O bairro de Jacaraipe, em Serra, Espírito Santo, parou por volta das 18h40 de quarta-feira para acompanhar pela TV Yamaguchi Falcão Florentino. Prata da casa, o pugilista colocou mais uma vez o nome da família em evidência nos Jogos Olímpicos, com um feito. Depois do irmão Esquiva avançar à semifinal na categoria até 75 kg, foi a vez dele derrotar um campeão mundial e garantir mais uma medalha de bronze para o clã de Touro Moreno. É o terceiro pódio do Brasil em Londres, melhor campanha da história do país.

Muito emocionada com o feito dos seus filhos, dona Maria Olinda não escondeu o ingrediente especial que coloca na comida dos meninos para que eles conseguissem chegar a Londres e acabar com um jejum de 42 anos sem medalhas para o boxe.

"Aqui é comida de pobre mesmo. Muito arroz, feijão, costela com batata, couve para recarregar todas as energias”, disse a mãe de Esquiva, de 22 anos, e Yamaguchi, de 24 anos.

A família é capitaneada por Adegard Câmara Florentino, ou Touro Moreno, como é conhecido no mundo do boxe. Aos 75 anos, ainda na ativa nos ringues, ele é a base para que Yamaguchi e Esquiva tenham atingido o auge com as campanhas em Londres.

Touro Moreno arrastou quatro de seus nove filhos para a modalidade, treinando os garotos na academia improvisada no quintal de casa, onde esmurra uma bananeira para aprimorar socos.

“Paizão, você é o cara que me dá força, me apoia, dá conselhos sempre. Agradeço a toda a minha família, os treinadores”, disse Yamaguchi após derrotar Julio la Cruz Peraza.

A comunicação entre a família e os boxeadores, que estão alojados na Vila Olímpica em Londres, no entando, não é as melhores, e os pais, que não têm celular, recorrem a recados. “Está muito difícil falar com ele, só damos recado através dos amigos na lan house”, disse Touro.

Segundo os familiares, cerca de 200 amigos e parentes se reuniram no quintal da casa dos boxeadores para acompanhar a luta em um telão.

Yamaguchi exaltou a vitória sobre o cubano Julio la Cruz Peraza, atual campeão mundial e número 1 do mundo, sentimento que foi compartilhado por toda a família.

“Esse (Peraza) era uma pedra no sapato dele, mas que ele conseguiu chutar para bem longe. Desde o começo a gente viu que ele ia ganhar. Agora ele vai chegar na final e trazer a medalha de ouro. Assim como o Esquiva”, afirmou Maria Olinda.

“Quando ele derrubou aquela muralha me deu uma emoção muito grande. Para mim os cubanos são sempre os mais fortes, porque lá eles nascem no boxe. Mas meu filho conseguiu cansar a guarda dele, tanto que quase derrubou”, analisou Touro Moreno, que apesar da idade e dos pedidos dos filhos, segue na ativa em cima dos ringues.