"Mamãe do tiro" dos Jogos de Londres diz ser menos famosa do que seu estômago
Do UOL, em São Paulo
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STRINGER/MALAYSIA/Reuters
Nur Suryani Mohamed Taib, a "mamãe" do tiro
A pressão por ser a primeira atleta a representar a Malásia no tiro em uma edição de Jogos Olímpicos não é o que mais incomoda Nur Suryani Mohamed Taibi em sua preparação para Londres.
Mas a tensão que carrega é com os chutes da garota que está dentro de sua barriga durante a competição quando ela puxar o gatilho.
Suryani, de 29 anos, vai competir grávida de oito meses. Ela é a atual número 49 do mundo e vai competir no rifle de ar de 10 metros. Vai ingressar também no exclusivo clube de mulheres que já competiram grávidas em edições olímpicas.
O COI (Comitê Olímpico Internacional) não tem registro oficiais do números de grávidas que competiram em edições anteriores. Mas pesquisas da imprensa lembram de apenas outros três casos, e todos em Jogos de Inverno, não de Verão.
O tiro não requer corrida ou atividade física muito intensa. Se pratica com o corpo parado, e apenas o braço é movimentado. Mas pode ser decidido no equilíbrio, respiração e concentração.
FICHA TÉCNICA
Nome: | Nur Suryani Mohamed Taibi |
Nascimento: | 24.09.1982, em Perak, Malásia |
Altura: | 1,68 m |
Peso: | 65 kg |
Prova: | Tiro (Rifle de ar de 10 m) |
Mas Suryani, que competirá com uma calça especial, diz já saber o que fazer para competir tranquila. “Eu vou falar pra ela: ´mamãe está indo para um tiro rápido. Você pode ficar calminha?””, falou.
Apesar de ter os sintomas de gravidez, o principal obstáculo foi convencer as autoridades malaias a deixá-la competir. O comitê local estava preocupado com a saúde da competidora e de seu bebê e sugeriu que outro nome do país fosse como representante nos Jogos.
Mas ela ganhou autorização dos médicos. Ela conseguiu a classificação apenas dois dias depois de saber da gravidez, em janeiro deste ano. "Eu disse, 'eu tenho a qualificação, por isso é minha [a vaga]´", esbravejou.
“Para mim nada é impossível. Mais quatro anos de espera, talvez eu não tivesse a oportunidade [de voltar a uma Olimpíada]”, continuou.
Para convencer a autoridade de seu país a deixa-la competir, além da aprovação de um médico, mostrou que seu desempenho estava melhorando com o passar dos meses.
Em uma competição em Londres, em abril, disparou 392 de 400 tiros possíveis. Em Milão, em maio, ela disparou 394, e em Munique no mesmo mês, ela fez 396 disparos.
"Talvez durante os Jogos Olímpicos eu aumente mais dois pontos", disse Nur Suryani.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, disse que o governo vai garantir que todas as necessidades médicas da atiradora serão atendidos durante os Jogos Olímpicos.
A atleta já se prepara para ser atenção de mídia nos Jogos de Londres e brinca com a situação. “Meu estômago é mais popular do que eu”. E ainda falou sobre o primeiro diálogo que terá com a filha. “Você tem muita sorte. Antes mesmo de nascer, já foi para uma Olimpíada”, finalizou.