Decepção e bate-boca expõem racha entre as mulheres do revezamento 4x100 m

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • FLAVIO FLORIDO

    As corredoras Rosângela Santo (esq.) e Franciela Krasucki conversam em treino do Brasil

    As corredoras Rosângela Santo (esq.) e Franciela Krasucki conversam em treino do Brasil

O desempenho abaixo do esperado na final do revezamento 4x100 m feminino nos Jogos Olímpicos de Londres rendeu bate-boca e expôs um racha na equipe. As brasileiras tinham esperança de medalha, mas ficaram apenas na 7ª colocação. O tempo feito na final foi pior do que das semifinais. Aumentou de 42s55 para 42s91.

Rosângela Santos, que fechou a série, estava visivelmente irritada com o rendimento das brasileiras. Chegaram a tentar lavar roupa suja instantes após o final da prova.

As câmeras de TV flagraram uma conversa ríspida entre as atletas ao fim da disputa. Rosângela fez uma colocação que pareceu não ter agradado às companheiras. Logo em seguida, Evelyn Santos tomou a palavra e indagou para as outras três.  "Você deu o seu melhor? Você deu o seu melhor? Você deu o seu melhor? Então, acabou", disse, apontando para as outras brasileiras na prova.

Na saída para os vestiários, Rosângela passou sozinha e bem irritada. Enquanto Ana Claudia Lemos, Evelyn Santos e Franciela Krasucki apareceram depois, juntas, em um sinal de união entre as três e com discursos alinhados.

Nas poucas e secas palavras, Rosângela deixou claro o descontentamento. Disse que o que tinha que ser feito por elas era melhorar o tempo. "A prova foi muito forte, mas nosso objetivo era melhorar o tempo da semifinal. Não deu. Vamos ver o que o Nakaya [técnico]  fala das passagens e das corridas. É ver o que deu errado", falou.

Perguntada sobre o que achou que deu errado para a baixa performance, deu a entender de que sua opinião pode causar desavença "Eu não pude achar nada. Estava concentrada no meu, fazendo o meu. Não pude ver nada."

"O saldo não foi o que eu esperava. Esperava ter sido melhor", finalizou em sua breve passagem.

O discurso das outras três, juntas, foi bem diferente. Ressaltaram a todo momento a fala de que não faltou esforço e que cada uma deu o seu melhor. Ana Claudia Lemos foi a "porta-voz" do trio, sempre com as outras duas concordando com gestos com o que ela dizia. "Tínhamos que melhorar, mas saio satisfeita porque todas deram o seu melhor", falou.

"Foi o nosso melhor de hoje. Queremos melhorar todos os dias. Não conseguimos. Mas saio satisfeita comigo", continuou.

Essa não é a primeira vez que a equipe demonstra uma falta de união. Rosângela Santos e Ana Claudia Lemos já tiveram atritos anteriores e quase não entraram na pista na final do Mundial de 2011 após mais um desentendimento.

Há cerca de 40 dias, no Troféu Brasil, elas confirmaram as diferenças, mas disseram que tudo tinha sido resolvido.

"A gente sentou e colocou os pingos nos is, resolvemos os nossos desentendimentos, que muitas vezes eram fofocas. É difícil trabalhar com mulher, por isso que às vezes eu sou meio macho. O que todo mundo quer é dinheiro, ter uma estabilidade financeira, comprar sua casa. E para isso precisa da medalha", disse Rosângela, naquela oportunidade.

 

"Tivemos problemas como em qualquer relacionamento. Foi um momento ruim, mas acabamos resolvendo por lá e ainda ganhamos o Pan depois. Agora a gente respeita muito mais o momento da outra", falou Ana Cláudia.

Ainda nos Jogos de Londres, Rosângela Santos já tinha se irritado ao não avançar para a final dos 200 m. Naquela ocasião, passou direto, sem olhar e falar com os jornalistas.
 

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