Sóbria, Record erra menos, mas SporTV diverte mais com gafes e mau humor de Galvão

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer

  • REUTERS/Fabrizio Bensch

    Num dos momentos mais divertidos da festa, uma artista representa a rainha na chegada ao estádio

    Num dos momentos mais divertidos da festa, uma artista representa a rainha na chegada ao estádio

Narrar cerimônia de abertura de Jogos Olímpicos é tarefa quase tão complicada quanto descrever o que acontece ao longo de um desfile de escolas de samba.

Nesta sua estreia como dona da festa na TV aberta brasileira, a Record fez a opção pelo “menos é mais”. Evitou o excesso de euforia, deixou de lado a tentação de preencher todos os momentos com explicações, mas não traduziu vários momentos importantes. Cometeu menos erros, enfim, mas pode ter deixado o espectador boquiaberto, sem entender algumas passagens.

Bem diferente da transmissão eufórica dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, há um ano, a equipe escalada pela Record para a festa de abertura, os narradores Mauricio Torres e Alvaro José e a apresentadora Ana Paula Padrão, todos in loco, optou pela sobriedade e, em muitos momentos, pelo silêncio.


Em estilo oposto, a equipe do SporTV, com os narradores Milton Leite e Luiz Carlos Jr. no estádio, apoiados por Galvão Bueno do estúdio, apostou numa transmissão barulhenta, com muitos comentários e abobrinhas. Foi mais engraçado.

Falando o tempo todo, por cima do áudio da transmissão, o trio do SporTV não deixava o público descansar. Além das redundâncias, houve espaço para gafes, mau humor e piadas variadas.

Luiz Carlos tropeçou no português e falou em “problemas urbânicos” (sic). Galvão reclamou de um dos momentos mais legais, dizendo que Sean Connery, e não Daniel Craig, o atual intérprete do 007, é que deveria participar da festa, levando a rainha Elizabeth ao estádio. Ranzinza, também criticou a festa: “Tá bonito, mas um pouquinho frio”.

Durante o clipe de “Carruagens de Fogo”, Milton Leite começou a resumir o filme, mas não deu conta de contar tudo e se saiu com essa: "Ai você pega o filme na locadora e assiste". Na passagem da delegação chilena, o narrador reiventou a geografia e anunciou: "Nosso vizinho, Chile".

Na Record, também houve um ou outro excesso. Ana Paula, por exemplo, ao ver a homenagem dos ingleses ao seu famoso sistema público de saúde, escorregou: “É o nosso SUS”. Mas foi, de longe, uma apresentação mais contida e menos cômica. Ponto para a emissora.

Em tempo: Na sequência da cerimônia de abertura, Ana Paula Padrão emendou a apresentação do "Jornal da Record" e, para não ficar atrás, cometeu a maior gafe da noite, dizendo que estava apresentando o "Jornal da Globo".

ANA PAULA PADRÃO COMETE GAFE NA RECORD

Mauricio Stycer

É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor. É autor dos livros “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (editora Alameda) e “O Dia em que Me Tornei Botafoguense” (Panda Books). Conheça seu Blog no UOL

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