Com seus favoritos falhando, Brasil dá contribuição decisiva para dia "do quase" em Londres
Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
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Flávio Florido/UOL
Tiago Camilo é derrotado na disputa do bronze da categoria até 90 kg e sai de Londres sem medalha
Quem assistiu ao que rolou em Londres nesta quarta-feira certamente sabe do que falamos. Desde que o dia começou, uma sensação de que as coisas não aconteciam exatamente como deveriam se apoderou dos Jogos Olímpicos. Aquele sentimento de que faltava alguma coisa. Aquela impressão de que, com uma mudançazinha insignificante, na cor do uniforme, no penteado, sei lá, as coisas poderiam ser diferente. Pois é. Os Jogos de Londres entraram na temporada olímpica do quase.
Quer um exemplo? Aqui vão vários:
No badminton, a notícia do dia foi a exclusão de oito atletas, que fizeram corpo mole em suas partidas para escolher adversário no mata-mata. Em Londres, a mutreta quase deu certo.
No judô, Tiago Camilo vinha muito bem na categoria 90 kg. Ele estava quase sentindo o gostinho de se tornar o primeiro judoca medalhista olímpico em três categorias diferentes (foi prata nos 73kg em 2000 e bronze nos 81kg em 2008) quando as coisas começaram a dar errado. Perdeu para um coreano que virou campeão olímpico e para um grego bicampeão mundial.
No vôlei feminino, as meninas de Zé Roberto foram outras que não foram muito bem. Campeãs olímpicas, não perdiam do rival do dia há dez anos. A seleção da Coréia do Sul quase não acreditou quando venceu por 3 a 0.
No basquete, a seleção feminina está quase eliminada: perdeu para a Austrália em partida que poderia vencer e agora precisa ganhar duas seguidas para se classificar. E, se isso acontecer, encara nas quartas o primeiro do outro grupo, provavelmente os EUA. Quase impossível passar.
Também na bola ao cesto, a organização da Olimpíada quase acertou: a australiana Lauren Jackson pode virar a maior cestinha em Jogos Olímpicos, mas nesta terça-feira ela passou a segunda colocada na lista (Lisa Leslie, com 488 pontos), não a primeira (Janeth, 535).
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Ao mesmo tempo, no futebol, Neymar & Cia. venceram com facilidade a Nova Zelândia. O principal fato do jogo, porém, foi o gol que o atacante santista perdeu, em um lance em que quase todos os atacantes do mundo (fora o Deivid) colocariam para dentro.
Empolgadas com o sucesso do futebol, as meninas do handebol trataram de imitar o time de Mano. Atropelaram o Reino Unido e quase garantiram o primeiro lugar na próxima fase – e parecem, a cada jogo, favoritas a uma medalha.
Na ginástica, mais um que arrancou os gritos de “uhhhhh” da plateia (pelo menos de quem teve paciência de acompanhar as intermináveis três horas das passagens): Sérgio Sasaki quase conseguiu o melhor resultado do Brasil na modalidade no individual geral. Mas 0,4 ponto no último aparelho custou o oitavo lugar. Foi décimo (e “apenas” igualou o feito).
Para terminar, o auge do dia ficou com Cesar Cielo, recordista mundial dos 100m e dos 50m livre. Tudo bem, ele disse que nadar os 100m (a prova em questão) não era a dele, que cansou no final e tudo mais. Mas quando passou os primeiros 50 metros na liderança, todo mundo preparou o grito. Nunca 0s12 foram tão quase...
HISTÓRIAS OLÍMPICAS
BASQUETE
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Não foi uma má apresentação, mas o resultado não poderia ser pior. A seleção brasileira feminina de basquete perdeu para a Austrália por 67 a 61, em uma partida que poderia ter sido vencido. Agora, a situação ficou complicada: três jogos, três derrotas.
Ainda há chance de classificação, mas, para isso, a equpe precisa vencer Canadá e Reino Unido. Se isso acontecer, o rival no mata-mata será a temível seleção dos EUA. Situação difícil, muito difícil para o Brasil em Londres. |
BOXE
O brasileiro Robenilson de Jesus derrotou o russo Sergey Vodopiyanov, campeão mundial de 2007, e garantiu vaga nas quartas de final do peso galo, ficando a uma vitória da medalha de bronze, já que no boxe não tem disputa de 3º lugar. | ![]() |
FUTEBOL
![]() | Parece que o time engrenou em Londres. Sem dificuldades, o Brasil derrotou a Nova Zelândia por 3 a 0 (veja os gols em vídeo) e vai pegar Honduras na próxima fase. A vitória tranquila ficará marcada por um gol incrível perdido por Neymar: "Foi o mais perdido da minha carreira."
