Londres entra na reta final e Brasil depende de força coletiva para recorde de medalhas
Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
-
Flavio Florido/UOL
Zé Roberto Guimarães dá um peixinho para festejar a vitória da seleção feminina de vôlei sobre a Rússia
União. Pode parecer clichê, mas é nessa ideia que o Brasil terá de apostar se quiser sair de Londres batendo o seu recorde de medalhas olímpicas. Atletas verde-amarelos já garantiram 12 medalhas em 2012. Nas Olimpíadas de Pequim-2008 e de Atlanta-1996, foram 15. Nas duas, foram três ouros. Nesse campo, o recorde é de Atenas-2004, com cinco ouros.
Todos esses números podem ser batidos. Para isso, porém, as modalidades coletivas estão encarando seus demônios. Neymar & Cia. vão disputar a decisão do futebol para buscar o primeiro título olímpico da seleção. Alison e Emanuel estão na final do vôlei de praia masculino para recuperar um ouro que escapou do Brasil em 2008. As meninas de José Roberto Guimarães estão na semifinal feminina do vôlei após uma batalha épica. E Juliana e Larissa, apesar da derrota, ainda podem ficar com o bronze. Sem contar os times de Bernardinho, no vôlei masculino, e Rubén Magnano, no basquete masculino, que seguem vivos.
MAIS VÍDEOS
- Vôlei feminino vence carrasca Rússia e vai à semi em Londres
- Brasil vence Coreia do Sul e tenta ouro inédito no futebol; veja gols
- Alison e Emanuel passam pela semi e estão a uma vitória do ouro
- Maurren Maggi é eliminada e dá adeus ao bi olímpico
- Americanas viram jogo e eliminam Juliana e Larissa
- Handebol feminino sofre apagão e é eliminado em Londres
- Brasileiro fica em 17º e é eliminado nos saltos ornamentais
- Bolt lidera bateria nos 200 m; brasileiros se classificam
- Chinês cai nos 110m com barreira e revive drama de Pequim-08
Nesta terça-feira, os exorcismos começaram cedo. Lembra dos 24 a 19? Semifinal contra a Rússia, Atenas-2004, a virada mais incrível que o vôlei olímpico já viu? Mesmo sendo as atuais campeãs olímpicas, as brasileiras ainda enxergavam as russas como fantasma. Até esta tarde. Elas viraram um jogo maluco, em que estavam perdendo por 2 a 1, ficaram atrás no quarto set e, no tie-break, salvaram seis match points. De forma heroica, se classificaram para a semi.
No futebol, o fantasma era quase tão grande. Desde 1988 a seleção não chegava à final olímpica. E, quem assistiu ao começo do jogo achou que o tabu iria continuar. A Coreia do Sul assustou muito a defesa brasileira, que só não cedeu o gol por sorte. Quando Rômulo marcou o primeiro, porém, o Brasil tomou conta do jogo. E passou à final com um 3 a 0 e moral para acabar com o maior dos demônios do esporte nacional: a falta da medalha de ouro na modalidade em que o país é pentacampeão mundial.
Apesar da alegria com essas vitórias históricas, nem todos os fantasmas foram varridos do mapa. Pegue o exemplo do vôlei de praia. Juliana e Larissa encararam as norte-americanas Ross e Kessy. Venceram o primeiro set. E ainda assim caíram. Dupla mais vitoriosa do circuito mundial, agora elas precisam se recuperar do tombo: ainda têm pela frente as chinesas Xue e Zhang.
As chances individuais
Boxe | Yamaguchi Falcão |
Hipismo | Doda, Rodrigo Pessoa |
Essa última chance não está disponível para as garotas do handebol. A seleção que surpreendeu o mundo e passou às quartas de final em primeiro lugar em sua chave está eliminada da Olimpíada. E de forma triste: esteve na frente das campeãs olímpicas e mundiais da Noruega, mas permitiu a virada. E ainda terá de conviver, por quatro anos, com a suspeita de que as rivais perderam, de propósito, na primeira fase, para encarar as brasileiras no mata-mata.
O último demônio será enfrentado na quarta-feira: no basquete masculino, quando o rival é a Argentina, que fez do Brasil gato e sapato na década passada. Será que o time de Magnano enterra essa?
