser alcançado. “A gente estava treinando com a saída cravada. Falei que se ele cravasse, ele ganharia. Quando ele deu o passinho na saída, fiquei preocupado. E como o chinês vem desde 2008 sendo campeão, ele já tem um nome muito forte. Então o Arthur teria que ser muito perfeito pra ganhar, e conseguiu”.

Chico Barretto espera que a medalha conquistada pelo amigo ajude a mudar a lenta evolução da ginástica artística no Brasil. "Eu achei perfeito demais. A gente tem que agradecer o Arthur pelo esforço, pela dedicação que tem que ter. Tem que agradecer o Marcos também, por acreditar que ele poderia chegar nesse nível, acreditar que o Brasil tem chance. Com essa medalha, acredito que o Brasil vai enxergar a ginástica com outros olhos e acreditar nos ginastas que estão por vir. E incentivar mais a estrutura, a aparelhagem que é necessária", analisou.

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