Campeã do boxe leva à Olimpíada fama de 'matadora' na bola e rejeição a exibir as pernas

Do UOL*, em São Paulo

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    Campeã no ringue, irlandesa Katie Taylor defendeu seu país em competições oficiais no futebol

    Campeã no ringue, irlandesa Katie Taylor defendeu seu país em competições oficiais no futebol

Combinar talento em duas modalidades de naturezas diferentes é tão incomum que costuma impressionar quando acontece. É uma façanha para poucos homens e, por que não, para raras mulheres. A irlandesa Katie Taylor é uma delas. Ela deve ser uma das estrelas da estreia do boxe feminino na programação olímpica, levando aos ringues a curiosa bagagem de também ser uma artilheira nos campos de futebol, além de participar da campanha contra usar saias e expor as pernas durante os combates.

ESTA É KATIE TAYLOR

Nascimento:
2 de junho de 1986, em Bray (Irlanda)
Altura: 1,70 m
Campeã mundial:
2006, na Índia
2008, na China
2010, em Barbados
2012, na China

Ao longo de boa parte de sua carreira, Taylor conseguiu a façanha de conciliar a carreira nos ringues e nos gramados. Ao mesmo tempo em que se tornava campeã mundial por quatro vezes e vencia cinco edições do torneio europeu, a irlandesa defendeu a seleção de futebol de seu país em algumas competições.

Hoje, com 26 anos, a favorita da categoria até 60 kg na Olimpíada tem no currículo atuações pelas seleções sub-17 e sub-19 da Irlanda. Mais adiante, Taylor defendeu a equipe principal de seu país em jogos internacionais, nas eliminatórias para a Eurocopa feminina de futebol.

Como atacante, a pugilista mostrou seu lado artilheiro na vitória sobre a Hungria em 2008, com um gol marcado. No ano seguinte voltou a balançar as redes na derrota de 4 a 1 para a Itália. No entanto, nesta mesma partida, foi expulsa após uma jogada violenta, num breve excesso de força, mais comum em sua outra atividade esportiva.

Mas a vida dupla dentro do esporte acabou nos últimos anos, quando Taylor decidiu se ausentar do futebol em nome do foco exclusivo no boxe. Assim, conseguiu enfim desfrutar do auge técnico e, de quebra, passar a ser tratada pela imprensa irlandesa como a "atleta mais talentosa do país na atualidade".

A brasileira Adriana Araújo está classificada para a disputa olímpica da categoria até 60 kg e pode ser adversária de Katie Taylor em Londres. O técnico da pugilista baiana na seleção reconhece o favoritismo da ex-atacante de futebol, mas revela confiança na preparação de sua pupila.

CONHEÇA OUTRAS FIGURAS OLÍMPICAS

"Tivemos a oportunidade de vê-la no Mundial da China. É uma grande atleta, tem seus méritos, quatro vezes campeã mundial, um currículo muito grande. É a grande favorita para a medalha de ouro em Londres. Mas estamos treinando forte, e a Adriana pode surpreender, assim como as atletas da Rússia", disse o técnico Cláudio Aires ao UOL Esporte.

RELIGIOSIDADE FERVOROSA E REJEIÇÃO CONTRA SAIAS NO RINGUE

A morena irlandesa Katie Taylor começou a treinar boxe precocemente, ainda aos 12 anos de idade, orientada pelo seu pai Peter, um ex-pugilista amador.

Toda a beleza que Katie apresenta em sessões de fotos pode momentaneamente disfarçar a intensidade de uma pugilista obstinada por conquistas, mesmo que isso signifique sacrifícios estéticos. Tanto que Katie Taylor já teve que encarar duas cirurgias para reparos no nariz após fraturas.

Sobre a introdução das saias nos combates do boxe feminino, Taylor se posicionou no corner contrário, do lado de quem entendeu que a medida da Associação Internacional [opcional para as competidoras em Londres] se tratou de uma apelação por atenção de público e mídia.

"Não vou usar uma minissaia. Eu não uso minissaia quando saio à noite, então definitivamente não usarei uma em cima do ringue", declarou Taylor à BBC durante o debate sobre a introdução da vestimenta no boxe, em janeiro passado. "Não há necessidade de sexualizar o boxe", acrescentou na época.

Por trás desta convicção, a grande estrela da delegação irlandesa nos Jogos de Londres traz uma sólida orientação religiosa.  A pugilista é uma cristã fervorosa e tem a bíblia como leitura obrigatória em suas viagens pelo mundo.

"Obviamente eu adoraria ficar para a história como uma das melhores pugilistas de todos os tempos. Mas eu gostaria mais de ser lembrada como uma boa pessoa e pela minha fé em Deus. Não quero ser definida pelas minhas medalhas, mas por como levo a minha vida", afirmou a atleta ao Independent, jornal da Irlanda.

*com reportagem de Bruno Freitas

 

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