Questionada por viagem, Patrícia Amorim vê Jogos com o filho e dá um tempo no "perverso" futebol

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Presidente do Flamengo, Patrícia Amorim teve grande experiência com o mundo olímpico antes de entrar na política e no futebol. Foi atleta e integrante da delegação brasileira que disputou os Jogos de Seul, em 1988, na Coreia do Sul.

A presença naquela edição encerrou um jejum de 16 anos sem participações de nadadoras do país em edições olímpicas. Doze anos depois, iniciaria sua carreira política como vereadora do Rio com discurso de ajudar a desenvolver o esporte.

Em 2009, foi eleita presidente do Flamengo e teve que passar a lidar com o lado dos bastidores do futebol, com o qual diz ter se decepcionado. Esta semana está em Londres, onde acompanha alguns atletas do Flamengo que fazem parte da delegação brasileira, como Cesar Cielo.

Mesmo de olho em tudo o que acontece no clube carioca, a volta ao mundo olímpico parece espairecer a mente da dirigente.

“Para quem é do bem, como eu, existe uma dificuldade monumental, monstruosa. Porque é todo dia um leão, é matar um leão por dia. O meio do futebol é um meio muito comercial. A sensação que temos às vezes que vemos o jogador beijando a camisa é para ele saber em que time está jogando. Não tem aquela coisa mais sentimental”, falou ao UOL Esporte.

“Quando você está em uma Olimpíada, sente mais o espírito olímpico, uma coisa bonita, o sentimento. No futebol não tem mais isso. É muito pouco. [O mundo olímpico é] muito mais,  infinitamente mais puro. O futebol é perverso, e a formação dele já vem errada. Não acho que ele estão errados, eles simplesmente acham daquela forma”, continuou.

VIAGEM QUESTIONADA, PROTESTOS E AMEAÇA DE IMPEACHMENT

Apesar do clima tranquilo e familiar da viagem com os filhos para Londres para acompanhar os jogos e seus atletas, Patricia não deverá ter paz ao voltar para o Rio de Janeiro. Na capital carioca, principalmente nos corredores da sede da Gávea, a presidente enfrentou questionamentos sobre sua viagem num momento de crise no clube. Conselheiros e diretores chegaram a reprovar o fato do clube ter arcado com as despesas.

No entanto, Leonardo Ribeiro, presidente do Conselho Fiscal, setor responsável por esses fatos, explicou que essa viagem não é ilegal. Disse não se tratar de um evento oficial do Flamengo, até porque os atletas representam o Brasil. Mas que ela, enquanto presidente, pode ir para Londres acompanhar esses representantes do clube.

As polêmicas não param por aí. No período que esteve na capital londrina, Patricia acompanhou de longe uma série de protestos contra a sua gestão. Com manifestação da porta do clube e nas redes sociais da internet, a mandatária ainda encara um processo de impeachment movido pelo ex-presidente Márcio Braga, seu inimigo político. Ela foi acusada de gestão temerária. O caso será julgado na próxima semana.

Ao lado de um de seus filhos, ex-nadadora demonstrou confiança que Cielo possa fazer uma boa prova e levar o ouro nos 50 m livre nesta sexta-feira. “Acho que ele fez o que se propôs a fazer. Nos 100 m foi o que esperava. Nos 50 m ele está indo muito bem e se tudo ocorrer dentro da normalidade, pode disputar a medalha. E o Bruno [Fratus] também”, falou.

Sobre futebol, Patrícia disse estar confiante que o novo técnico da equipe, Dorival Júnior, consiga realizar um bom trabalho. Lembrou que o treinador já trabalhou com uma base jovem em clubes anteriores, como em sua passagem pelo Santos. Mas reiterou que ele precisa de paciência.

“Eu estou [esperançosa]. Metade do nosso é time de garotos. E tem a turma dos trinta e poucos. É um time difícil de equilibrar. É uma juventude que não está pronta com um pessoal que já está no finalzinho. É o time do técnico bom para isso”, falou.

“O trabalho com esporte não é imediato. No esporte coletivo então, demora mais. Até encaixar o time, encaixarem as peças. E o torcedor precisa entender.”

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