Além de competência, a equipe tem contado com a sorte: depois da Espanha, outra pedra no caminho, o Uruguai, foi eliminado precocemente. Chegou a hora do sonhado e inédito ouro olímpico? |
GINÁSTICA
![]() | Sérgio Sasaki escreveu seu nome na história olímpica brasileira logo em sua primeira participação nos Jogos. Na final individual geral de ginástica artística, o jovem atleta mostrou boa regularidade e terminou em 10º, a melhor posição já alcançada por um ginasta do país. Análise em vídeo: desempenho de Sasaki em Londres traz grande perspectiva para Rio-2016, diz comentarista do UOL |
HANDEBOL
Se o dia foi do "quase", a seleção brasileira feminina de handebol está "quase" se tornando uma potência em Londres. Nesta quarta, a equipe confirmou o favoritismo e atropelou o Reino Unido por 30 a 17. A fase está tão boa que a partida foi encarada como um "treino de luxo" para o duelo contra a Rússia. | ![]() |
JUDÔ
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Tiago Camilo e Mariana Portela entraram ao mesmo tempo no tatame para começar o dia do judô brasileiro em Londres. Ela foi eliminada logo na estreia, e saiu chorando muito por ter desperdiçado a “maior chance de sua vida”. Ele durou mais. Venceu três lutas, mas parou nas semifinais. Ainda na disputa pelo bronze, teve a chance de bater recorde de medalhas no judô brasileiro, mas falhou novamente e terminou uma Olimpíada sem medalha pela primeira vez. Também saiu chorando. Depois de um dia melancólico, o coordenador Ney Wilson acenou com uma explicação: para ele, a derrota do favorito Leandro Guilheiro no dia anterior afetou o restante da seleção.
NATAÇÃO
![]() | O ouro era um sonho para Cesar Cielo, mas o pódio era uma possibilidade nos 100 m livre. Dessa vez, não deu. O nadador chegou a liderar até a primeira virada, mas cansou no fim e acabou apenas em sexto, deixando a esperança de medalha para os 50 m livre. Já Thiago Pereira segue com chances de conseguir o seu segundo pódio em Londres. Prata nos 400 m medley, ele foi para a final dos 200 m medley com o quarto melhor tempo. |
TÊNIS
![]() | Foi uma verdadeira maratona. Depois de 4h divididas em dois dias, os brasileiros Marcelo Melo e Bruno Soares venceram os tchecos Tomas Berdych e Radek Stepanek por 2 a 1 e avançaram para as quartas de final. Foi o mais longo terceiro set em partidas de duplas em Olimpíadas. |
TIRO
Curiosamente, a primeira classificada do Brasil para os Jogos de Londres foi a última colocada em sua prova de despedida. Ana Luiza Ferrão, de 38 anos, foi eliminada na pistola de 25 m nesta quarta-feira em Londres, ao ficar em último lugar entre 39 competidoras na série eliminatória. Antes de fazer alguma piada sobre sua posição, cuidado. Além de ter uma arma não, ela é major do exército no Rio de Janeiro e conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos. | ![]() |
VÔLEI
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Desolação. Essa é uma das palavras que definem a derrota do Brasil para a Coreia do Sul. Não apenas pelo resultado, mas pela maneira como aconteceu: 3 sets a 0, em uma atuação apática das brasileiras. Nesse jogo, não teve "quase". "Não tem palavra para explicar. (...) Temos que engolir o choro e ir para o pau", disse Jaqueline. Ainda há esperança.
VÔLEI DE PRAIA
![]() | Três jogos, três vitórias, nenhum set perdido, 100% de aproveitamento. Juliana/Larissa e Ricardo/Pedro Cunha continuam com uma campanha perfeita. No feminino, as vítimas do dia foram as tchecas Hajeckova e Klapalova. Entre os homens, os canadenses Binstock e Reader foram os derrotados da vez. Com o resultado, as duplas garantiram vaganas oitavas de final com o primeiro lugar. Mais um passo rumo ao pódio. |