A francesa Micheline Ostermeyer, nascida em 23 de dezembro de 1922, em Rang-du-Fliers, surpreendeu nos Jogos de Londres. Pianista clássica, quatro semanas antes ela tinha se formado, com honra, no Conservatório de Música de Paris.
Na Inglaterra, encantou o mundo ao ganhar duas medalhas de ouro, no arremesso do disco e no arremesso de peso, e uma de bronze no salto em altura.
Dividida entre o piano e o peso
Nos primeiros Jogos de pós-guerra, com instalações esportivas precárias e poucos recordes batidos, Ostermeyer ficou atrás apenas de Fanny Blankers-Koen na soma final de medalhas.
Estrela do atletismo, foi campeã nacional em oito oportunidades, em cinco diferentes modalidades (arremesso de peso, de disco, nos 80 m com barreiras, nos 60 m rasos e no heptatlo).
A fama como atleta, porém, quase estragou sua carreira como música clássica. Após as medalhas olímpicas, ela tirou de seu repertório, por seis anos, o compositor húngaro Franz Liszt, considerado muito "esportivo".
Ainda na infância, Micheline mudou-se com a família para o norte da África. Aos 13 anos, mudou-se para Paris, onde começou a estudar música.
Voltou para a Tunísia quando a Segunda Guerra Mundial foi declarada e, ainda adolescente, começou sua vida dupla de atleta e pianista. Fazia parte do Sport Clube de Tunis e dava um concerto semanal de piano numa rádio. "O esporte me ensinou a relaxar. O piano me deixou com os bíceps fortes e me deu noção de ritmo", dizia, defendendo a dupla jornada.
No início dos anos 50, Micheline abandonou definitivamente as pistas para se dedicar exclusivamente à música. Durante os anos 60, executou mais de 100 concertos pela Europa antes virar professora de piano. Micheline morreu em Rouen, em 15 de outubro de 2001, aos 78 anos.
Entre o piano e a pista