Saltador sem audição é esperança americana e diz ter vantagem contra "rivais que ouvem"

Do UOL, em São Paulo

  • Arte UOL

    Chris Colwill é um dos destaques na prova do trampolim de 3 metros a despeito da limitação auditiva

    Chris Colwill é um dos destaques na prova do trampolim de 3 metros a despeito da limitação auditiva

Quando Chris Colwill se posiciona na entrada do trampolim de 3 metros para executar seu salto, ele não escuta nada vindo do público, nenhum barulho. O norte-americano que estará na Olimpíada de Londres não ouve sequer o anúncio da arbitragem de que está na sua hora de cair na água. No entanto, não se trata de uma performance extraordinária de absoluta concentração, mas sim de um raro caso de atleta com deficiência auditiva que compete em alto nível [e enxerga vantagem nisso].

FICHA TÉCNICA

Nome: Chris Colwill
Nascimento: 11.09..1984, em Brandon, Florida
Residência: Athens, Georgia
Altura: 1,78 m

Colwill nasceu com apenas 40% de audição nos dois ouvidos e precisa andar com um aparelho especial que o auxilia a escutar o mundo a sua volta (com o recurso eletrônico, alcança de 85% a 90% de audição).

Fora das piscinas o atleta consegue ouvir normalmente uma conversa telefônica e não fica perdido quando sai com os amigos à noite. Entretanto, o norte-americano não pode levar a ajuda do pequeno aparelho para as águas.

Assim, precisou desenvolver um modus operandi particular para sobreviver dentro do esporte de alto rendimento, identificando o momento certo de se posicionar no trampolim e saltar.

"Ele sabe quando o árbitro anuncia o seu salto, mas não pode ouvir o seu nome, não pode ouvir seu salto sendo anunciado", afirma Dan Laak, técnico de Colwill.

CONHEÇA OUTRAS FIGURAS OLÍMPICAS


Nestas situações, geralmente o atleta se orienta pelas indicações do placar eletrônico que acompanham as provas de saltos ornamentais, com a aparição de seu número de competição. Mas, na última seletiva norte-americana em Seattle, Colwill se deparou com um obstáculo inesperado e precisou improvisar para competir. 

Colwill teve sua visão do placar encoberta pelas câmeras de televisão. Desta forma, fixou seu olhar em um dos árbitros, que entendeu o dilema momentâneo do atleta e acenou com a cabeça para indicar que o salto estava liberado.

Apesar da limitação, o saltador dos Estados Unidos diz que tenta ver a dificuldade por um ângulo positivo. Colwill afirma que a falta de audição pode servir como uma vantagem em determinados momentos.

"Posso chegar a um ponto de me desligar do público, evitar as distrações. Sei como me concentrar. Sou bom em bloquear o barulho de fora. Definitivamente isso mais me ajuda do que dói", comenta o saltador.

O bom humor a respeito da limitação é a marca de Colwill em competições. Durante a recente classificação na seletiva olímpica norte-americana em Seattle, o atleta comemorou com um depoimento descontraído.

"Eu pude ouvir [o público]. Depois do meu último salto, eu disse às pessoas que a torcida estava tão barulhenta me apoiando que, quando estava submerso, os sons me empurraram para fora da água", brincou sobre o afago das tribunas que na verdade não chegaram a seus ouvidos.

Aos 28 anos, Colwill disputa em Londres a segunda Olimpíada de sua carreira. O norte-americano esteve em Pequim, de onde saiu com a 12ª colocação em sua prova (vencida pelo chinês Chong He). Quatro anos mais tarde, volta ao universo olímpico desta vez entre os favoritos no trampolim de 3 metros.

"Estamos muito felizes só de estar lá, mas estamos indo para trazer alguma coisa séria", declara Dan Laak, o treinador de Colwill. 

UOL Cursos Online

Todos os cursos