André Fonseca

"Essa campanha foi feita no amor pelo esporte. Mas o tempo passa e as necessidades mudam. Na próxima, vou pensar duas vezes".

A volta ao mundo que tirou Torben Grael dos Jogos Olímpicos de Pequim acabou permitindo que outro velejador conseguisse sua classificação. O catarinense André Fonseca, da classe 49er, foi tripulante do Brasil 1, o primeiro barco brasileiro a disputar a regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race. O dinheiro que recebeu pela empreitada foi salvador para que ele conseguisse se sustentar por mais uma campanha olímpica.

Com poucos patrocinadores, Fonseca e seu parceiro, o gaúcho Rodrigo Duarte, bancaram a maior parte da campanha olímpica. "Olimpíada é sonho e, se tivesse de vender as calças, nós venderíamos. Mas na próxima campanha, não posso fazer nesse mesmo modelo", diz o velejador.

A regata de volta ao mundo, benéfica por um lado, foi vilã em outro. Nos dois anos de competição, o contato com o 49er foi praticamente nulo e Fonseca teve fazer uma readaptação à classe a partir de 2006. O resultado: a dupla, 6ª colocada em Atenas 2004, só se classificou para os Jogos em 2008, seis meses depois da primeira chance de garantir a vaga.

Mas a dupla conseguiu fazer uma boa campanha em Pequim, mantendo a regularidade ao longo das 13 regatas disputadas. André e Rodrigo chegaram a vencer uma das provas e se classificaram para a regata da medalha, implantada em 2008, que reúne os dez primeiros valendo o dobro dos pontos. No final, com a 7º colocação, eles não conseguiram superar Atenas, mas representaram bem o Brasil.

Com 30 anos - completados exatamente no dia da abertura dos Jogos -, Fonseca disputará sua terceira Olimpíada. A primeira foi em Sydney, ao lado do hoje técnico Alexandre Paradeda, na classe 470. Em 2001, mudou para a nova 49er, que chegou às Olimpíadas em 2000, e passou a velejar com Duarte. A parceria terminou em 2005 e só foi retomada em 2007. Em 2006, Fonseca velejou com Samuel Albrecht, classificado aos Jogos na classe 470, como seu proeiro.

Fonseca conheceu a modalidade através de seu pai, que tinha um barco de cruzeiro e levava o filho para passear. O garoto se interessou pelo esporte e entrou em uma escolinha de vela. Aos 14 anos, conquistou o título brasileiro da classe Optimist, o mais cobiçado entre os jovens velejadores. Mais velho, se tornou bicampeão mundial júnior da classe Snipe, feito inédito no Brasil.