Tradição faz 100 m livre ser a prova mais nobre da natação olímpica
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REUTERS/Regis Duvignau
Cielo foi o mais rápido em Pequim-2008, mas ainda busca ouro na prova mais nobre
Comprar ingressos para os Jogos Olímpicos sempre foi uma tarefa difícil, não importa a época. Antigamente era feita por fax ou telefone e, desde dos Jogos de Sydney-2000, acontece pela internet. Mesmo assim, a pessoa que conseguir adquirir o ingresso desejado deve comemorar.
"NÃO TENHO MEDO DO CIELO"
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O australiano James Magnussen afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, que não tem medo de Cesar Cielo. "Não, não estou com medo dele. Meu maior adversário será eu mesmo. O Cesar tem os recordes mundiais (nas provas dos 50 m e 100 m) e eu respeito muito por isso. Porém, estou em boas condições de vencê-lo."
Os dois “tickets” mais disputados são as finas dos 100 m rasos no atletismo e as finais dos 100 m livres na natação, consideras as provas nobres das Olimpíadas. Curiosamente, desde Sydney-2000 os ingressos das provas de natação acabaram antes do atletismo. Tal fato deve-se a dois fatores: primeiramente ao tamanho da arena (a arquibancada da piscina é menor do que a da pista de atletismo) e o fato de as provas de corrida terem sofrido problemas de doping, principalmente no ano de 2004.
Mas, se a prova dos 50 metros livre é a distancia mais curta e rápida do cronograma da natação, por que a dos 100 metros é a mais nobre? A mais nobre não deveria ser a prova que promove o nadador mais rápido do mundo, assim como no atletismo?
Simplesmente pela tradição que essa prova tem.
Os 100 metros são disputados desde os Jogos de Atenas-1896. Naquele ano, a prova foi realizada em águas abertas, não em piscina, e o vencedor foi o húngaro Alfréd Hajós-Guttmann, considerado o primeiro nadador a conquistar uma medalha de ouro olímpica. Desde então, a prova nunca foi excluída do programa e completará, nos Jogos de Londres, 116 anos de tradição olímpica.
Cesar Cielo
Já os 50 m livre foram introduzidos somente nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, 92 anos após a introdução dos 100 livre. Naquele ano, o vencedor foi o norte-americano Matt Biondi. A propósito, há quem diga que a introdução dos 50m nas olimpíadas aconteceu para auxiliar Matt Bondi a conquistar sete medalhas de ouro em uma única edição de Jogos e igualar o feito histórico de Mark Spitz – que conquistou sete medalhas douradas em Munique-72. Os Estados Unidos queriam promover e popularizar a natação e a divulgação de uma nova estrela da modalidade seria a maneira mais eficaz de realizar a tarefa. Biondi, porém, deixou a cidade de Seul com cinco medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze.
A final 100 metros livre dos Jogos Olímpicos de Londres será disputada no dia 1º de agosto (às 16h17 - horário de Brasília) e a expectativa é presenciarmos uma disputa entre o campeão mundial da prova, o australiano James Magnussen, e o recordista mundial de prova, o nosso brasileiro Cesar Cielo. Esperamos ver, pela primeira vez, o Brasil no topo do pódio na prova mais nobre da natação olímpica.
Patrick Winkler
Atleta e Editor- Chefe da Revista Swim Channel, Colunista da Radio Bradesco Esportes FM. Especialista no mercado esportivo, atua junto aos atletas, organiza e participa de grandes eventos de natação e maratonas aquáticas, assessora empresas, produtos e gerencia os canais de mídia. Desenvolveu e dirigiu as vendas de diversos artigos esportivos. Sua trajetória inclui gestão empresarial nas empresas detentoras das marcas Speedo, Rip Curl e Arena. Patrick Winkler é graduado em administração de empresas na Universidade Mackenzie, e pós-graduado em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan.