Chances do Brasil na ginástica artística ficam com os homens

Rodrigo Caron

Rodrigo Caron

No próximo dia 27 começa mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Todos ficam ansiosos para ver o início da maior competição esportiva do planeta. Dentro de toda essa magnitude, modalidades tradicionais, como a ginástica artística, sempre chamam atenção. E esse é o meu tema de hoje: o que chama atenção nessa modalidade.

Logo no primeiro dia, 28 de julho, já teremos as provas classificatórias da modalidade. Esse é um dia chave em toda a competição: define todos os finalistas para os dias que restam da ginástica em Londres-2012. As oito melhores equipes, no masculino e no feminino, se classificam para uma final eletrizante: competem apenas três atletas por país em cada aparelho, sem descartes de nota. Com isso, qualquer queda pode tirar um time do pódio. Nas provas individuais, os 24 melhores ginastas na soma das notas, contando os quatro aparelhos femininos e os seis masculinos, vão à final geral, que define os ginastas mais completos do mundo. Por fim temos a classificação para as finais de cada aparelho, em que os especialistas dão um verdadeiro show de técnica e precisão.

Os homens

No masculino, o Brasil tem três representantes, feito inédito na história dos Jogos e, sozinha, uma conquista que deve ser muito valorizada – a classificação da equipe completa ainda é uma meta para a próxima edição. O mais novo representante brasileiro é Sérgio Sasaki Júnior. É um jovem muito talentoso e competirá no individual geral. Ele corre atrás de uma possível classificação para a final, o que seria um excelente resultado.


Em três Olimpíadas, soviética Larisa Latynina conquistou 18 medalhas

Artur Zanetti é outro novato. Ele é especialista nas argolas e só vai competir neste aparelho. As suas chances, porém, são boas: ele tem obtido resultados muito expressivos nas últimas competições internacionais. Entre eles, o segundo lugar no Mundial. Seu ano de preparação foi muito bom e ele tem, sim, grandes chances de medalha.

Nosso terceiro representante é Diego Hypolito. Figurando entre os melhores ginastas do mundo na prova de solo há vários anos, seu desafio é superar a perda da medalha nas últimas Olimpíadas e as inúmeras lesões que teve no seu período preparatório. Será uma tarefa dura se classificar para as finais, mas ele, certamente, chega com boas chances de medalha.

Os favoritos

A China sempre chega com uma equipe forte. É um país que tem um trabalho muito tradicional entre os homens e foi quase imbatível em campeonatos mundiais nos quatro últimos anos.

O time do Japão é liderado por Kohei Uchimura, um dos maiores fenômenos da ginástica das últimas décadas. Ele é tricampeão mundial no individual geral e, em sua última conquista, se classificou para cinco finais por aparelhos.

Os EUA, sempre entre os favoritos, apostam em uma geração de jovens muito talentosos. Outro país que sempre aparece bem é a Alemanha. Já a Inglaterra deu um enorme salto de qualidade nos últimos quatro anos e estará em casa. A Rússia é uma das nações mais tradicionais na modalidade, está em fase de reestruturação, mas já mostrou ótimos ginastas nos últimos mundiais.

As mulheres

No feminino, o Brasil leva a equipe completa pela terceira vez consecutiva para os Jogos Olímpicos. Apesar da dificuldade que enfrentou durante o ciclo olímpico, vendo a equipe sofrer com a falta de renovação, a ginástica do país superou os problemas, conquistou a última vaga disponível de forma emocionante e, assim, se manteve na elite da modalidade.

As grandes estrelas da equipe continuam sendo as veteranas. Daiane dos Santos, após um ciclo de preparação com muitas lesões, conseguiu se superar e garantiu sua vaga na equipe. Com sua conhecida potência de pernas pode conseguir uma vaga na final do solo, mas, ao contrário de Pequim-2008, desta vez o sonho está bem mais distante.

Daniele Hypólito chega à sua quarta olímpiada e tem de ser aplaudida de pé: não é nada fácil se manter neste nível por tanto tempo, com tão pouca queda de rendimento no período. Apesar da idade, ainda é a mais provável finalista desta equipe. Suas chances de ficar entre as 24 melhores na fase classificatória não são pequenas. Uma final, merecida, seria uma maneira excelente de coroar a carreira desta magnifica ginasta.

As favoritas

As favoritas para as competições femininas são os EUA, que vem com uma equipe muito jovem e renovada. O time não tem a presença de campeãs olímpicas, mas contra com a atual campeã mundial, Jordyn Wieber.

A Rússia, após alguns ciclos de declínio, se reergueu. Mais tradicional escola de ginástica de todas, as russas superaram os EUA em um dos mundiais do atual ciclo olímpico e contam com a atual campeã da Olímpiada da Juventude, Viktoria Komova.

A equipe romena, também muito tradicional, tem o reforço de Catalina Ponor. A veterana, além de duas medalhas de ouro olímpicas (solo e trave em Atenas-2004), teve uma excelente participação no último Campeonato Europeu, liderando a equipe romena que conquistou o título. Por fim, a China parece estar um nível abaixo em relação às ultimas Olímpiadas. Mesmo assim, por sua tradição e a capacidade de renovação, pode surpreender.

 

Rodrigo Caron

Praticou ginástica artística por mais de 15 anos. Formado em educação física, se tornou técnico e começou a carreira em Bauru, com uma passagem de um ano nos EUA (Academia The Colony Gymnastics- Dallas TX). Na volta ao Brasil, trabalhou na Associação Brasileira A Hebraica em São Paulo e, atualmente, é técnico no município de Boituva (SP). Em 2008, virou árbitro internacional de ginástica e já esteve em competições internacionais, como no Pan-Americano juvenil de 2009 e a Copa do Mundo de Stuttgart de 2010. Nas Olimpíadas-2012, é comentarista do UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos