José Alessandro Bagio

"Em minha primeira Olimpíada, eu tinha como objetivo ficar entre os vinte primeiros colocados da prova. Consegui"

Na segunda Olimpíada da sua carreira, o marchador José Alessandro Bagio conseguiu igualar o histórico 14º lugar na prova dos 20 km conquistado em Atenas-2004, quando passou a ser dono da melhor colocação de um brasileiro na história da marcha em Olimpíadas. Antes, a marca era de Sérgio Galdino, 26º em Atlanta-1996.

"Eu não tenho do que reclamar. Esperava uma colocação melhor, mas com um tempo mais alto (ele fez 1h21min43s). Saio daqui com a impressão positiva, já que esse resultado me dá o índice para o Mundial do ano que vem", afirmou o atleta, após completar o percurso na China.

Na Grécia, a primeira vez que fez o feito, porém, lhe rendeu dores, cãibras e cólicas. "Nunca sofri tanto na vida. Foi uma prova muito dura. Estava muito calor, com o ar seco, e o asfalto quente desgasta muito o marchador", lembrou Bagio.

Em Pan-Americanos, no entanto, Bagio não tem tido muito sucesso. Na edição de Santo Domingo-2003, ele foi desclassificado por ter flutuado (tirado os dois pés do chão). Quatro anos depois, sua classificação para o Rio 2007 se deu pelo ranking, já que o atleta não conseguiu completar a prova do Troféu Brasil, qualificatório para os Jogos do Rio de Janeiro. No torneio continental, Bagio conseguiu a oitava colocação.

Aos 16 anos, José Bagio teve de tomar uma decisão difícil: precisaria deixar os treinos e os estudos de lado para poder trabalhar e complementar a renda em sua casa. De família humilde, o jovem de Orleans sabia que poderia despontar na marcha atlética, mas, como a necessidade financeira era grande, a solução era mesmo trabalhar.

Bagio, no entanto, não desistiu. Foi atrás do primeiro patrocínio - uma quantia modesta, cerca de R$ 50 - e voltou a treinar. Conquistou títulos na categoria mirim e júnior, como o Brasileiro dos 10 km e o vice sul-americano da mesma distância, ambos em 2000.

Este ano, o atleta, treinado por Carlos Morastone, fez o índice olímpico em torneio em seu Estado, com o tempo de 1h22min56, quatro segundos abaixo da marca A. Ele foi o único brasileiro na prova.