As disputas do taekwondo nos Jogos de Londres começam na quarta-feira e carregam a missão de renovar a imagem da modalidade junto a espectadores e direção do Comitê Olímpico Internacional. A federação do esporte tem apresentado na Inglaterra uma série de inovações na tentativa de fazer a luta parecer mais interessante para o público comum, em esforço contra o risco de deixar o programa olímpico.

Em um encontro agendado para setembro de 2013 em Buenos Aires, o COI deve reavaliar seu atual programa de esportes olímpicos, visando já aos Jogos de 2020, ainda sem sede definida. Para a edição do Rio de Janeiro em 2016 já estão previstos os ingressos do rúgbi de 7 e do golfe, mas uma série de outras modalidades batalham politicamente para ganhar vagas (karatê, wakeboard e outras estão nesta luta).

Presente na Olimpíada como esporte de competição desde os Jogos de 2000, em Sydney [apareceu como exibição em Seul em 1988], o taekwondo é tido como um dos esportes que batalha sua manutenção olímpica. Pesa contra a arte marcial a imagem de uma luta difícil de ser compreendida pelo público comum, com transmissão complicada para a televisão.

"O COI faz revisões regulares dos esportes olímpicos e fará isso com todos os que estão aqui em Londres, não apenas com nosso esporte. Estamos confiantes de que vamos permanecer como esporte olímpico, confiando no critério do COI", afirmou Jean-Marie Ayer, secretário-geral da Federação Internacional de Taekwondo (WTF, sigla em inglês).

"Sabemos que temos que caminhar junto com o nosso tempo, apontar para o futuro, mostrar ao mundo que merecemos este direito", acrescentou o dirigente em entrevista ao UOL Esporte.

Na última segunda-feira dirigentes da federação internacional fizeram uma demonstração informal a um pequeno grupo de jornalistas, explicando as novidades da modalidade para os Jogos de Londres.

A principal delas é o novo sistema de pontuação eletrônica, que visa eliminar dúvidas a respeito de golpes válidos. A partir dos Jogos de Londres a modalidade também contará com a revisão em vídeo da arbitragem [em modelo já existente em torneios de tênis, por exemplo], um direito de cada equipe em disputa em caso de movimentos que não sejam claros.

Segundo a entidade, o taekwondo a partir da Olimpíada vai privilegiar o lado técnico do atleta em detrimento à potência ou o "barulho" de seus golpes, em palavras de seus dirigentes.

Na última semana a federação promoveu uma demonstração pública das novidades tecnológicas em frente à Torre de Londres, um dos cartões postais da cidade que recebe os Jogos de 2014, para divulgar as mudanças.

Outro objetivo da federação para a imagem do esporte em Londres é evitar a falta de combatividade de adversários que eventualmente estejam em vantagem na pontuação.

"Queremos mostrar em Londres um esporte mais atrativo, sem atleta que queira perder tempo, que mostre passividade", afirmou Chakir Chelbat, delegado técnico da WTF.

Na apresentação aos jornalistas em Londres, os dirigentes do taekwondo internacional enfatizaram a presença de 63 países competidores em Londres e exploraram a história do afegão Rohullah Nikpai, bronze em Pequim e primeiro medalhista olímpico da história do pobre e politicamente complicado país da Ásia.