Rei de Londres, Usain Bolt sela dia da "prova dos 9" nas Olimpíadas

Bruno Doro e Ricardo Zanei

Do UOL, em São Paulo

Domingo, 5 de agosto, o dia em que o mundo parou. Por pouco mais de 9 segundos, mais de 1 bilhão de pessoas voltaram seus olhares para o Estádio Olímpico. Ali, 9s63 depois, Usain Bolt – curiosamente, nove letras – se tornava uma lenda. O 9º dia dos Jogos (contando que as competições começaram no sábado) foi dele. A final acabou rapidinho, mas a prova mais veloz do planeta reuniu mais do que uma boa história. Cinco causos nos 100 m rasos e outros quatro personagens ajudam a contar, em 9 passos, o domingo olímpico.

1 - Um mito chamado Bolt

  • AFP PHOTO / JOHANNES EISELE

    Todo mundo olhava para Bolt. Afinal, ele é a grande estrela do atletismo. Se ele deixou Pequim com o olhar de espanto e admiração pelas vitórias avassaladoras, o olhar em Londres era de dúvida. Queimar a largada e ser eliminado na semifinal dos 100 m no Mundial, no ano passado, pegou mal. Neste domingo, ele voltou a ser aquele Bolt de sempre. Na verdade, foi ainda maior. Afinal, se unir a Carl Lewis como os únicos homens na história vencer a prova mais rápida do atletismo em duas Olimpíadas seguidas é para poucos. De fato, para um só: Bolt.

2 - O herdeiro da lenda, Johan Blake

Em 2008, um jovem jamaicano, em sua primeira Olimpíada, mas com feitos impressionantes, surpreendeu o mundo ao conquistar três medalhas de ouro e três recordes mundiais. Em 2012, a história não se repetiu, mas Johan Blake, campeão mundial de 2011 e melhor nos 100 m rasos na temporada, deu mostras que pode ser “o cara”. Treina, almoça, janta, viaja, enfim, é uma cria de Bolt. Conhece o campeão como poucos. Em Londres, superou rivais de peso para ficar com a prata nos 100 m. Um feito invejável.

3 - Gatlin, recorde, doping, NFL e pódio

Após Atenas-2004, Justin Gatlin era “o cara” do atletismo dos EUA. Sorridente, levava no peito o ouro dos 100 m rasos, a prova mais importante dos Jogos. Dois anos depois, tudo desmoronou: ficou quatro anos suspenso por doping, em um dos maiores escândalos que o atletismo já viu. Tentou jogar futebol americano, ouviu não de times da NFL e viu os EUA deixarem de ser a potência dominante nas provas de velocidade. A redenção veio neste domingo, com o bronze nos 100 m rasos. Se Bolt e Blake formam uma dupla quase imbatível, Gatlin mostrou que pode ser um intruso no domínio jamaicano.

4 - Tyson Gay, a um passo do paraíso

Curiosamente, em 2007, ele estava um passo à frente, ao vencer os 100 m, os 200 m e levar o time dos EUA ao ouro do 4x100 m no Mundial. Mas, a partir de 2008, ele perdeu o rumo da história. Desembarcou em Pequim com a impressionante marca de 9s68, desconsiderada pela ajuda do vento, e como grande favorito nos 100 m. Mas sofreu uma lesão e, fora de sua melhor forma física, parou na semi olímpica. Bolt, no Mundial de Berlim-2009, registrou o recorde mundial com 9s58; um mês depois, Gay corria em 9s69, hoje, o quarto melhor tempo da história e a mesma marca que deu o ouro ao jamaicano na China. Em Londres, mais uma vez, chegou perto do pódio, ao terminar os 100 m em quarto, 0s01 atrás de Gatlin. Um passo, e ele estaria no paraíso.

5 - Powell, lesão e fama de amarelão

Asafa Powell foi recordista mundial entre 2005 e 2008 e é o homem que mais vezes correu os 100 m abaixo dos 10s: 79. O jamaicano também é um dos atletas de elite com uma das maiores famas de amarelão dos últimos tempos. O motivo: sempre que valia medalha em uma grande competição, ele fracassava. Foi assim nos Mundiais de 2005, 2007 e 2009, foi assim nos Jogos de Pequim-2008. Aos 29 anos, chegou a Londres ofuscado por Bolt e seu pupilo Blake. Neste domingo, mais uma vez, não venceu: pior, foi o último colocado. Dessa vez, a culpa foi de uma fisgada na virilha, lesão que pode ter encerrado a trajetória olímpica de um dos maiores velocistas da história.

6 - A seis pontos de uma medalha histórica

O domingo londrino não foi apenas do atletismo. Robenílson de Jesus poderia se tornar o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha olímpica no boxe depois de 44 anos. O cubano Lazaro Alvarez Estrada, atual campeão mundial, era apontado como um dos grandes nomes no peso galo e confirmou o favoritismo ao vencer por 16 a 11. A sexta história do nono dia podia ser diferente, afinal, mais seis pontos colocariam o baiano na semi e, por consequência, garantiriam o bronze antecipadamente.

7 - Sete games para congelar o favorito

Com sete títulos em Wimbledon, palco do tênis nos Jogos, Roger Federer era o franco favorito ao ouro olímpico. O título o colocaria ao lado de Andre Agassi e Rafael Nadal como os únicos a fechar o “Career Golden Slam” (quatro conquistas de Grand Slam mais o título dos Jogos). Mas o suíço, não por acaso, aparece como a sétima história do dia. Ganhou apenas 7 games na derrota por 3 a 0 para Andy Murray. O escocês, assim, conseguiu a primeira medalha de ouro do Reino Unido na chave de simples desde 1908.

8 - Pistorius e seus passos históricos

A final dos 400 m rasos reúne oito atletas. Oscar Pistorius não ficou entre eles, mas foi protagonista de um dos principais momentos dos Jogos até agora. Ao correr as eliminatórias, pela manhã, o sul-africano se tornou o primeiro atleta biamputado a competir nas Olimpíadas. Nas semifinais, foi o último de sua bateria, mas o resultado pouco importava: a festa pela impressionante conquista pessoal já estava selada.

9 - Da prata para o bronze

Se Bolt demorou pouco mais de 9s para se tornar um mito, Roberto Scheidt e Bruno Prada ficaram a 9 pontos do ouro. Eles entraram na “medal race”, última regata da classe Star, na segunda colocação. A chance de vitória era remota, mas a medalha estava assegurada. Restava saber a cor. A estratégia falhou, e a prata, quase garantida, virou bronze. Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, admitiu o gosto amargo.

ATLETISMO

No dia de Usain Bolt, os brasileiros não foram bem. Jailma Sales não conseguiu classificação para a semifinal dos 400 m com barreiras e Guilherme Cobbo não passou dos 2,26 m no salto em altura, ficando fora da final. Na maratona, a única representante do Brasil, Adriana Aparecida da Silva, foi bem na primeira metade da prova, mas caiu bastante na segunda parte. Ela completou o percurso em 2h33min15, na 47ª colocação.

BASQUETE

  • Uma vitória em cinco jogos e um nono lugar entre 12 equipes. Esta é a campanha da seleção brasileira feminina de basquete nos Jogos Olímpicos de Londres. Depois de perder nas quatro primeiras rodadas, resultados que levaram à eliminação precoce ainda na fase de grupos, o time do técnico Luiz Tarallo enfrentou o Reino Unido e venceu por 78 a 66, evitando a pior campanha da história em uma Olimpíada – em Pequim, o Brasil terminou na 11ª colocação. O trio Clarissa, com 16 pontos e 13 rebotes, Érika, com 16 pontos, oito rebotes e seis assistências, e a armadora Adrianinha, com 15 pontos e 12 assistências, foi o destaque da seleção.

HANDEBOL

  • REUTERS/Marko Djurica

    O Brasil mostrou que não se deixou abalar pela derrota para a Rússia e fechou com vitória sua participação na chave feminina de handebol. A equipe comandada pelo dinamarquês Morten Soubak bateu a seleção de Angola por 29 a 26 e ainda contou com o tropeço da Rússia para confirmar o primeiro lugar no Grupo A. Enfrenta a Noruega nas quartas.

