Recorde de medalhas abre chance de melhor Olimpíada da história do Brasil
Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
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AP Photo/Jeff Roberson
Wallace celebra ponto contra a Itália na semi desta sexta; Brasil fez 3 a 0 e avançou para a decisão
Olhe para o quadro de medalhas da Olimpíada de Atenas, em 2004. Viu alguma coisa diferente? Isso mesmo. Nunca o Brasil esteve tão bem na classificação olímpica quanto na Grécia. Com os cinco ouros conquistados, a delegação brasileira foi a 16ª naquela edição dos Jogos Olímpicos, um recorde para o país.
O problema é que a Grécia também reservou uma situação incômoda para o esporte nacional: apesar dos cinco ouros, os brasileiros conquistaram a menor soma total de medalhas em Jogos desde Barcelona-1992. Foram apenas dez pódios, performance inferior aos 15 dos Jogos de Atlanta-1996 e Pequim-2008 e aos 12 de Sydney-2000.
RECORDES DO BRASIL NOS JOGOS OLÍMPICOS
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- *O Brasil tem mais quatro medalhas asseguradas, já que disputa mais quatro finais: futebol masculino, vôlei masculino e feminino e boxe (com Esquiva Falcão, até 75 kg)
Na Inglaterra, porém, o Brasil pode acabar com essa contradição olímpica. Nesta sexta-feira, o recorde de medalhas já caiu. Com a classificação do vôlei masculino para a final contra a Rússia, o país garantiu 16 pódios, superando 1996 e 2008. E, de quebra, ainda manteve vivas as chances de tirar o número de Atenas-2004 do topo da lista de ouros.
Já são duas medalhas de ouro no peito de atletas do país. Sarah Menezes, na categoria ligeiro (48kg) do judô, e Arthur Zanetti, nas argolas da ginástica artística. E o número ainda pode subir: o Brasil está classificado para mais quatro finais, já com a prata garantida.
Os primeiros a tentarem aumentar o brilho dourado em Londres-2012 são, justamente, quem nunca fez isso antes: às 11h deste sábado, Neymar, Oscar e Leandro Damião vão desafiar o retrospecto ruim da seleção em Olimpíadas e, em pleno estádio Wembley, conquistar o primeiro título olímpico do futebol. O adversário, só para não esquecer, é o México, que estará sem sua principal estrela, Giovanni dos Santos, que sofreu uma lesão muscular na semifinal.
MEDALHAS DO BRASIL EM LONDRES
Sarah Menezes | Judô (48kg) | |
Arthur Zanetti | Ginástica (argolas) | |
Thiago Pereira | Natação (400 m medley) | |
Alison e Emanuel | Vôlei de praia (masculino) | |
Felipe Kitadai | Judô (60kg) | |
Rafael Silva | Judô (+100kg) | |
Mayra Aguiar | Judô (78kg) | |
Cesar Cielo | Natação (50m livre) | |
Juliana e Larissa | Vôlei de praia (feminino) | |
Adriana Araújo | Boxe (60kg) | |
Robert Scheidt e Bruno Prada | Vela (Star) | |
Yamaguchi Falcão | Boxe (81kg) | |
Seleção masculina | Vôlei | Final |
Seleção feminina | Vôlei | Final |
Esquiva Falcão | Boxe (75kg) | Final |
Seleção masculina | Futebol | Final |
Os rapazes de Bernardinho são quase tão favoritos. É verdade que, em 2012, fizeram a pior temporada desde que o técnico assumiu o comando. Na Liga Mundial, o sexto lugar foi um recorde negativo na carreira do técnico mais nervoso do país. Mas a performance em Londres tem sido boa. Nos mata-matas, atropelou a Argentina e, nesta sexta, a Itália. E, para completar, a única seleção que derrotou o Brasil até agora, os EUA, já foi eliminada, batida pelos italianos nas quartas. Na decisão, marcada para domingo às 9h, o rival será a Rússia – sim, os mesmos que os brasileiros derrotaram por 3 a 0 na primeira fase.
Nas outras duas finais, o favoritismo não existe. No vôlei feminino, por exemplo, a seleção de José Roberto Guimarães é a atual campeã olímpica, mas chega como grande azarão. O time perdeu no Grand Prix para os EUA. Até na primeira fase as norte-americanas deram um passeio. Os 3 a 1 em Londres deram início a uma crise, que levou à derrota por 3 a 0 para a Coréia do Sul. A classificação para as finais veio só na bacia das almas, justamente porque o rival deste sábado, às 14h30, venceu um jogo quando já estava com o primeiro lugar garantido.
