Nadador de 18 anos faz índice olímpico e recorde mundial, e técnico chora
Brandonn Almeida, 18, não chorou depois de ter conseguido índice para as Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro. Ao contrário: o nadador do Corinthians estava sereno quando deixou a piscina de Palhoça (SC), nesta quinta-feira (17), após ter nadado os 400m medley em 4min14s07 (ele precisava de 4min16s71 para ter vaga nos Jogos). Talvez por isso o contraste tenha sido tão grande. Na arquibancada, o técnico Carlos Matheus, conhecido como Carlão, chorava.
“Não é só o índice olímpico: é por ele ter vindo da forma que veio e com quem veio”, disse Carlão depois de um longo abraço no pupilo. “Ele sempre teve na cabeça que estaria na Olimpíada. É o que muitos falam, mas que poucos fazem por merecer. Há três anos, a gente falava em 2016 como uma coisa muito distante e pensava até em 2020. Era muito precoce para um garoto que hoje tem 18 anos pensar assim, mas hoje ele virou uma realidade”, completou.
“Ele é meio emotivo, mesmo. Mas acho que é porque ele sabe quanto eu treinei e sonhei com isso. Antes da prova ele falou que eu já havia treinado tudo e que só precisava fazer o que foi trabalhado”, relatou Brandonn, que treina com Carlão há dois anos.
O tempo registrado nesta quinta-feira deu a Brandonn o recorde mundial júnior dos 400m medley. Ele havia feito a prova em 4min14s47 quando conquistou medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, o que já era o melhor tempo do planeta. No entanto, a marca não havia sido homologada porque a competição não era válida para isso.
“Essa prova é muito difícil. O atleta oscila muito e precisa de treino, tranquilidade e sabedoria para agir no momento certo. Ele está aprendendo a nadar essa prova em nível mundial, ficando mais frio e mais tranquilo. Pode ter certeza que isso é só uma prévia do ano que vem”, avisou Carlão.
Brandonn nadou apenas os 400m medley no Open de Palhoça. O nadador também é especialista nos 1.500m livre, prova em que foi campeão mundial júnior e medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, mas preteriu a disputa na seletiva olímpica.
"Achei que ia me desgastar um pouco para a minha principal prova, que vai ser amanhã. Se tivesse um dia de intervalo eu nadaria, mas as duas ficaram muito próximas", disse Brandonn.
Guilherme Guido derruba recorde sul-americano dos 100m costas
Além de Brandonn, o destaque da tarde em Palhoça foi Guilherme Guido, 28, que derrubou o recorde sul-americano dos 100m costas. Ele completou a prova em 53s09, bem abaixo do índice olímpico (54s36, que o nadador já havia atingido na sessão da manhã).
O recorde sul-americano anterior era do próprio Guido, que havia feito a prova em 53s12 nos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015. “Quero nadar para 52s, um tempo que fecha final olímpica e que pode fechar o pódio também. É aproveitar a boa fase e tentar levar isso até 2016”, projetou o atleta.
Manuella Lyrio e Joanna Maranhão também confirmam índice, e Etiene fica no quase
No feminino, Manuella Lyrio conseguiu índice para os 200m livre dos Jogos Olímpicos. Ela nadou a prova em 1min58s43 (a marca necessária era 1min58s96). “Eu estou muito feliz por ter conseguido fazer o tempo, mas não estou confortável. É bom, mas é preciso treinar bastante ainda”, disse a atleta.
Joanna Maranhão também confirmou o índice dos 400m medley, que ela havia feito de manhã. Em contrapartida, Etiene Medeiros não conseguiu nadar os 100m costas abaixo de 1min00s25 – ela completou o percurso em 1min00s48).
“Eu acho que posso fazer um pouco melhor, descansar um pouco melhor e focar um pouco mais na prova. Paciência. Eu nado uma prova que é muito de velocidade. Se eu errar qualquer detalhe, acontece o que aconteceu”, lamentou Etiene.