Dinheiro do basquete era usado por mulher do presidente em Paris e Cancún
As faturas da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) revelam uma vida de mordomias e alguns luxos do presidente Carlos Nunes e família. Cobertos em sua maior parte com verbas de origem pública, estão débitos de passagens para incontáveis viagens da mulher do dirigente, Clarice Mancuso Garbi. E no cartão de crédito corporativo da presidência estão mesas fartas, restaurantes de chefes badalados mundo afora com refeições regadas por bons vinhos e até compras de roupas em butiques europeias. Uma festa que começou no início do mandato em maio de 2009 e foi parar nos tribunais, onde o patrocinador (Eletrobras) cobra R$ 4 milhões pelas irregularidades cometidas na gestão do dinheiro. Deste total, R$ 2.308.235,25 (dois milhões, trezentos e oito mil, duzentos e trinta e cinco reais e vinte e cinco centavos) são de despesas recusadas na prestação de contas. Total de 63 notas glosadas por "gastos sem previsão contratual", como "passagens aéreas sem comprovação de viajantes autorizados".
Um breve exame por amostragem nos milhares de documentos de prestação de contas da CBB para a Eletrobras, obtida pela reportagem através da Lei de Acesso à Informação, é suficiente para constatar a farra do cartola do basquete brasileiro, apesar da entidade que preside estar endividada e a modalidade quase ter ficado fora das Olimpíadas por conta de inadimplência com a Federação Internacional de Basquete (Fiba). O estatuto da entidade prevê punição para mandatários com eventuais benefícios pessoais.
Lúcio de Castro
Lúcio de Castro é carioca. Formado em jornalismo e em história pela UFRJ. Conquistou algumas das mais importantes premiações nacionais e internacionais, entre eles o "Prêmio Gabriel Garcia Marquez". Autor de diversas reportagens com grande repercussão e impacto e de documentários que percorreram o mundo como "Memórias do Chumbo - O Futebol nos Tempos do Condor".