Olimpíada faz até o elitizado hipismo se popularizar e virar caldeirão dos britânicos

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • José Ricardo Leite/UOL

    Ingleses fazem hipismo virar caldeirão no Greenwich Park

    Ingleses fazem hipismo virar caldeirão no Greenwich Park

O hipismo sempre foi considerado um esporte de elite. Trajes requintados de competidores e torcedores, altos preços para criação de cavalos, competições em clubes tradicionais e Europa como principal foco dos torneios.

Mas, em Jogos Olímpicos, o esporte parece passar por uma mescla entre a emoção da torcida e a competição entre países. Está mais quente e popular. Principalmente se existe o Reino Unido na competição.

Desde a entrada no Greenwich Park, local das provas, já se vê várias barracas de lanches e bebidas, além de pessoas espalhadas pela grama com suas comidas no melhor estilo piquenique dos ingleses em seus tradicionais parques.

HIPISMO VÊ PÚBLICO NÃO ACOSTUMADO

  • José Ricardo Leite/IOL

    Maggie Mclwin segura bebê ao lado do filho Maz; ele são alguns dos "curiosos" não vão a provas de hipismo

As arquibancadas apresentam diferentes cores e bandeiras, com amplo destaque para o azul, vermelho e branco do Reino Unido, como não poderia ser diferente em qualquer competição em Londres.

Os trajes mais sofisticados, tradicionais no hipismo, se misturam com outros mais simples, como sapatos de mulheres com as cores da bandeira britânica, bonés, bermudas e camisetas.

Os ingleses dominam as arquibancadas, e muitos deles estão lá para apoiar o país e ter a chance de conhecer o esporte. A maioria não acompaha e entende pouco.

“Eu nunca tinha visto uma prova antes de hipismo e vim aqui mais para conhecer. Meu filho, Max, queria muito um dia ver. E aproveitamos a presença de britânicos aqui hoje. Estamos gostando bastante, muito, muito mesmo”, falou Maggie Mclwin, que trabalha com contabilidade.

BRITÂNICOS VENCERAM PROVA DOS SALTOS

  • José Ricardo Leite/IOL

    O caldeirão de Greenwich Park parece ter ajudado os ingleses, que venceram a prova de saltos por equipe. O público não ia embora e fazia reverências com cantos, "orquestrados" pelo anunciante

Ela diz que conseguiu comprar os ingressos dos setores mais baratos, por 35 libras (aproximadamente R$ 112 reais).

A cada competidor que zera o salto, aplausos. Nos erros, frisson. Mas é só ter um grupo maior de torcedores de determinado país que os gritos são mais fortes após o sucesso do cavaleiro no percurso.

Mas, com os britânicos, o Greenwich Park vira quase que um caldeirão. Percursos zerados são quase que como um gol. Gritaria, bandeiras para o alto e até muita batida com o pé em cima dos tablados da arquibancada.

Os latinos, mais acostumados ao furor, pareceram gostar mais do que viram em relação a uma torcida mais expansiva e “quente”.  O brasileiro Doda Miranda aprovou.

“É legal, tem que tomar cuidado só para não assustar os cavalos, mas é uma coisa bacana entre um e outro percurso. É bom ver torcida assim. Isso começa nas Olimpíadas e passa um pouco pros outros eventos depois. Eu gosto muito, acho muito legal, é outro espírito”, falou Doda.

Mais frio, um competidor sueco se demonstrou incomodado com o barulho. “Tem gente de todo mundo, são diferentes espectadores. São sim [mais efusivos]. O barulho fica muito maior, eu acho mais difícil”, falou o competidor sueco Jens Fredricson.

Técnico e competidor da seleção brasileira, Rodrigo Pessoa nasceu na França e mora na Bélgica. Mas tem pais brasileiros. A mescla toda parece não fazer ter uma sensação diferente em relação à torcida inglesa. "O público inglês conhece o esporte, cavalos e sabem apreciar. Em uma Olimpíada você tem 15 mil, 20 mil pessoas. O público sabe apreciar coisa boa."

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