Atletismo fica sem medalha, mas maratona traz emoção e grandes imagens dos Jogos

Cleber Guilherme

Cleber Guilherme

  • AP Photo/Emilio Morenatti

    Corredores passam pelo Big Ben durante a maratona, no último dia dos Jogos de Londres

    Corredores passam pelo Big Ben durante a maratona, no último dia dos Jogos de Londres

Chegado ao final da edição dos Jogos Olímpicos de 2012, o que era bem provável aconteceu: o atletismo brasileiro retorna sem conquistar nenhuma medalha. A última vez que o atletismo ficou sem medalhas foi exatamente há 20 anos, nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992.

Na última prova do atletismo, a maratona masculina, Marílson dos Santos era, na prática, o único representante brasileiro que poderia evitar que o país ficasse sem medalhas no atletismo. Entre nossos representantes da maratona, Marílson possuía nesta temporada a marca de 2h08min03s. Paulo Roberto marcou 2h10min23s e Franck Caldeira 2h12min03s .

É verdade que o tempo de Marilson não o colocava como favorito, pois havia pelo menos oito atletas com marcas melhores. Onde, então, estavam nossas esperanças?
 
A maratona dos Jogos Olímpicos de Londres foi realizada em um percurso onde os atletas passarram várias vezes pelo mesmo ponto, com um total de 90 curvas, o que tornou a prova mais lenta do que a edição de Pequim-2008.
 
Em Pequim, o percurso apresentava retas mais longas e menos curvas, o que favoreceu, inclusive, a quebra do recorde olímpico pelo queniano Samuel Wanjiru, com 2h06min32s.  O recorde anterior pertencia ao português Carlos Lopes (2h09min21s), obtido nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984
 
Como era esperado, a prova de Londres dificilmente possibilitaria uma nova quebra de recorde e os africanos não conseguiram imprimir um ritmo rápido no início. Com isso, os brasileiros se mantiveram sempre próximos ao grupo de líderes no início da prova. O brasileiro Franck Caldeira inclusive era líder aos 10 km, com a marca de 30min38s e velocidade média de 3min04s/km. Marílson dos Santos e Paulo Roberto passavam os 10 km em 30min46s, média de 3min04s/km, em um grupo com 20 atletas.
 
Dos 15 km aos 30 km, o ritmo dos líderes aumentou para 3min/km, em média, e somente Marílson apresentava condições de lutar por uma medalha.
 
Na passagem dos 35 km, o ritmo voltou a cair um pouco, média de 3min01s/km. Marílson passou esse trecho com a velocidade média de 3min03s/km e o grupo que liderava começou a se distanciar do brasileiro. Nos mesmos 35 km, os brasileiros Paulo Roberto (7o colocado) e Franck Caldeira (12o colocado) tinham, respectivamente, velocidade média de 3min05s/km e 3min06s/ km. 
 
Nos 40 km, o atleta Stephen Kiprotich, de Uganda, era o líder, com 2h01min12s (velocidade média de 3min01s/km) e o sonho dos brasileiros pela busca de medalhas chegou ao fim. Marílson apresentou uma velocidade média de 3min05s/km, Paulo 3min07s/km e Franck Caldeira 3min08s/km.
 
No final, Kiprotich se tornou campeão olímpico com o tempo de 2h08min01s, a medalha de prata ficou com o queniano Abel Kirui, que foi campeão mundial em 2011, com 2h08min27s, e o bronze foi para outro queniano, Wilson Kipsang Kiprotich, com 2h09min37s.
 
Marílson dos Santos e Franck Caldeira, que na maratona olímpica de Pequim haviam abandonado, desta vez fizeram uma prova bem melhor. Marílson terminou na 5a colocação ( 2h11min10s, Franck foi o 13o colocado ( 2h13min35s). Paulo Roberto, que foi o nosso estreante em maratonas olímpicas, concluiu a prova em 8o (2h12min17s).
 
É verdade que ficamos sem medalhas no atletismo, mas Marilson dos Santos, Paulo Roberto e Franck Caldeira protagonizaram muitas emoções para nós, brasileiros, em uma prova com grande público, que incentivou os atletas durante todo o trajeto, protagonizando uma das imagens mais bonitas dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Cleber Guilherme

É técnico especialista em corrida de rua desde 1994. Treinador Nível 4 pela Iaaf (Associação Internacional de Atletismo), atua como treinador de atletismo do Centro de Excelência Esportiva do Ibirapuera e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo. É professor universitário da UNIP e FMU, além de comentarista de atletismo ESPNBrasil, BandsSports e colunista do site runningnews.

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