Brasil vence a China no sufoco e tem de secar as rivais para não cair no vôlei feminino

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

    Paula Pequeno (nº 4) vibra muito após ponto do Brasil contra as chinesas

    Paula Pequeno (nº 4) vibra muito após ponto do Brasil contra as chinesas

O Brasil voltou a vencer, mas com muito sacrifício e repetindo as falhas de sempre. Com direito a bons momentos e “apagões”, a seleção fez 3 a 2 (25-18, 20-25, 25-18, 28-30 e 15-10) na China, empatou no quarto lugar e agora tem de torcer contra suas rivais diretas para seguir sonhando com a vaga na próxima fase.

A Olimpíada adota o sistema de pontos da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), em que uma vitória por 3 a 0 ou 3 a 1 vale três pontos, e um jogo que vai para o tie-break rende dois pontos para os vencedores e um para os perdedores. Neste cenário, o Brasil está empatado na quarta colocação com a Turquia. Ambas equipes têm quatro pontos, mas as europeias ainda jogam nesta sexta contra a Coreia do Sul.

Se perder sem levar o jogo ao tie-break, a Turquia deixa o Brasil em uma situação menos complicada no grupo. Neste cenário, precisaria vencer a lanterna Sérvia na última rodada e torcer para os Estados Unidos, primeira força do grupo, baterem a Turquia.

Caso a Coreia vença nesta sexta por 3 a 2, a Turquia ainda fica um ponto à frente do time de José Roberto Guimarães e entra em vantagem no domingo. Caso a Turquia surpreenda e vença a Coreia, o Brasil vai depender de um triunfo e do desempate na média de pontos ao fim da primeira fase para saber se avança.

E pelo que o time mostrou em quadra nesta sexta, o técnico José Roberto Guimarães ainda tem com o que se preocupar além da matemática. O primeiro set começou animador. Com Dani Lins começando no lugar de Fernandinha, o Brasil teve sua melhor atuação no torneio até agora. O ataque, grande calcanhar de Aquiles da equipe até agora, acertou 55% das tentativas, mais que o dobro da média do time no torneio, que gira em torno de 26%.

Neste cenário, o Brasil não teve grandes dificuldades para fechar o primeiro set em 25 a 16, com apenas 25 minutos de jogo. A segunda parcial, no entanto, expôs o maior defeito do Brasil, as oscilações durante a partida, tão criticadas por Zé Roberto após a derrota para a Coreia do Sul.

A China, mesmo acertando muito pouco, abriu uma vantagem confortável no início do set, contou com erros bobos do Brasil e venceu por 25 a 20, sem muita resistência da seleção, que errava muito na recepção e voltou a falhar no ataque, com o aproveitamento caindo para cerca de 20%. Empolgada, a equipe asiática ainda começou a terceira parcial com o jogo equilibrado, mas Jaqueline e companhia voltaram a acordar.

De novo, o ataque cresceu, e desta vez junto com o bloqueio, que tornou-se mais participativo. Contra a Coreia, no pior jogo do Brasil em Londres, foram apenas cinco pontos com esse fundamento. Nesta sexta, só no terceiro set foram quatro, que ajudaram a fazer o time passar à frente do placar de novo, com um 25 a 18. Tudo com a colaboração da China, que cometia falhas primárias como um erro de rodízio, que lhe custou um ponto.

Na quarta parcial, o Brasil até caiu um pouco de rendimento, mas manteve o domínio do jogo. Apesar da China ficar próxima no marcador, a seleção dava poucas chances a uma reação. Só que nos pontos finais, sofreu um novo apagão. Quando ganhava de 24 a 21, deixou as chinesas empatarem em 24 a 24.

A decisão ganhou contornos dramáticos, com direito a erro de Fabiana, que dois toques e desperdiçou uma boa chance no 27 a 27. Apesar do crescimento de Sheilla, que virou bolas em sequência, a equipe não resistiu, e em um erro de comunicação em uma recepção fácil, entregou o set por 30 a 28 para as rivais.

No tie-break, no entanto, elas tiveram frieza para se recuperarem do baque. Apesar do início superior da China, o Brasil acertou o saque, diminuiu os erros e conseguiu fechar com relativa tranquilidade em 15 a 10.

Agora, a seleção descansa até domingo, quando encara a Sérvia às 18h (horário de Brasília) para jogar seu futuro nos Jogos Olímpicos. 

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