HISTÓRIAS OLÍMPICAS
ATLETISMO
-
O dia foi cheio de emoções no atletismo. Para Maurren Maggi, o sonho do bicampeonato olímpico acabou em alguns minutos. Depois de três tentativas, a melhor delas em 6,37 m, ela se despediu de Londres apenas com o 15º lugar nas eliminatórias. A atleta disse que chegou otimista para a competição e não soube encontrar razões para a eliminação precoce. A brasileira se emocionou ao falar da filha, explicou o "sumiço" antes dos Jogos e disse que quer competir em 2016. Bruno Lins e Aldemir da Silva Junior avançaram às semifinais dos 200 m rasos. Aldemir, aliás, competiu na mesma bateria de Usain Bolt e foi até elogiado pelo recordista, mas não entende nada: "Não falo inglês". Fabiano Peçanha parou na semi dos 800 m rasos, enquanto Evelyn dos Santos, fora da final dos 200 m, celebrou: "Estou muito feliz". O astro chinês Liu Xinag caiu na 1ª barreira, viveu novo drama e terminou os 110 m em um pé só, e a musa paraguaia Leryn Franco foi eliminada do lançamento de dardo. A australiana Sally Pearson bateu recorde olímpico e conquistou o ouro dos 100 m com barreiras, em prova que teve LoLo Jones, famosa por ser virgem aos 30 anos, na quarta colocação.
FUTEBOL
O inédito ouro no futebol bate na porta da seleção brasileira 24 anos depois da derrota de Romário, Bebeto e Cia para a ex-União Soviética. A equipe de Mano Menezes ganhou da Coreia do Sul por 3 a 0, com dois gols de Leandro Damião e um de Rômulo, garantiu pelo menos a prata e no sábado disputará o ouro com o México, em Wembley. |
HANDEBOL
A Noruega é campeã olímpica e mundial no handebol feminino, mas as brasileiras não se conformaram com a derrota por 21 a 19 nas quartas de final em Londres. Ainda mais depois de abrir seis pontos de vantagem e permitir a virada no final.
A goleira Chana Masson foi a que mais ficou abalada depois do revés e disse que, “dessa Olimpíada, só levará a tristeza de ter um jogo na mão e perder”. O técnico Morten Soubak culpou a ineficiência no ataque e reconheceu a qualidade das adversárias, mas lembrou que as norueguesas não jogaram para valer na partida anterior, a famosa "entregada", já pensando em um cruzamento contra o Brasil nas quartas. |
LEVANTAMENTO DE PESO
O brasileiro Fernando Reis ficou sem chances de medalha na categoria super pesados do levantamento de peso nas Olimpíadas. O atleta fez um total de 400 kg para competidores com mais de 105 kg e terminou a sua série na quarta colocação, finalizando em 12º no geral. |
SALTOS ORNAMENTAIS
O brasileiro César Castro está fora da final da prova do trampolim de 3 m. Nesta terça, após um bom início na semi, o atleta falhou em uma de suas tentativas e terminou com 388,40 pontos na 17ª e penúltima posição – os 12 primeiros se classificaram para a decisão. |
TRIATLO
Os britânicos Alistair e Jonathan Brownlee conseguiram um feito histórico na prova masculina do triatlo em Londres e conquistaram, respectivamente, ouro e bronze. É a 1ª vez que dois irmãos vão ao pódio em um evento olímpico individual em mais de 50 anos. A prata ficou com o espanhol Javier Gomez, antigo campeão mundial. O brasileiro Reinaldo Colucci foi o 36º e Diogo Sclebin foi o 44º. |
VELA
O brasileiro Ricardo Winicki, o Bimba, terminou em na quinta colocação na regata da medalha da classe RS:X e encerrou em nono lugar sua participação nos Jogos Olímpicos de Londres. Já na classe 470 feminina, Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan não foram bem. As brasileiras terminaram as duas regatas do dia em 10º lugar, fechando a terça-feira em quinto lugar no geral. |
VÔLEI
-
Foi suado, mas o Brasil venceu o que era considerada uma final antecipada no vôlei feminino. Deu até para desacreditar, já que foram seis match-points contra as arquirrivais russas, mas o trauma acabou. A seleção foi comandada por grandes atuações de Sheilla (27 pontos) e Fernanda Garay, que mostrou muita raça em quadra, mas precisou de cinco sets para fechar a partida com um suado 21-19 no tie-break. A festa foi tanta que as meninas deixaram a quadra aos prantos: "Já avisei, não perco mais para as russas", desabafou Sheilla. Já o quase sessentão Zé Roberto se mostrou um garoto ao dar um peixinho. “Não podia ser melhor”, disse o treinador.
VÔLEI DE PRAIA
Um dia de glórias e tristezas para o vôlei de praia brasileiro. Alison e Emanuel se garantiram na decisão dos Jogos e vão brigar pelo ouro, que pode consagrar ainda mais Emanuel. Em caso de conquista, ele se tornará o único homem bicampeão olímpico na praia – venceu também em 2004, ao lado de Ricardo. No ‘mix’ de gerações, Alison tenta sua maior conquista da carreira, aos 27 anos. |