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Judô

Reuters
Tiago comemorou bastante a medalha de bronze

Tiago Camilo

"Coloquei todo povo brasileiro no meu coração. Não podia decepcionar ninguém", após a conquista do bronze em Pequim.

Data de nascimento
25/05/1982
Local de nascimento
Tupã (SP)
Residência
Porto Alegre (RS)
Peso e altura
81kg / 1,80m
Categoria
Meio-médio
Participação em Pequim
Bronze

Tiago Camilo era apontado como maior esperança de medalha do judô brasileiro nos Jogos de Pequim. Campeão mundial e pan-americano em 2007, o judoca era favorito ao primeiro lugar. De fato, Camilo retorna ao Brasil com um metal na mala, mas o bronze, que foi comemorado pelo atleta como se fosse o ouro.

"Tinham dois fazendeiros e eles oraram para que a chuva caísse em seus campos, mas só um deles foi até o campo preparar a terra para a chuva de Deus. Hoje preparei o campo para receber a vitória. Ela não veio, mas não estou decepcionado. Esse bronze valeu ouro", celebrou o meio-médio logo após vencer a disputa pela terceira colocação.

Depois de duas vitórias convincentes na chave principal, por waza-ari sobre o japonês Takashi Ono e por ippon sobre o iraniamo Hamed Malek, Camilo encontrou pela frente o forte alemão Ole Bischof, medalha de ouro, a quem já havia vencido na Copa do Mundo de Hamburgo de 2004. Dessa vez, a história foi diferente. Com pouca agressividade, o brasileiro foi dominado pelo europeu, que lhe aplicou dois waza-aris e o derrubou para a repescagem.

Na fase de recuperação, Camilo somou três novos êxitos, sobre o norte-americano Travis Stevens, o britânico Euan Burton e o holandês Guillaume Elmont, este último por ippon em combate que definiu o bronze. Apesar da frustração de ter ficado sem o ouro, o paulista de Tupã afirmou ter pensado no povo do país ao juntar as forças necessárias para conseguir se redimir da derrota. "Coloquei todo povo brasileiro no meu coração. Não podia decepcionar ninguém", desabafou.

Um dos mais jovens medalhistas olímpicos da história do judô, Tiago Camilo conquistou a medalha de prata em Sydney-2000 aos 18 anos. Teve, porém, de esperar até os 26 anos para voltar às Olimpíadas. E o fez em grande estilo: como campeão mundial e uma das estrelas do time brasileiro.

Em 2007, ganhou praticamente tudo o que disputou. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, conquistou a medalha de ouro em menos de dois minutos, vencendo todas as suas lutas por ippon - tudo isso, lutando em uma categoria acima da sua. No Mundial, de volta aos meio-médios, venceu seis das sete lutas que disputou por ippon e foi eleito o melhor da competição, repetindo o que o gaúcho João Derly tinha feito em 2005, no Mundial do Cairo.

Apesar do ano vitorioso, a vaga olímpica não veio imediatamente. Camilo foi campeão pan-americano e mundial, exigências para a indicação olímpica, mas em categorias diferentes. Com isso, teve de enfrentar o processo seletivo no início do ano, correndo o risco de ser eliminado pelo eterno rival Flávio Canto. Em forma, porém, teve um desempenho muito superior ao carioca e acabou classificado.

História bem diferente da seletiva olímpica para Atenas-2004. Em 2003, enfrentando Canto, não chegou a Atenas numa decisão conturbada. Camilo perdeu a vaga por uma punição sofrida no final da luta, por falta de competitividade. Na ocasião, ele chegou a pedir na Justiça o direito da vaga. "Nossa rivalidade é no esporte. Mas isso é passado. Já está superado", afirma.

O judoca começou no esporte em Bastos, cidade em que cresceu, aos quatro anos, por influência do seu irmão Luis Camilo (o Chicão) - que foi ouro em Santo Domingo-2003. "O meu pai achou bom porque dava muita disciplina. O que o judô me ensinou, eu sigo fora do tatame também", conta o judoca.

Quando tinha sete anos, o técnico reparou que ele teria jeito para competir. Aos 14 anos, decidiu ir para São Paulo junto com o irmão para participar de um projeto do governo estadual de incentivo ao esporte. Na capital, morava em um alojamento perto do Parque do Ibirapuera - local que ficou até o ano de 2001. De lá, foi para São Caetano treinar, e desde 2006, está na Sogipa - clube do bicampeão mundial João Derly e da jovem esperança Mayra Aguiar - em Porto Alegre.