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Atletismo

Marily dos Santos

"Estava muito frio para mim, preferia um clima um pouco mais quente, mas ainda assim me senti bem para terminar a prova"

Data de nascimento
05/02/1978
Local de nascimento
Joaquim Gomes (AL)
Residência
São Paulo (SP)
Peso e altura
47 kg / 1,56 m
Prova
Maratona
Participação em Pequim
51º lugar

Depois de dias de calor em Pequim, o frio foi uma surpresa negativa para a alagoana Marily dos Santos, estreante nos Jogos Olímpicos. Com o adversário extra, ela chegou na 51ª colocação (2h38min10) da maratona, disputada nas ruas da capital chinesa, em prova vencida pela romena Constantina Tomescu, com o tempo de 2h26min44.

Tomescu, de 38 anos, se isolou na liderança e cruzou com tranquilidade, seguida pela queniana Catherine Ndereba (2h27min06) e a chinesa Chunxiu Zhou (2h27min07), respectivamente. Já a britânica Paula Radcliffe, recordista mundial da prova (2h15min25), ficou para trás durante o percurso e não se recuperou a ponto de disputar medalha.

Na busca pela classificação para Pequim-2008, Marily foi a primeira brasileira a conquistar o índice A na maratona feminina. Ela ganhou a Maratona de Santa Catarina com a marca de 2h36min21, tempo inferior ao índice A olímpico (2h37min00).

A atleta já tinha obtido o índice B, em Padova (Itália), em abril de 2007. Outras duas brasileiras com a marca B, Marizete Moreira dos Santos e Sirlene Pinho, ainda tentaram conseguir o índice A pelas duas outras vagas, mas não tiveram êxito.

De acordo com as normas de classificação da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), seriam convocadas para as Olimpíadas as três melhores atletas que conseguissem superar o índice A, sendo Marily a única a conseguir a marca.

Marily dos Santos começou a correr logo aos 12 anos, quando ainda era trabalhadora rural em Joaquim Gomes, pequeno município a 70 km de Maceió. Ainda menina, vendia a colheita de abacaxi da família em uma cidade vizinha. A volta para casa Marily fazia correndo. "Eram mais ou menos 4 km de distância. Eu ia correndo e chegava antes dos cavalos. Sempre que precisava levar recado, eu também ia correndo, não esperava carona", lembra a corredora.

Incentivada por um primo, Marily fez sua primeira competição aos 18 anos em Maceió, e terminou em quarto lugar. No ano seguinte, na Corrida dos Carteiros, novamente em Maceió, Marily voltou a correr, e foi vice-campeã. Sem o apoio do pai, que não aprovava a idéia da filha ser atleta, ela mudou-se para a Bahia, onde conheceu o treinador e atual marido, Gilmário Mendes.

"Eu não pensava em ser atleta, mas quando meu primo me incentivou, não desisti mais. Com o esporte, posso viajar para onde quero, e aprendi muita coisa que nem sabia como era", conta Marily, que já comprou uma casa para os pais perto de Salvador para matar a saudade. A rotina da alagoense inclui cerca de 100 km de corrida por semana, treinos de tiros de velocidade e musculação. Além do técnico, Marily tem o apoio de um médico e um fisioterapeuta.

Para a atleta, conviver com o marido também não foi tarefa fácil. "No começo foi um pouco difícil, porque misturávamos um pouco as coisas. Mas pista é uma coisa, e casa é outra. Ele me dá bronca e dicas, como às outras atletas. Não enjoamos de estar juntos", afirma Marily.