Fernanda Oliveira

"Depois da vitória, não falamos nada, só conseguíamos gritar de tanta emoção. Agora é hora de curtir tudo o que temos para curtir".

Aos 27 anos, a gaúcha Fernanda Oliveira conquistou a primeira medalha olímpica da vela feminina do Brasil, na sua terceira participação em olimpíadas. Ao lado de Isabel Swan, Fernanda fez história com uma vitória na regata da medalha, a prova decisiva que vale o dobro dos pontos.

Ao cruzarem a linha de chegada e garantirem o bronze, a euforia tomou conta de Fernanda e Isabel. Pularam na água, viraram o barco e nem conseguiram trocar palavras. "Foi grito atrás de grito, só conseguíamos gritar de tanta emoção", disse Fernanda já com a medalha no peito. "Agora é hora de curtir tudo o que temos para curtir", completou, sem revelar os planos da dupla após a conquista.

Antes do maior feito de sua carreira, Fernanda já havia mostrado o seu potencial. Em 2005, no Mundial de Rizhao, na China, ela e Isabel terminaram o Mundial de 470 em quarto lugar, a um ponto do terceiro posto. Até então, era o melhor resultado de uma tripulação feminina brasileira em eventos desse porte da vela olímpica - as paulistas Isabel Ficker e Laura Zanni foram campeãs mundiais da classe 420, que não é olímpica.

Os bons resultados continuaram acompanhando a dupla. Em 2008, as duas terminaram em quinto lugar no Troféu Princesa Sofia, na Espanha, em seu único campeonato na Europa na temporada. Além disso, passaram a ser respeitadas pelas estrangeiras e, inclusive, firmaram uma parceria com as italianas Giulia Conti e Giovana Micol, vice-campeãs mundiais em 2008. As duas duplas chegaram a treinar juntas no Rio de Janeiro no começo do ano, inverno na Europa.

A campanha olímpica, que começou em 2005 e foi cuidadosamente planejada, compensou o que aconteceu com Fernanda em Atenas-2004. Em sua segunda Olimpíada, a gaúcha terminou em 17º lugar, ao lado de Adriana Kostiw, graças ao equipamento usado.

Na Grécia, as brasileiras velejaram com um modelo defasado de barco. Fernanda e Adriana competiram com uma embarcação de 1999, enquanto todas as outras duplas concorrentes usavam barcos de 2004. O motivo é que a classificação das duas velejadoras foi inesperada, até para a Federação Brasileira de Vela e Motor.

Depois da primeira experiência olímpica, chegou a formar parceria com Adriana em 2001, mas a distância que a separava da velejadora paulista impediu a continuidade da dupla. As duas só voltaram a competir juntas em dezembro de 2003. Mesmo com pouco tempo de treino, Fernanda e Adriana terminaram o Mundial da Croácia, já em 2004, em 13º lugar, resultado suficiente para classificá-las para os Jogos de Atenas. Era o começo de uma trajetória que terminaria com o bronze em Pequim.