Brasil dá as costas para fundo do poço e, entre vitórias e derrotas, ganha medalhas e respeito
Ricardo Zanei
Do UOL, em São Paulo
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Flavio Florido/UOL
Diogo Silva sai do buracos duas vezes, mas cai nas semifinais do taekwondo nesta quinta-feira
"Sem medalha olímpica, a gente volta pro buraco de novo", disse Diogo Silva. Mas a quinta-feira olímpica mostrou contrário: na verdade, sempre dá para sair do buraco. O próprio lutador de taekwondo foi um exemplo disso. O vôlei, na quadra e na praia, idem. Isso não quer dizer que você vá vencer sempre. Mas que dá, dá.
Desacreditado, o vôlei feminino do Brasil quase caiu na primeira fase: hoje, é finalista. Foram duas derrotas na primeira fase, para os EUA e a Coreia do Sul (essa, por 3 a 0, um passeio), e vitórias apertadas sobre Turquia e China. A classificação correu risco e veio apenas na quarta posição de seu grupo.
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Veio o mata-mata e a lembrança de Atenas-2004, semifinal, 24 a 19. Era o fantasma da Rússia novamente no caminho. O time de Gamova e cia. fez 2 a 1 e vencia o quarto set. As brasileiras empataram. As russas tiveram seis match points no tie-break. As brasileiras viraram e exorcizaram o que ainda existia de dúvida.
Veio a confiança. Contra o Japão, nesta quinta, foi a vez de as comandadas por Zé Roberto Guimarães atropelarem. Sem sustos, sem oscilações, sem vacilos. Buraco? Ninguém nem lembra que elas quase caíram na primeira fase.
Na praia, Alison e Emanuel perderam o primeiro set na final contra os alemães Julius Brink e Jonas Reckermann. Empataram, mas começaram atrás no tie-break. Pior: os alemães chegaram a abrir 14-11. Aí, Reckermann bloqueou para fora, Reckermann atacou para fora, Emanuel fez um ponto de saque, e o inimaginável aconteceu, 14-14. Tudo bem, os europeus fecharam em 16-14, mas foi uma bela reação.
Reação, aliás, que Diogo mostrou mais de uma vez no seu dia de lutas em Londres. Na semi contra o iraniano Mohammad Bagheri Motamed, tirou da cartola um golpe quase perfeito a 10s do fim e empatou uma luta perdida. Perdeu só na decisão dos juízes, depois até do “golden score”, a prorrogação do taekwondo.
Diante de Terrence Jennings, a história se repetiu. O norte-americano chegou a abrir 5 a 0, mas o brasileiro cavou aqui, cavou ali, e empatou por 5 pontos a 4 segundos do fim. Foi a vez de o lutador dos EUA acertar um chute “impossível” e garantir a vitória.
O brasileiro acabou em quarto e bateu na trave por uma medalha olímpica pela segunda vez. "Sem medalha olímpica, a gente volta pro buraco de novo", disse, ao comentar seu desempenho. Não é bem assim, Diogo. O dia olímpico mostrou que, até mesmo nas derrotas e, apesar dos cartolas, sempre dá para sair do buraco.
HISTÓRIAS OLÍMPICAS
ATLETISMO
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Na pista, o destaque brasileiro foi a equipe feminina do revezamento 4x100. O time formado por Ana Cláudia Lemos, Franciela Krasucki, Evelyn dos Santos e Rosângela Santos conseguiu a marca de 42s55, batendo o recorde sul-americano. Foi o sexto melhor tempo das semifinais. A final está prevista para 16h40 (de Brasília) de sexta. No decatlo, Luiz Alberto de Araújo acabou em 19º.
CICLISMO
Renato Rezende sofreu uma forte queda durante as quartas de final do BMX, nesta quinta-feira, e teve que abandonar a prova ainda na segunda bateria. O brasileiro foi diagnosticado com uma luxação no ombro e foi levado ao hospital para verificar a existência de fratura. O acidente aconteceu na segunda bateria da prova de BMX. |
LUTA
Joice Silva teve um bom desempenho em sua estreia em Londres, mas acabou derrotada pela russa Valeriia Zhobolova por 3 a 1 na categoria até 55 kg da luta livre. A atleta ainda se manteve na torcida para conseguir uma vaga na repescagem, mas viu sua chance acabar quando Zhobolova caiu na semi. |
MARATONA AQUÁTICA
Poliana Okimoto abandonou a prova no Hyde Park após sofrer uma crise de hipotermia durante a competição. Ela desmaiou após ser retirada da água pela equipe de apoio que acompanhava a prova dentro de barcos, foi levada em uma cadeira de rodas ao centro médico da instalação olímpica para receber atendimento. Foi liberada em seguida e recebeu recomendação médica para 24 horas de repouso absoluto. "Ela saiu andando, que é o mais importante. O COB providenciou um carro para levá-la para o hotel. Se ela se sentir bem, vai conceder uma entrevista amanhã”, disse Igor Souza, diretor de águas abertas da CBDA. |
TAEKWONDO
Diogo Silva voltou a bater na trave na tentativa de conquistar sua primeira medalha olímpica. Nesta quinta-feira, ele levou um golpe na cabeça no último segundo, foi derrotado pelo norte-americano Terrence Jennings por 8 a 5 na disputa do bronze da categoria até 68 kg do taekwondo nos Jogos Olímpicos de Londres e deixou a competição de mãos vazias: "Sem medalha olímpica, a gente volta pro buraco de novo". |
VÔLEI DE PRAIA
Emanuel e Alison viram a glória olímpica bem de perto. Mas pararam na frieza dos alemães Brink e Reckermann e em um ataque errado que Emanuel tinha certeza ter ido dentro. Perderam por 2 a 1 e levaram a prata. Com isso, acabou o sonho de Emanuel entrar no seleto clube dos bicampeões olímpicos brasileiros, já que ele já avisou que não tem certeza se o corpo aguenta chegar até o Rio-2016. |
VÔLEI
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O dia era de festa para o vôlei brasileiro. Há exatos 20 anos, José Roberto Guimarães comandava a equipe que conquistou o 1º ouro olímpico da modalidade no país. Neste 9 de agosto de 2012, o técnico mais uma vez colocou uma equipe (e seu nome) em uma final olímpica. Uma vitória tranquila por 3 sets a 0, que levou a seleção feminina à segunda decisão consecutiva dos Jogos. Um resultado que até cinco dias atrás era considerado improvável (e quase impossível), depois de uma péssima primeira fase e a classificação suada para as quartas de final. Sábado, que venham as americanas, na reedição da final de Pequim-2008.