Drama de Fabiana Murer já aconteceu com outros campeões do salto com vara

Cleber Guilherme

Cleber Guilherme

  • Lalo de Almeida/ Folhapress

    Fabiana Murer falha em tentativa de salto; brasileira ficou em 14º na eliminatória e não avançou à final

    Fabiana Murer falha em tentativa de salto; brasileira ficou em 14º na eliminatória e não avançou à final

A atual campeã Mundial do salto com vara Fabiana Murer foi eliminada na manhã deste sábado dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, causando tristeza a todos nós brasileiros que sabíamos do potencial da atleta para lutar por uma das medalhas na competição.

A prova do salto com vara já protagonizou dramas semelhantes. Nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, o ucraniano Sergei Bubka errou as três tentativas, duas com a barra a 5,70 metros de altura e uma a 5,75 metros, diante de um público de mais de 60.000 pessoas que foram ao Estádio Montjuic. Na época, o atleta foi vaiado ao sair da prova, e muito criticado da mesma forma que a nossa Fabiana Murer foi durante esse dia, e ainda deverá ser durante um bom tempo.

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    Fabiana Murer se lamenta após ter ficado fora da final olímpica do salto com vara em Londres

“Todos os atletas tem direito de ter um dia ruim na vida” disse o atleta, que não conhecia a derrota desde 1990.

Assim como Fabiana, Bubka mencionou problemas com o vento e na escolha da vara, e disse que “estava nervoso durante toda a competição”. Por que então cobramos tanto de Fabiana se o maior nome de toda a história do salto com vara também errou em uma edição de Jogos Olímpicos?

Outro fato marcante foi a desclassificação da saltadora russa Yelena Isinbayeva no Campeonato Mundial de Berlim-2009. A atleta, na época recordista mundial com a marca de 5,05 m e também campeã Olímpica em Pequim-2008, fez o que era improvável: errou três vezes, uma com a barra em 4,75 metros e duas em 4,80 metros, e foi eliminada. Foi a segunda derrota dela no ano, depois de ficar invicta por 19 competições seguidas.

Sem acreditar no que havia acontecido, a russa comentou: “Não acredito que isso aconteceu comigo. É o destino. Vou me lembrar dessa derrota para sempre”, disse a grande campeã, chorando muito. Porém, no mesmo ano, na Liga de Ouro de Zurique (Suíça), a saltadora deu a volta por cima e quebrou o recorde mundial do salto com vara com a marca de 5,06 m.

O que aconteceu com Fabiana, Bubka e Isinbayeva, pode acontecer com qualquer atleta, principalmente nas provas de saltos. Lembramos ainda de outros casos, agora no salto em distância onde a portuguesa Naide Gomes, favorita a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos em Pequim, errou suas três tentativas e ficou fora da final, vencida de forma fantástica por nossa atleta Maurren Maggi com 7,04 metros.

Brasileiros em Londres - dia 8
Brasileiros em Londres - dia 8

Outro atleta que ficará na memória de muitos é o panamenho Irving Saladino, primeiro medalhista de ouro do Panamá em Jogos Olímpicos. Ele não foi à final do salto em distância nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, por errar suas três tentativas na fase eliminatória, dando adeus à final. Ao ser questionado se havia sido um fracasso um atual campeão olímpico ficar fora da final, o mesmo disse: “Não foi um fracasso. Fracasso é não se classificar para os Jogos Olímpicos. Não vou abaixar a cabeça, vou seguir em frente. Não tive a preparação adequada por conta de uma lesão no joelho, que me forçou a treinar poucos meses para competir“. O panamenho, que é treinado pelo brilhante técnico Nélio de Moura, operou o joelho no início do ano, em janeiro.

Que a nossa Fabiana Murer, orientada pelo competente Elson Miranda e por Vitaly Petrov, ex-treinador de Bubka e Isinbayeva, venha dar a volta por cima, pois a derrota também faz parte do Esporte. Agora não adianta cobrarmos e criticarmos essa excelente atleta que pode trazer muita alegria para nós brasileiros em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio.

Cleber Guilherme

É técnico especialista em corrida de rua desde 1994. Treinador Nível 4 pela Iaaf (Associação Internacional de Atletismo), atua como treinador de atletismo do Centro de Excelência Esportiva do Ibirapuera e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo. É professor universitário da UNIP e FMU, além de comentarista de atletismo ESPNBrasil, BandsSports e colunista do site runningnews.

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