Despedida olímpica faz Joanna Maranhão cogitar vaquinha e casamento menor

Guilherme Costa

Do UOL, em Palhoça (SC)

  • Danilo Verpa/Folhapress

    Joanna Maranhão, 28, fez indice olímpico nos 400m medley e pode ir aos Jogos pela quarta vez

    Joanna Maranhão, 28, fez indice olímpico nos 400m medley e pode ir aos Jogos pela quarta vez

Como alguém que vive lutando contra índices e marcas, a nadadora Joanna Maranhão desenvolveu uma relação curiosa com o tempo: "Me sinto mais disposta, mais rápida e mais forte atualmente. É como se eu não tivesse 28 anos". Paradoxalmente, porém, entendeu que o relógio é inexorável: "Estou até um pouco desesperada porque está passando rápido demais. Tenho muita coisa para fazer ainda". Na última quinta-feira (17), em Palhoça (SC), a atleta do Pinheiros fez os 400m medley em 4min40s78 e ficou bem abaixo do índice da prova para as Olimpíadas de 2016 (4min43s46). Com isso, aproximou-se da meta de estar nos Jogos pela quarta e última vez, algo inédito para uma mulher da natação brasileira. E isso pode custar sacrifícios como vaquinhas e um casamento menor.

Joanna quer disputar pelo menos quatro competições internacionais no primeiro semestre de 2016, mas ainda não sabe como fará para custear essas viagens: "É meu último ano, e eu vou fazer vaquinha ou falar para o [judoca] Luciano [Corrêa, noivo da nadadora] para a gente botar o casamento para 50 pessoas, só".

"Preciso competir fora. Nem que eu pegue Bolsa Atleta e invista, mas eu preciso competir fora. Ganhar aqui é muito bom, muito bacana, mas em nível mundial a história é bem diferente. Em Kazan [sede do Mundial de esportes aquáticos em 2015] eu estava brigando por um 16º. Então eu preciso estar disputando com essas meninas. Elas competem entre si a temporada inteira, e eu fico praticamente um ano aqui", completou a nadadora.

A primeira viagem planejada por Joanna seria em janeiro, para um período de treinos em altitude. No entanto, a falta de tempo pode complicar a logística. "Vou até mandar e-mail porque já banquei algumas e conheço as pessoas dos centros. Vou tentar reservar, mas é difícil porque as pessoas fazem isso muito antes", explicou a brasileira.

O cronograma apertado tem a ver com pragmatismo. Joanna não queria pensar em viagens antes de obter índice para os Jogos Olímpicos do próximo ano. O Brasil tem direito a inscrever dois atletas por prova individual, mas ela dificilmente correrá algum risco nos 400m medley.

"Ganhar com 4min40s e a segunda fazer 4min55s é lindo, mas isso não é real! Eu preciso nadar 4min40s tomando pé na cara de quem nada para 4min33s. Hoje eu sou a 17ª do mundo. Então, preciso ganhar de nove meninas para fazer a final de novo", completou Joanna, quinto lugar dos 400m medley em Atenas-2004.

Para 2016, Joanna tentará obter índice nas duas provas de medley (200m e 400m) e nos 200m borboleta. Ela também disputou os 800m livre em Palhoça, mas ficou aquém do desempenho necessário para índice.

"As pessoas falam muito sobre essa questão de 'a mais versátil', 'a que aguenta mais', 'a que quebra a história'. Obrigado por isso, mas não é isso que me move. É realmente a felicidade que eu sinto quando estou todo dia lá, meu técnico fala que são cinco séries de 400m medley e eu consigo terminar. Ou quando eu tenho uma série muito difícil com paraquedas e consigo. Eu vou plantando sementinhas de felicidade, e quando eu chego atrás do bloco eu fico pensando coisas como 'que massa', 'estou fazendo isso de novo' ou 'que dor boa de sentir'. Realmente, a questão de fazer história é muito boa, mas não é o que me move", encerrou Joanna. Apenas Rogério Romero, com cinco participações, tem mais história na natação brasileira em Jogos Olímpicos.

 

Compromisso comercial faz Thiago Pereira ter programa enxuto em Palhoça

 

Thiago Pereira, 29, também pode disputar em 2016 a quarta edição de Jogos Olímpicos – ele igualaria a quantidade de Gustavo Borges. Em Palhoça, porém, o nadador terá apenas uma chance para isso: os 200m medley, prova em que ele obteve a medalha de prata no Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia) neste ano.

"Eu estou bastante animado, bastante motivado, e tenho treinado bastante. Este ano foi mais do que especial para mim. Finalizei com chave de ouro, conquistei o recorde de medalhas no Pan-Americano, fiz o que tinha de fazer no Mundial e conquistei aquela medalha, que foi minha melhor colocação num Mundial de piscina de 50m", disse Thiago.

O brasileiro costuma ter um dos programas mais cheios da natação masculina em torneios no país. Na primeira seletiva olímpica de 2016, porém, resolveu nadar apenas uma prova. A mudança tem a ver com agenda – Thiago esteve nos Estados Unidos nesta semana para compromissos com patrocinadores e chegou a Palhoça às 18h de quarta-feira (16).

"Estou com o fuso de seis horas de Los Angeles. Cheguei de uma viagem internacional em cima, quando a competição já tinha começado, e o pessoal lá não acreditava quando eu falava que minha seletiva era nesta semana. Mas não teve jeito, e o compromisso estava marcado desde janeiro", explicou o atleta.

Por causa disso, Thiago já sabe que terá de nadar para índice o Troféu Maria Lenk, segunda e última seletiva da natação brasileira, que será realizado em abril de 2016. O brasileiro vai tentar tempo nos 400m medley, pelo menos.

Receba notícias de Olimpíadas pelo Whatsapp

Quer receber notícias olímpicas no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 (11) 96572-1480 (não esqueça do "+55"); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: rio2016

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos