Após atuação ruim, brasileiro culpa cavalo, vento e reclama de falta de apoio no hipismo

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • Washington Alves/AGIF/COB

    Para Reynoso, vento não estava a favor do Brasil: "atrapalhou lá [no atletismo] e aqui"

    Para Reynoso, vento não estava a favor do Brasil: "atrapalhou lá [no atletismo] e aqui"

Jose Roberto Reynoso não fez um péssimo percurso na final por equipes do salto, nesta segunda-feira. A montaria do cavaleiro teve problemas e cometeu diversas faltas, prejudicando de forma decisiva o desempenho geral do time brasileiro. Eliminado também da prova individual, Reynoso fez diversas queixas ao clima em Londres e à estrutura do hipismo no país.

Pouco antes do momento de realizar seu percurso, o cavalo Maestro St Lois teve que trocar suas ferraduras emergencialmente, fato que atrapalhou o desempenho do conjunto. “Isso [a troca das ferraduras] sem dúvida desestabilizou a confiança do cavalo. Pode ter tirado ele do ponto”, afirmou o atleta, que descreveu sua montaria como “forte, bruto, mas delicado”.

Questionado se também ficou com sua confiança abalada pelo imprevisto, Reynoso disse que não. “Eu sou guerreiro. Se você quiser, volto lá de novo e dou o melhor. Não abaixo a cabeça, não”, disse o cavaleiro que foi o pior entre os 45 conjuntos individuais, com 50 pontos em faltas, a marca mais negativa registrada no local.

Para Reynoso, o hipismo brasileiro precisa de mais apoio “Falta patrocínio, falta incentivo dos proprietários de cavalos. A gente até tem incentivo, mas poderia ter mais. A Europa está dois degraus na frente. No Brasil, o esporte não é divulgado. Aqui [na Europa] a cultura é voltada para o cavalo, lá [no Brasil] é voltada para criar cachorro em casa”, apontou.

Outro fator que atrapalhou o desempenho do conjunto brasileiro foi a condição climática, em especial o vento, que dias antes incomodou também Fabiana Murer no salto com vara. “Até o vento atrapalhou. Os ventos não estavam a nosso favor. Não ajudaram lá [no atletismo] nem aqui [no hipismo].

O desempenho ruim de Reynoso foi decisivo para a desclassificação brasileira. Ele é o único da equipe que treina no Brasil e participou pela primeira vez de uma edição de Jogos Olímpicos.

Era visível o desapontamento entre os cavaleiros brasileiros com a performance. Técnico da equipe e competidor, Rodrigo Pessoa mostrou frustração com o resultado de Reynoso, mas tentou evitar críticas.

“Foram dez a 15 minutos para esquentar o cavalo de novo e isso é uma coisa que perturba. Com certeza isso perturbou a cabeça dele pra entrar, mas faz parte do jogo. Era uma grande possibilidade, mas foi a primeira vez que ele saiu do Brasil para competir, primeira vez que ele participa de uma Olimpíada. Fica como lição para a próxima vez”, falou.

“Não posso de maneira nenhuma colocar a culpa nele. Infelizmente ele é o único competidor que com seu resultado não conseguiu ir para a final”, continuou.

Os brasileiros também estiveram em desvantagem na competição desta segunda-feira porque competiram com apenas três conjuntos, enquanto a maioria dos outros países tiveram quatro conjuntos, o que permite descartar a pontuação mais desfavorável. O Canadá também teve apenas três conjuntos.

Carlos Eduardo Ribas, o Cacá, não competiu pela equipe brasileira por uma lesão no tendão de seu cavalo, Wilexo. Por isso, o Brasil não teve direito a um descarte nesta segunda. O resultado dos três competidores teve que ser considerado.

Na próxima quarta-feira, Rodrigo Pessoa e Doda voltam a competir no hipismo, dessa vez na disputa do salto individual.

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