Entre surpresas, suor e lágrimas, judô brasileiro confirma as expectativas
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Flavio Florido/UOL
Sarah Menezes chora depois de conquistar a única medalha de ouro do Brasil no judô em Londres
Em Londres, depois de sete dias de competição, o judô brasileiro, mais uma vez, confirmou as expectativas e o prognóstico feito pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ), de fazer a melhor campanha brasileira na história das Olimpíadas.
A estatística e os números são apenas indicadores, mas nem sempre retratam a realidade. Como qualquer modalidade individual, em que o confronto com o adversário é direto, o judô possui diversas variáveis que fogem ao nosso controle, como já mencionamos anteriormente. Para que possamos entender como é difícil trabalhar apenas com a estatística, vejamos o ranking mundial. No primeiro ciclo olímpico em que o judô utiliza o ranking dos quatorze atletas que chegaram como lideres, e favoritos às medalhas de ouro, apenas três confirmaram o favoritismo (1 atleta da categoria masculina, e 2 da categoria feminina).
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Das 14 medalhas de ouro que estavam em disputa, apenas três países conseguiram conquistá-las em mais de uma categoria: Rússia, com 3, Coreia do Sul, com 2, e França com 2, demonstrando o equilíbrio. No feminino, isso ficou explícito: das sete categorias em disputa, sete países diferentes conquistaram o ouro. Um deles, para o Brasil. E o Japão, por ser o país criador da modalidade, e o que mais ganhou medalhas de ouro na história das Olimpíadas, venceu em apenas uma categoria nesta edição. Já a Rússia, mesmo com a proibição da catada nas pernas, foi o país com mais medalhas de ouro, em três categorias diferentes.
Entre os brasileiros, tivemos surpresas, mas não decepções. Leandro Cunha e Leandro Guilheiro, que chegaram como favoritos à medalha, foram surpreendidos em seus combates pela boa estratégia de luta de seus adversários. Thiago Camilo, outro favorito à medalha, conquistou o quinto lugar. Rafaela Silva foi outro tipo de surpresa: vinha fazendo uma excelente participação, quando aplicou uma técnica proibida pela Federação Internacional de Judô (FIJ), sendo desclassificada.
Felipe Kitadai, com a medalha de bronze, e Maria Suellen, em quinto lugar, foram boas surpresas, pois não estavam cotados como favoritos em suas categorias. Ainda assim, fizeram uma campanha vitoriosa. Rafael Silva e Mayra Aguiar, ambos medalhas de bronze, não foram surpresas, já que transformaram em realidade a expectativa de pódio. Para esses não faltou empenho.
Ainda existem outros, que não tiveram uma campanha vitoriosa, mas deixaram seu suor nos tatames de Londres. Foi o caso de Erika Miranda, Bruno Mendonça, Mariana Silva, Maria Portela e Luciano Correa. Todos ganharam experiência e confiança, para prosseguirem no próximo ciclo olímpico.
As únicas lágrimas de Londres são de alegria, e vem da piauiense Sara Meneses, que chegou ao lugar mais alto do pódio com apenas 22 anos, deixando todos nós com orgulho de sermos brasileiros. Esse resultado veio graças ao bom trabalho realizado pelos professores de judô nas categorias de base em academias, escolas, clubes, instituições, entre outros, em conjunto com a estrutura que a Confederação Brasileira de Judô disponibiliza aos atletas de alto rendimento.
Estamos deixando Londres com 1 medalha de ouro, 3 de bronze e 2 quintos lugares. É um excelente resultado, levando-se em consideração que a média de idade da equipe brasileira é de apenas 22 anos. Isso tudo nos faz acreditar que no Rio de Janeiro, em 2016, virá muito mais...
Wiliam Freitas - Gulô
É professor universitário da Fefisa/Uninove/Gama Filho e diretor técnico Associação de Judô Gulô e WDV Sports Ltda. Faixa preta de judô 5º Dan pela CBJ (Confederação Brasileira de Judô), Gulô é também comentarista do canal Bandsports, do Placar UOL de judô nas Olimpíadas 2012 e correspondente do site JudoPaulista, parceiro do UOL.