No aniversário de 92, Zé Roberto vai à final e pode ser o 1º tricampeão olímpico do país

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

José Roberto Guimarães começou o dia recebendo mensagens de seus ex-jogadores que participaram da conquista do primeiro título do vôlei em Olimpíadas, e terminou a um jogo do seu terceiro ouro. Se a seleção feminina de vôlei vencer os Estados Unidos na final em Londres no próximo sábado, ele se isolará como o brasileiro que mais vezes ganhou a competição mais importante do mundo.

Até hoje, o Brasil não tem nenhum tricampeão olímpico, entre atletas ou técnicos. Os que mais se aproximam são Adhemar Ferreira da Silva, os jogadores de vôlei Maurício e Giovane e os velejadores Marcelo Ferreira, Torben Grael e Robert Scheidt, todos com dois ouros cada.

Hoje técnico da seleção feminina, ele venceu as Olimpíadas pela primeira vez há exatamente 20 anos, com a geração de Tande, Carlão, Marcelo Negrão e tantos outros. “Esse dia 9 é sempre muito especial. Hoje [quinta] eu acordei e tinha uma mensagem do Paulão. Agora devem ter tantas outras. É sempre muito gostoso”, disse Zé Roberto após a vitória de seu time por 3 a 0 sobre o Japão, na semifinal disputada em Londres.

MENINAS BUSCAM SUPREMACIA HISTÓRICA EM LONDRES

Há quatro anos, ele também levou o vôlei feminino à sua primeira conquista. Agora, não quer nem saber do recorde antes de conquista-lo. “Não gosto de falar disso. Uma vez eu li uma entrevista do Juca de Oliveira [ator], em que perguntaram a ele em que ele pensava quando montava uma peça de teatro. E ele disse que pensava na arte, no que ele passaria para o público, e não no dinheiro. E depois disso nunca mais pensei em nada do tipo. Os deuses do teatro conspiram contra”, disse o técnico.

O machucado no braço direito não esconde que a tensão é igual à das primeiras vezes. A sequência de peixinhos que ele deu logo depois da vitória histórica contra a Rússia, nas quartas de final, literalmente marcou o treinador. “Ainda acordei com as costas doendo. Baita vergonha”, disse ele, aos risos, diante dos jornalistas.

RIVAL TAMBÉM QUER MARCA

Hugh McCutcheon, técnico dos Estados Unidos, pode ser a pedra no caminho de José Roberto Guimarães para, de quebra, igualá-lo. O brasileiro é o único na história a conquistar os Jogos com os homens e as mulheres. Campeão em 2008 com o time masculino, o treinador neozelandês espera repetir a dose em Londres.

Aos 58 anos, Zé Roberto ainda não sabe se segue na seleção brasileira após os Jogos Olímpicos. Só sabe que, se vencer em Londres, vai ter de pagar uma promessa refazendo o caminho de Santiago de Compostela. “Mas agora em uma versão mais curta, porque eu não aguento tanto”, diz ele, que diz que não dá mais para “ficar dando peixinho”, mas sabe que não vai deixar o esporte tão cedo.

“Eu me sinto um soldado do meu país. Penso no futuro do Brasil como uma potência olímpica”, conta o treinador. Questionado se aceitaria um cargo de gestão esportiva em um futuro próximo, ele foi incisivo. “Se eu puder contribuir, não tenha dúvida que sim. Eu vou morrer professor, adoro a base”, concluiu. 

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