Michael Phelps: maior do que uma modalidade

Patrick Winkler

Patrick Winkler

  • EFE/Hannibal

    Michael Phelps deixa a piscina após o ouro no 4x100 m medley, sua última prova na história olímpica

    Michael Phelps deixa a piscina após o ouro no 4x100 m medley, sua última prova na história olímpica

No dia 08, do mês 08, do ano de 2008, às 8 horas da manhã, iniciaram-se os Jogos Olímpicos de Pequim e, confirmando a profecia chinesa, o melhor atleta do evento estava predestinado a conquistar 8 medalhas de ouro. Mas Michael Phelps já assombrava o mundo dos esportes 8 anos antes desta data.

Com apenas 15 anos de idade, Phelps foi o atleta mais novo a participar do time norte americano de natação nos Jogos Olímpicos de Sidney-2000. Franzino e com orelhas de “dumbo”, tinha uma técnica de nado borboleta extremamente eficiente e praticamente incansável. Nadou somente uma prova, os 200 metros nado borboleta, e chegou até a final, terminando na quinta colocação. Não era preciso ser especialista em natação para saber que Phelps poderia ser o melhor nadador americano do próximo ciclo olímpico.

Com 17 anos, Michael venceu o campeonato mundial de natação realizado na cidade de Fukuoka e estabeleceu o novo recorde mundial dos 200 m borboleta. Os Estados Unidos precisavam de um ídolo acima da média que não ficasse ofuscado atrás de toda a atenção e prestigio que o australiano Ian Thorpe tinha por parte da mídia mundial.

Thorpe era destaque por sua técnica perfeita no nado crawl, seu traje de natação tecnologicamente completo (do calcanhar até as mangas), e por humilhar os revezamentos norte americanos. Para os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, o nascimento do ídolo Michael Phelps era uma resposta dos Estados Unidos para a Austrália e seu superastro Ian Thorpe.

Os Jogos de Atenas já mostravam que Phelps era muito mais do que imaginávamos. As oito medalhas olímpicas conquistadas (sendo seis de ouro e duas de bronze) o consagravam como o maior fenômeno das piscinas. Mesmo a mídia mais negativa não conseguia chamar o nadador de fracasso por não ter conseguido vencer todas as provas que nadou. Ele atraiu tanto os holofotes para si que superou o ciclista Lance Armstrong em exposição na imprensa mundial.

Em Pequim, sabia que se tentasse conquistar novamente oito medalhas de ouro na mesma edição, Phelps conseguiria colocar não somente seu nome, mas a modalidade Natação como um dos principais destaques na mídia internacional. Em 2008 ao invés de Armstrong, era o jamaicano Usain Bolt que tentava dividir com o nadador o status de maior destaque do esporte mundial.

Desde então, o objetivo de Phelps não era mais a sua pessoa, mas sim a sua modalidade. Em entrevistas informava que sua missão era a popularização e ampliação da natação na mídia. Como viajou diversas vezes para Austrália, não se conformava como a natação era muito mais divulgada lá do que nos Estados Unidos, levando em conta TV aberta, TV à cabo, cobertura jornalística e até mesmo o público presente na arena do evento.

Mesmo o Rugby sendo a grande paixão australiana, havia espaço suficiente para a natação se destacar. Junto com seu compatriota, Ryan Lochte, conseguiu transformar a seletiva norte-americana para Londres 2012 numa espécie prematura de NBA ou NFL, e deu um grande salto para transformar a natação em um “produto” extremamente atrativo para a mídia.

Para os Jogos Olímpicos de Londres-2012, Michael apenas colocou a cereja no bolo que já vinha preparando há 12 anos. Tornou-se o primeiro tricampeão olímpico da natação masculina, nas provas de 100 m borboleta e 200 m medley, e tornou-se o atleta com mais medalhas olímpicas conquistadas entre todas as modalidades, somando o montante de 22 medalhas (18 de ouro , duas de prata e duas de Bronze).

Em um resumo singular de seu nome, podemos realizar a seguinte analogia: assim como Michael Jordan está para o Basquete, assim como Tiger Woods está para o Golfe, assim como Roger Federer está para o Tênis, Michael Phelps está para... as Olimpíadas.

Patrick Winkler

Atleta e Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Especialista no mercado esportivo, atua junto aos atletas, organiza e participa de grandes eventos de natação e maratonas aquáticas, assessora empresas, produtos e gerencia os canais de mídia. Desenvolveu e dirigiu as vendas de diversos artigos esportivos. Sua trajetória inclui gestão empresarial nas empresas detentoras das marcas Speedo, Rip Curl e Arena. Patrick Winkler é graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.

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