Os irmãos Falcão fizeram história para o boxe brasileiro nesta sexta-feira, com uma classificação para final dos Jogos de Londres e uma medalha de bronze. No entanto, Esquiva e Yamaguchi afirmaram que não sabem se continuarão na modalidade ou se migrarão em breve para o MMA para realizar o sonho do pai.

Ex-praticante das artes marciais mistas e pugilista em atividade mesmo aos 75 anos (realiza combates amadores ocasionais), Touro Moreno quer que os filhos medalhistas olímpicos trilhem caminho rumo ao UFC.

Nos treinos da casa da família na região metropolitana de Vitória, Moreno usou seu quintal para passar noções de luta de chão para os irmãos. Yamaguchi já está mais adiante no aprendizado, enquanto que Esquiva ainda recebe as primeiras orientações.

"Tenho o sonho do meu pai. Não sei quando eu vou, mas sei que vou para o MMA. Depende muito da proposta. No momento estou na seleção, mas eu quero realizar esse sonho do meu pai", disse Yamaguchi após a derrota na semifinal da categoria até 81 kg para o russo Egor Mekhontcev.

Yamaguchi disse ainda que após o bronze em Londres tem como prioridade pagar as contas no Brasil, como as parcelas de um carro que acaba de comprar.

"Não sei ainda qual será o melhor momento. O boxe olímpico está numa boa fase. Vou ficar pelo menos mais dois anos no boxe, mas vou realizar esse sonho do meu pai. Tenho que treinar mais chão. É meio difícil fazer essa mudança agora, mas vamos ver até 2016", declarou Esquiva, que neste sábado disputa o ouro dos médios diante do japonês Ryota Murata.

Consultado sobre a possibilidade de perder seus dois pugilistas, o técnico da seleção brasileira João Carlos Barros afirmou que lutará contra a decisão favorável ao MMA e disse ver a mudança dos irmãos como uma ameaça de retrocesso ao boxe brasileiro.

SOBRE O PAI DOS MEDALHISTAS

O folclore em torno de Touro Moreno no Espírito Santo nasceu na década de 60, depois de um empate em luta com Waldemar Santana, famoso por derrotar anos antes Helio Gracie, lenda do vale-tudo nacional, considerado um dos inventores do jiu-jitsu brasileiro.

O pai da dupla olímpica de 2012 diz que acabou no boxe porque não encontrava adversários à altura no Espírito Santo, entre os adeptos do vale-tudo, na época de juventude.

Atualmente Touro Moreno realiza entre uma e duas lutas de boxe por ano no Espírito Santo, sempre com adversários muito mais novos, na casa dos 40 a 50 anos. De seus 15 filhos vivos, quatro se dedicam ao boxe.