União Soviética compensa boicote liderado pelos Estados Unidos com supremacia e pompa

A Olimpíada de Moscou tinha tudo para ser grandiosa.

Desde 1974, quando a escolha foi anunciada, a capital russa preparou-se para apresentar ao mundo uma Olimpíada para a glória do regime comunista. Mas, no ano olímpico, as diferenças políticas levaram a um boicote majoritário, que transformou e esvaziou o torneio.

A invasão das forças soviéticas ao Afeganistão em dezembro de 1979 fez o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, anunciar um boicote aos Jogos. No total, 61 países aderiram ao apelo dos EUA. Com isso, competições aguardadas como basquete, atletismo e natação perderam o brilho.
 
Somente 80 países, o menor número desde 1956, estiveram presentes (foram 5.179 atletas, 4.064 homens e 1.115 mulheres). Outros, como Reino Unido, França, Itália, Austrália, Suécia e Holanda preservaram o espírito olímpico com ressalvas. A bandeira olímpica foi o estandarte utilizado por 16 delegações. Na cerimônia das medalhas, alguns países também optaram pela bandeira e o hino do COI.
 
Para compensar, os gastos ultrapassaram US$ 9 bilhões. A cerimônia de abertura no estádio Lênin teve 102 mil espectadores, pirâmides humanas e a mascote Misha, um ursinho que ficou famoso. Sem seus principais adversários, a União Soviética dominou com folga o quadro de medalhas.
 
Brasil é ouro após 24 anos
 
Com a maior delegação da história até então, 109 atletas, o Brasil foi favorecido por tantas ausências e teve o seu melhor desempenho em Olimpíadas desde sua estreia, em 1920, em Antuérpia. Com duas medalhas de ouro e duas de bronze, o país terminou em 17° no quadro geral de medalhas.
 
Após 24 anos, os brasileiros finalmente voltaram a ganhar o ouro olímpico. E, pela primeira vez, em dose dupla. Na vela, Alexandre Welter e Lars Bjorkstrom ficaram em primeiro lugar na classe Tornado, e Marcos Pinto Rizzo Soares e Eduardo Penido venceram na classe 470.
 
No atletismo, o Brasil ganhou um bronze com João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. O saltador, que já tinha levado o bronze em 1976, obteve a sexta medalha nacional no salto triplo em Jogos Olímpicos.
 
Essa foi a última participação de João do Pulo em Olimpíadas. No ano seguinte, o atleta teve a perna direita amputada após um acidente automobilístico. Em maio de 1999, João do Pulo morreu de infecção generalizada.
 
Outra medalha de bronze conquistada pelo Brasil em Moscou-1980 saiu na natação, com a equipe do revezamento 4 x 200 m livre. O quarteto formado por Jorge Fernandes, Marcus Mattioli, Ciro Delgado e Djan Madruga completou a prova em 7min30s10.
 
No basquete, o Brasil acabou favorecido pelo boicote dos países capitalistas. Mesmo eliminada no Pré-Olímpico, a seleção masculina foi convidada a participar dos Jogos e terminou na quinta colocação.
Classificação de 1980
  País Ouro Prata Bronze  
União Soviética 80 69 46 195
Alemanha Oriental 47 37 42 126
Bulgária 8 16 17 41
Cuba 8 7 5 20
Itália 8 3 4 15
Hungria 7 10 15 32
Romênia 6 6 13 25
França 6 5 3 14
Reino Unido 5 7 9 21
10º Polônia 3 14 15 32
11º Suécia 3 3 6 12
12º Finlândia 3 1 4 8
13º Tchecoslováquia 2 3 9 14
14º Iugoslávia 2 3 4 9
15º Austrália 2 2 5 9
16º Dinamarca 2 1 2 5
17º Brasil 2 0 2 4
Etiópia 2 0 2 4
19º Suíça 2 0 0 2
20º Espanha 1 3 2 6
21º Áustria 1 2 1 4
22º Grécia 1 0 2 3
23º Bélgica 1 0 0 1
Índia 1 0 0 1
Zimbábue 1 0 0 1
26º Coréia do Norte 0 3 2 5
27º Mongólia 0 2 2 4
28º Tanzânia 0 2 0 2
29º México 0 1 3 4
30º Holanda 0 1 2 3
31º Irlanda 0 1 1 2
32º Uganda 0 1 0 1
Venezuela 0 1 0 1
34º Jamaica 0 0 3 3
35º Guiana 0 0 1 1
Líbano 0 0 1 1
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Ficha

Países participantes
80
Número de modalidades
21
Número de atletas
5.179 (4.064 homens, 1.115 mulheres)
Participação do Brasil
17º lugar
Data de abertura
19 de Julho de 1980
Data de encerramento
03 de Agosto de 1980
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