Seleção esgota trintonas em quadra e não consegue esboçar renovação em campanha sem vitórias
Bruno Freitas
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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AFP PHOTO / MARK RALSTON
Jogadoras da seleção feminina de basquete se lamentam após a derrota para o Canadá
O técnico Luiz Cláudio Tarallo foi escolhido pela cúpula da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) como uma tentativa de promover uma renovação na geração da seleção feminina do país. No entanto, um olhar sobre a eliminação precoce na Olimpíada com quatro derrotas seguidas mostra que o objetivo da missão nos Jogos de Londres parece ter falhado tanto no resultado esportivo quanto na tarefa de esboçar horizontes confiáveis.
MINUTOS EM QUADRA*
Nos quatro jogos da Olimpíada até aqui |
Adrianinha – 32min, 20min, 23min, 24min |
Karla – 32min, 30min, 35min, 24min |
Chuca – 25min, 31min, 13min, 16min |
Érika - 37min, 33min, 20min, 35min |
*jogadoras com 30 anos ou mais |
Medalha de bronze com o Brasil no Mundial Sub-19 de 2011, Tarallo assumiu o comando do time adulto no fim do ano passado, em substituição a Ênio Vecchi, e recebeu a “melhor preparação da história da equipe feminina”, como chegou a propagar a diretora Hortência. Mas em Londres o treinador não conseguiu montar um esquema independente de suas atletas mais experientes e acabou pagando também por isso.
Cinco das 11 jogadores que disputam a Olimpíada [não são 12 porque a ala Iziane foi cortada na véspera, por indisciplina] têm 30 ou mais anos. E a maioria delas dominou as formações de quadra nas derrotas para França, Rússia, Austrália e Canadá.
Tarallo admite que não conseguiu uma solução para fazer a equipe rodar mais em quadra, equilibrando mais os minutos de cada jogadora. Por isso, nomes mais experientes como Karla, Adrianinha e Érika foram para o sacrifício.
"Tivemos que deixar algumas jogadoras mais tempo em quadra nestes jogos e acabamos sobrecarregando elas", admitiu o treinador após a derrota para o Canadá nesta sexta-feira, em resultado que selou a eliminação da seleção, mesmo antes do desfecho da fase de grupos.
"A gente conseguiu jogar de igual para igual em todos os jogos, mas faltou força para vencer. Mas não foi uma eliminação vexatória, perdendo de muito", acrescentou Tarallo, ainda em referência ao desgaste das jogadoras com mais tempo de quadra.
Não há dúvidas de que o futuro da seleção passa pelas mãos das jovens pivôs Damiris (19 anos) e Clarissa (24), por exemplo. No entanto, o impacto de uma campanha desastrosa agora precisa ser lidado na esfera administrativa da CBB, forçando eventualmente a reavaliação sobre nomes e rumos.
"Quando me chamaram era para comandar esse processo de renovação. E foi que o que procuramos fazer nesta Olimpíada. Agora o trabalho tem que ter continuidade", declarou o treinador nesta sexta, em discurso de quem espera seguir no projeto.
Sem chances de classificação, o Brasil volta à quadra no complexo olímpico de Londres no próximo domingo, quando enfrenta o Reino Unido, em jogo cuja missão é conseguir ao menos uma vitória no torneio olímpico.