"Virgem de 30 anos", LoLo Jones fica sem medalha e aumenta debate resultado x fama
Do UOL, em São Paulo
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AFP PHOTO / OLIVIER MORIN
Marketing pessoal da virgem LoLo Jones continua sendo superior aos seus resultados como atleta
A montanha-russa que se tornou o ano olímpico de LoLo Jones terminou sem o seu maior objetivo: uma medalha olímpica. Nesta terça-feira, a norte-americana ficou em quarto lugar na final dos 100 metros com barreiras. Mas porque esse fato é importante? A história de LoLo é, provavelmente, a mais emblemática disputa entre o sucesso esportivo e a exploração de marketing dentro dos Jogos de Londres.
Desde Pequim-2008, em que era favorita, mas tropeçou em uma barreira e acabou em sétimo lugar, a atleta era um nome marcante dentro do atletismo. Mas em maio de 2012, a fama da atleta explodiu. O motivo era simples: aos 29 anos (hoje já tem 30), bonita, dona de um corpo perfeito, ela disse que ainda era virgem. O fato não é estranho ao esporte nos EUA. No ano passado, o astro do futebol Tim Tebow admitiu que era contra o sexo antes do casamento e se tornou uma das personalidades mais importantes do esporte no país por isso (é verdade que sua performance nos campos também ajudou...).
Com LoLo, aconteceu a mesma coisa. A imprensa norte-americana entrou em polvorosa com a notícia e a atleta virou uma celebridade do dia para a noite. Afinal de contas, não é todo dia que se encontra uma jovem bonita, que veio de uma família pobre, que teve de roubar para comer quando era criança, que morou em um porão do Exército da Salvação e, mesmo assim, manteve sua "pureza". A atleta começou a lucrar com essa imagem como nunca tinha conseguido antes.
EM 2011, A HISTÓRIA ERA: "LOLO JONES PROCURA NAMORADO NO TWITTER"
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Se em 2012 a história envolvendo LoLo Jones é a virgindade, no passado ela admitiu que estava procurando um namorado. E pelo twitter: "As pessoas não acreditam em mim, mas já devo ter saído com uns sete seguidores do Twitter”, afirmou em entrevista à ESPN norte-americana.
Chegou, inclusive, a posar nua (para a Body Issue, da revista da ESPN, que anualmente mostra atletas de renome sem roupa, propagandeando o corpo perfeito) e de biquini (na Outside, vestindo uma roupa de banho feita somente de fitas estrategicamente posicionados), ganhando ao máximo com o contraste entre castidade e sensualidade. Seus patrocinadores aproveitaram também. Seu nome, seu rosto e seu corpo apareceram no maior número possível de peças publicitárias relacionadas à proximidade da Olimpíada.
Tanta exposição fez mal para a atleta. Se em 2008 ela era o grande nome de sua prova, em 2012 ela foi apenas a terceira na seletiva norte-americana. Mesmo assim, ganhou mais atenção do que as duas atletas que chegaram a sua frente, incluindo a campeã olímpica Dawn Harper.
Nesta semana, ela também foi alvo de reportagens negativas. Uma delas, no New York Times, a comparou com a russa Anna Kournikova. A tenista, que chegou a ser top 10 do ranking mundial, ficou mais conhecida por sua beleza do que pelos resultados em quadra. Nesta quarta-feira, na pista do estádio olímpico de Londres, ela deu ainda mais combustível para críticas como essa.
Ela já tinha passado para a final no limite. Na decisão, não teve forças para alcançar uma medalha. Marcou 12s58. Sally Pearson, da Austrália fez 12s35, novo recorde olímpico, que valou o ouro. A prata ficou com Dawn Harper, com 12s37. O bronze, com outra norte-americana, Kellie Wells, com 12s48.