Pressionado, Bolt melhora tempo de reação e torna feito do bi ainda mais incrível
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UOL/Flávio Florido
Usain Bolt faz gesto da vitória após conquistar a medalha de ouro nos 100 m rasos
Bolt venceu e se tornou bicampeão olímpico dos 100 m rasos. Isso todos viram, mas se analisarmos os dados, perceberemos que o feito foi ainda mais incrível.
O atual recordista mundial entrou muito mais pressionado do que na final de Pequim, em 2008. Nesta final de Londres, ele teve ao seu lado todos os adversários com marcas abaixo de 10 segundos – Asafa Powell se lesionou e fez 11s99, mas havia feito 9s94 na semifinal - , fato que nunca havia acontecido.
Antes de ir a Londres, muitos questionaram se o jamaicano repetiria as grandes marcas de quatro anos atrás. Afinal, o mesmo já vinha de uma lesão que o tirou de muitas disputas desde o Campeonato Mundial de Daegu, em 2011.
Na semifinal de hoje, Bolt conseguiu ganhar a série, mas teve o segundo pior tempo de reação de todos os semifinalistas: 180 milésimos de segundo.
O tempo de reação não é o item mais relevante para definir a vitória nos 100 m. Na verdade, o que mais influencia o resultado é a boa capacidade de aceleração e a manutenção da velocidade máxima durante o maior trecho possível. Acontece que em uma prova equilibrada como foi a final, esse tempo de reação poderia ter uma influência, mesmo que mínima.
Já na final, Bolt surpreendeu o mundo novamente e fez uma prova brilhante. Ele bateu o recorde olímpico de 9s69, que era dele mesmo e estabeleceu a marca de 9s63.
Além disso, Bolt melhorou seu tempo de reação na final de Londres e o fez em 165 milésimos de segundo, o mesmo tempo de reação realizada na final de Pequim. Assim como em 2008, ele não teve o melhor tempo de reação entre os finalistas, mas mostrou uma excelente capacidade de aceleração e manutenção de sua velocidade máxima.
É verdade que Bolt não teve tanta folga nos metros finais como em 2008, mas desta vez a disputa foi muito mais acirrada e Bolt venceu a final de melhor nível técnico de toda a história dos Jogos Olímpicos.
Cleber Guilherme
É técnico especialista em corrida de rua desde 1994. Treinador Nível 4 pela Iaaf (Associação Internacional de Atletismo), atua como treinador de atletismo do Centro de Excelência Esportiva do Ibirapuera e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo. É professor universitário da UNIP e FMU, além de comentarista de atletismo ESPNBrasil, BandsSports e colunista do site runningnews.