Brasil brinca com fogo em apostas erradas e acaba se queimando em Londres

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL com fotos de: F.Florido/UOL e AFP (M.Ralston, J.Soriano e K.Kudryavtsev)

    Brincando com fogo: handebol, basquete, natação, futebol e vôlei, um dia quente para o Brasil em Londres

    Brincando com fogo: handebol, basquete, natação, futebol e vôlei, um dia quente para o Brasil em Londres

Quando criança, Cesar Cielo, o filho, não podia ficar sozinho em sua casa. “Não podia deixar caixas de fósforos soltas. Ele colocava fogo para ver os palitos se incendiaram todos de uma vez. O engraçado é que hoje ele ganha a vida dentro da água", lembra Cesar Cielo, o pai.

Irônico mesmo é a maneira como essa anedota do agora três vezes medalhistas olímpico se encaixa com o que aconteceu com o Brasil em Londres nesta sexta-feira. Nas quadras, na piscina ou no gramado, brasileiros brincaram com fogo em apostas erradas. Alguns se queimaram, transformando metas olímpicas em cinzas. Outros ainda têm chance tirar a mão da fogueira.

Cielo foi um deles. O nadador mostrou que não aprendeu tanto quanto poderia com a experiência na infância. Para repetir 2008, disputou as provas dos 100 m livre e dos 50 m livre. Quando saiu da piscina com o bronze na prova mais curta, em que defendia o ouro de 2008 e era o atual campeão mundial, disse que a decisão não foi a melhor: “Acho que eu poderia ter feito um tempo melhor se não tivesse gasto energia na prova dos 100 m. Mas a gente arriscou e é isso aí”. Pelo menos, Cielo colocou a mão no fogo e, quando tirou, ainda conseguiu salvar um bronze.

As seleções femininas de futebol e basquete não tiveram a mesma sorte. Estão eliminadas da Oimpíada. Nos campos, Marta & Cia. enfrentaram as atuais campeãs mundiais do Japão. O time começou bem e perdeu pelo menos dois gols no início do jogo. Mas foram as japonesas que abriram o placar. Marta, que poderia ter feito a diferença, desapareceu. E o Brasil viu suas chances de medalha virarem cinza.          

No basquete feminino, o time de Luiz Claudio Tarallo viveu a situação oposta. O fogo já estava alto e forte após três derrotas em Londres. Novo tropeço significaria eliminação, mas havia a perspectiva de apagar a fogueira. O Brasil tinha atropelado as canadenses, rivais do jogo crucial, há menos de um ano. Mas entrou em quadra sonolento. Deixou o Canadá gostar do jogo. Quando resolveu que era a hora de vencer, não teve forças. Empatou o jogo, mas virar o placar era pedir demais. Acabaram eliminadas. Consumidas pela fogueira olímpica.

Mais sorte teve o vôlei feminino. O time brinca com fogo desde o início da competição. Na estreia, 3 a 2, vitória, sobre a Turquia. Depois, duas derrotas, EUA e Coréia do Sul. Nesta sexta, outro 3 a 2, batendo a China. O que deixou o técnico Zé Roberto fazendo contas para saber o grau das queimaduras que o time já sofreu.

No handebol, o time dos shortinhos fashion já estava classificado. Mas as garotas ousaram errar três tiros de sete metros, os pênaltis da modalidade. E perderem o primeiro jogo em Londres, para a potência Rússia. Uma queimadura leve, daquelas que você não sente. Mas ainda assim uma queimadura. Para aprender que não se deve brincar com fogo.

ATLETISMO

BASQUETE

Acabou, de forma precoce e decepcionante, a campanha da seleção brasileira feminina em Londres. Nesta sexta, o time perdeu para o Canadá por 79 a 73, conheceu sua 4ª derrota seguida e está fora dos Jogos.

A provocação dos torcedores irritou a ala Joice, que abriu a entrevista com a frase: "Dá um tapa na minha cara". Outras jogadoras pediram desculpas pelos maus resultados, mas evitaram lamentar a ausência de Iziane no torneio.

FUTEBOL FEMININO

JUDÔ

HANDEBOL

 

O Brasil errou três tiros de 7 metros e acabou derrotado por quatro gols no handebol feminino, no primeiro revés da forte seleção feminina. A equipe comandada pelo dinamarquês Morten Soubak viu a Rússia se vingar do revés no último encontro dos times, em 2011, quando as brasileiras venceram e ficaram na 5ª posição no Mundial. Desta vez, no entanto, os erros nos “pênaltis” de Alê, que desperdiçou três tiros de 7 metros, podem ter tirado as chances do Brasil se manter invicto e ficar em excelente posição para avançar em primeiro. Ainda assim, a equipe verde-amarela segue bem para passar de fase e seguir em busca da medalha inédita.

LEVANTAMENTO DE PESO

 

A cada aparição de Jaqueline Ferreira no tablado de competição do levantamento de peso olímpico nesta sexta, o técnico romeno Dragos Stanicas protagonizava um show de vibração do lado da competidora. A brasileira conseguiu a melhor marca de sua vida na disputa da categoria até 75 kg e terminou entre as dez melhores do mundo (8º lugar), em desempenho que inspirou um repertório de pulos e gritos de seu treinador.

REMO

 

 

 

Anderson Nocetti entrou em seu barco sabendo que não teria sua pior Olimpíada, após participar de quatro edições dos Jogos e ter um 13º posto como recorde pessoal. Ainda assim, considerou válido se esforçar para conquistar um honroso 19º lugar. Depois de chegar a figurar em penúltimo na final D desta sexta-feira, ele disparou nos metros finais e venceu a série, com o tempo de 7min25s03. Aos 38 anos, Anderson é o brasileiro com mais participações no remo olímpico em toda a história.

SALTOS ORNAMENTAIS

 

 

Juliana Veloso não conseguiu classificação para a semifinal do trampolim de 3 m dos saltos ornamentais . A brasileira terminou na 28ª posição entre as 30 atletas que competiram nesta sexta-feira.

TÊNIS DE MESA

O Brasil não passou da estreia na disputa por equipes. No masculino, Gustavo Tsuboi, Thiago Monteiro e Hugo Hoyama perderam por 3 a 0 para o time o time de Hong Kong. No feminino, as derrotas foram ainda mais avassaladoras e, em apenas 42min, Caroline Kumahara, Giu Lin e Lígia Silva caíram diante da equipe da Coreia do Sul.

VELA

 

Robert Scheidt e Bruno Prada garantiram pelo menos o bronze para o Brasil na classe Star. Com isso, Scheidt vai igualar Torben Grael como maior medalhista dos Jogos, com cinco pódios.

Nesta sexta, os brasileiros conseguiram uma vitória e um terceiro lugar nas duas regatas disputadas e chegam para a disputa da Medal Race, que acontece no domingo, na briga pelo ouro. Para isso, eles precisam chegar cinco posições à frente dos britânicos Ian Percy e Andrew Simpson, que lideram a disputa, e no máximo um lugar atrás dos suecos Fredrik Loof e Max Salminen. Para Prada, o ouro é difícil.

VÔLEI

 

 

É difícil, mas ainda há esperanças. O Brasil venceu a China por apertados 3 a 2 e agora depende de outros resultados para avançar.

As jogadoras chegaram a ficar irritadas com a torcida contra, mas o técnico José Roberto Guimarães minimizou: "É o ônus". Para se classificar para o mata-mata, o time até evocou uma "ajuda divina". São três vagas para quatro seleções: veja as chances do Brasil em Londres.

VÔLEI DE PRAIA

 

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