HIPISMO

Três conjuntos brasileiros asseguraram neste domingo uma vaga na terceira fase do torneio de saltos no hipismo em Londres. Os cavaleiros Doda Miranda, Rodrigo Pessoa e José Roberto Reynoso ficaram entre os 45 melhores na segunda rodada e seguiram na competição. O desempenho deles assegurou ao Brasil o sétimo lugar geral, e uma vaga na final por equipes na segunda-feira.

BOXE

O Brasil não teve o início esperado no boxe feminino, no dia da estreia das mulheres no pugilismo em Olimpíadas. Foram duas derrotas - uma na primeira luta do país. Mas a terceira representante, Adriana Araújo, colocou o Brasil a uma vitória de garantir ao menos o bronze. Érica Matos abusou dos agarrões e foi punida. Com os pontos perdidos, viu a rival Saida Khassenova, do Cazaquistão, avançar por só um ponto. Adriana teve de virar contra Saida Khassenova, do Cazaquistão, e até superou uma punição por bater na rival durante uma pausa, mas conseguiu a classificação para as quartas de final. A segunda derrota foi da campeã mundial de 2010 Roseli Feitosa, que não fez frente à chinesa Jinzi Li. Entre os homens, Robenílson perdeu para cubano.

GINÁSTICA

  • AFP/Thomas Coex

    O primeiro dia de finais por aparelhos da ginástica artística em Londres não poderia ser mais anticlímax do que foi. Principais torcedores presentes, os donos da casa britânicos e os norte-americanos tiveram de se contentar com pratas amargas. No cavalo com alças, Louis Smith tirou a mesma nota do húngaro Krisztian Berki, mas ficou ‘só’ no segundo lugar, viu o rival levar o ouro e deixou a torcida com gosto de ‘quero mais’, apesar da dobradinha com Max Whitlock (bronze). Já na decisão do salto, McKayla Maroney (a bonitinha da foto) fez um primeiro voo arrasador, mas caiu na segunda tentativa e perdeu o título que parecia garantido para a romena Sandra Izbasa. O rosto da americana no pódio mostrava tudo. Na final do solo, sem zebra: Zou Kai levou a melhor no 1º ouro da China na ginástica em Londres.

NADO SINCRONIZADO

As brasileiras Lara Teixeira e Nayara Figueira ficaram na 12ª posição entre os 24 duetos que realizaram apresentação da rotina técnica neste primeiro dia de nado sincronizado em Londres. O dueto verde e amarelo volta a competir nesta segunda-feira e precisa se manter pelo menos na mesma posição para avançar à final.

VELA

Robert Scheidt e Bruno Prada poderiam sair com o ouro. As chances maiores, no entanto, eram de prata. No fim das contas, eles saíram com o bronze da classe Star. O resultado teve um gosto amargo. Agora, resta a Scheidt torcer pela mulher, lituana que está disputando a classe Laser Radial. O brasileiro não pode nem mesmo se gabar de ser o melhor olímpico da vela: no mesmo dia em que ele superou Torben Grael, foi superado minutos depois por Ben Ainslie.

Nas outras classes, destaque para Ricardo Winicki, o Bimba, que está na regata da medalha da RS:X (mas não tem chance de medalhar).

VÕLEI

A seleção feminina de vôlei demorou, mas finalmente ganhou sem ceder sets e acertando em quase todo o jogo. Depois de dias de pressão, o Brasil entrou em quadra dependendo só de si mesmo para avançar, bateu a Sérvia por 3 a 0 e está nas quartas de final do torneio olímpico.

Antes, porém, se assustou. A vitória da China sobre a Coréia, com suspeitas de favorecimento, quase eliminou o time de Zé Roberto, que só se classificou porque os EUA foram sérios e venceram sua partida.

VÔLEI DE PRAIA

Absolutas, Juliana e Larissa venceram mais uma partida neste domingo e conquistaram vaga para as semifinais do vôlei de praia em Londres. A vitória sobre a dupla alemã Laura Ludwig e Sara Goller por 2 sets a 0 foi tranquila no início, mas teve sufoco na segunda etapa, com parciais de 21 a 10 e 21 a 19.

 

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