Mas vieram as quartas de final. Contra a Rússia. E a vitória heroica mostrou a recuperação do time. Os 3 a 0 na semifinal, contra o Japão, comprovaram a força. Só resta saber se será suficiente para bater as americanas.
A situação é parecida com a de Esquiva Falcão. O boxeador da categoria 75kg foi dominante até agora em Londres. A vitória sobre o britânico Anthony Ogogo impressionou quem estava na ExCel Arena. O problema é que o rival da luta deste sábado, às 17h45, é o atual vice-campeão mundial, o japonês Ryota Murata.
MAIS VÍDEOS
E olha que nem estamos contando as outras chances de ouro do Brasil em Londres. Natália Falvigna, da categoria 67kg do taekwondo, é medalhista de bronze, já foi campeã mundial e luta neste sábado, a partir de 5h30 da manhã.
No domingo, é a vez de Yane Marques. Não conhece? Ele é a terceira do ranking mundial e pode surpreender no pentatlo moderno, que será disputado a partir de 4h.
O outro é Marílson Gomes, o maratonista, que no ano passado foi o melhor do mundo nos 42km (fora os quenianos...) E, para quem se lembra da última conquista brasileira na maratona, o bronze de Vanderlei Cordeiro, não se preocupe: o padre irlandês que o agarrou nas ruas de Atenas já falou ao UOL Esporte que não vai fazer o mesmo com outro brasileiro.
As apostas são essas. Que venham os ouros.
HISTÓRIAS OLÍMPICAS
ATLETISMO
O dia não foi bom para o Brasil nas provas de revezamento. Na final do 4x100 m, a equipe ficou apenas na sétima posição e viu de perto a grande apresentação do time dos EUA, que quebrou um recorde mundial que já durava 26 anos. O resultado expês um racha no quarteto brasileiro, com direito a bate-boca. Nas eliminatórias do 4x100 m masculino, o Brasil ficou na quarta posição em sua bateria e não avançou para a final. A mesma história viveu o time do 4x400 m feminino, apenas o sétimo em sua série. |
BOXE
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A campanha do Brasil ficou ainda mais gloriosa com a vitória de Esquiva Falcão (foto) sobre o britânico Anthony Ogogo na semi da categoria até 75 kg. O triunfo levou o capixaba à decisão, a 1º da modalidade na história dos Jogos. O adversário será o japonês Ryota Murata, neste sábado, às 17h45 (de Brasília), e o brasileiro admitiu que tem usado as noites para estudar vídeos do rival em revanche esperada por 1 ano. Mais tarde foi a vez do irmão de Esquiva, Yamaguchi, subir ao ringue para a semi da categoria até 81 kg contra o russo Egor Mekhontcev. O pugilista não teve a mesma sorte do irmão, foi derrotado e perdeu a chance lutar pelo ouro. Ainda assim, garantiu mais um bronze para o país. Após a luta, Yamaguchi disse que sua família merece filme como Zezé Di Camargo e Luciano. Já o pai da dupla, o ex-boxeador Touro Moreno, afirmou que o ouro de Esquiva é lucro e ainda brincou com amigos oportunistas.
VELA
As brasileiras Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan não foram bem na regata da medalha nesta sexta-feira. Elas terminaram na sétima colocação e fecharam em sexto lugar na classificação geral da classe 470. O ouro ficou com a dupla Jo Aleh e Olivia Powie, da Nova Zelândia, a prata para as britânicas Mill e Clark e o bronze foi para as holandesas Westerhof e Berkhout. |
VÔLEI
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O vôlei conseguiu marcas importantes para o esporte nesta sexta. Em quadra, sem a menor dificuldade e contra a Itália, sua velha “freguesa olímpica”, a seleção masculina avançou à sua 3ª final consecutiva dos Jogos – ouro em Atenas e prata em Pequim. De quebra, já garantiu a 16ª medalha do Brasil em Londres, recorde do país até hoje. Contra os italianos, Bernardinho não fez nenhuma substituição e seu deu ao luxo de deixar jogadores como Giba e Ricardinho no banco. O levantador, hoje reserva, ainda foi bastante elogiado pelo técnico, pelo seu espírito dentro do grupo, apoiando e ajudando o titular Bruninho. Giba, que se despede da seleção neste domingo, na final contra a Rússia, ainda entrou para a história olímpica do país, juntamente com Serginho, Dante e Rodrigão. Os quatro entram agora para um seleto grupo de brasileiros que alcançaram três pódios nos Jogos.