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Atletismo

Jadel Gregório

"Eu trabalhei o ano todo, me sacrifiquei, mas não sei o que aconteceu. Não foi o que eu esperava, nem o que o Brasil esperava"

Data de nascimento
16/09/1980
Local de nascimento
Jandaia do Sul (PR)
Residência
Gateshead (Inglaterra)
Peso e altura
104 kg / 2,02 m
Prova
Salto triplo
Participação em Pequim
Final - 6º

Como em Atenas-2004, Jadel Gregório não conseguiu. Quinto colocado há quatro anos, o triplista tentou sua redenção nos Jogos de Pequim, em busca de sua primeira medalha. Mas o esforço acabou sendo em vão. Depois de se classificar apenas na nona colocação, o atleta pouco conseguiu melhorar na final. Acabou tendo 17,20 m como seu melhor salto, 70 centímetros menos do que detém como recorde sul-americano e melhor marca entre seus adversários atualmente.

Jadel não conseguiu saltar com segurança. A potência e a velocidade na corrida também ficaram para trás. O vice-campeão mundial acabou vendo seu algoz em Osaka-2007 conquistar o ouro e ficou apenas na sexta posição. Nélson Évora fez 17,67 m em seu quarto salto e comemorou a vitória para Portugal.

“Não foi o que eu esperava e não foi o que o Brasil esperava. Eu trabalhei o ano todo, me sacrifiquei, mas não sei o que aconteceu”, lamentou. No entanto, ressaltou que aos 27 anos ainda tem muito a fazer. "O Jadel ainda é novo."

O paranaense de Jandaia do Sul ficou em evidência no cenário esportivo brasileiro e mundial desde 2002, quando saltou 17,11 m no meeting de Lausanne, na Suíça. Desde então, pode ser considerado um velho conhecido da torcida verde-amarela.

Há seis anos, o triplista conquista bons resultados no cenário mundial e chegou, pela segunda vez consecutiva, credenciado para a medalha olímpica, mesmo tendo uma carga menor de pressão nas costas se comparado à edição de Atenas.

Em 2008, seu companheiro de modalidade Jefferson Sabino chegou como o líder do ranking nacional e desafiou a hegemonia de Jadel no Brasil e na América do Sul. No ano passado, na preparação para os Jogos Pan-Americanos do Rio, a história foi outra. Depois de se mudar para a Inglaterra, o triplista estava nos noticiários com a surpreendente marca de 17,90 m, quebrando o recorde sul-americano que pertencia a João do Pulo desde 1975 (o recorde mundial é do britânico Jonathan Edwards, que em 7 de agosto de 1995 saltou 18,29 m).

Jadel ratificou a boa fase com o ouro no Pan, quando atingiu 17,27 m. Com o histórico, o brasileiro começou a vislumbrar a disputa pelo recorde mundial. "A tendência é manter essa média de 17,80 m, 17,90 m, e aí aumentar. A segunda etapa é chegar aos 18 m, depois 18,10 m, 18,20 m", afirmava, confiante.

A pressão de favorito vem desde 2003, com a conquista da prata no Pan de Santo Domingo e a sensível melhora de seu desempenho, saltando 17,72 m no Troféu Brasil, marca que fez com que chegasse à Olimpíada de Atenas, em 2004, como uma das esperanças brasileiras. Seu desempenho, porém, na Grécia foi muito abaixo do esperado, saltando apenas 17,31 m e o quinto lugar acabou por decepcionar a torcida brasileira.

Pouco antes de embarcar para Pequim, ele se mostrou animado e melhor que quatro anos atrás. "Hoje treino mais e estou mais bem preparado. Sou mais forte física e mentalmente", disse. "Tenho muita lenha para queimar. O Jadel está evoluindo. Ainda não cheguei ao auge", disse, usando até a terceira pessoa para se referir a si mesmo.

Para o atleta, que este ano decidiu fazer uma turnê mais brasileira, inclusive fechando acordo com um clube paulistano para treinar, alcançar os rivais que estão à frente no ano não é uma meta. "O importante sou eu. Dou o melhor de mim e procuro não pensar nos meus concorrentes. Não me importo em saber como eles estão", declarou.

Nascido em Jandaia do Sul (PR), Jadel, desde cedo, radicou-se em Marília, no interior paulista. Nesta cidade ficou até completar a adolescência, quando veio treinar no Projeto Futuro, no Ibirapuera. Foi a orientação do técnico Nélio Moura que o levou a optar pelo salto triplo como prova principal, em detrimento do salto em altura.

Fã de basquete, por causa da grande estatura, ele é visto, agora que está mais no Brasil, nas quadras de parques paulistanos. "Jogo por hobby. Não tem nada a ver com o meu treinamento, é por lazer mesmo. Quando dá, sempre jogo aqui", completou o atleta.